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Jóia preciosa, RUBI!!
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PEDRO GUIDA
INTÉRPRETE DE TIMBRE RARO, RUBI SE APRESENTA EM CURITIBA COM O ESPETÁCULO “PAISAGEM HUMANA” EM QUE ALIA CANÇÕES E TEXTOS: “SHOW PARA MIM É UM TRABALHO ESPIRITUAL; SUBIR NO PALCO É UM RITUAL”

Falam maravilhas dele em cena. Acredito! Não por ter conferido algumas performances no YouTube, mas porque ele vem de um universo sagrado onde tudo é feito e refeito em corpos e vozes: o teatro. É um intérprete, portanto.

Quero ingressar na ambiência de Rubi, que se apresenta de quinta (dia 15de janeiro 2008; melhor datar, né?) até domingo (dia 18), no Teatro da Caixa, Curitiba. Vem ele mais Estevan Sinkovitz (violão, bandolim e guitarra), Luciano Barros (violão sete cordas e baixo) e Luiz Gayotto (percussão) com o espetáculo “Paisagem humana”.

A voz de Rubi, o jeito de Rubi. Tenor de timbragem rara – por vezes espessa, ora macia como paina ou com incisivo talho, mas no todo incircunscrita – em conjugação com o fogo sagrado das imposições corporais. Ouvir a voz desse homem é aceitar a evolução dos próprios sentidos, renegar a uniformidade.

Quem se pôs na horizontal diante dos três discos de Rubi – o primeiro de 1998, “Infinito portátil” (2006) e “Paisagem humana” (2007) – sabe do que falo. Sonoridades mínimas, canções de volume único. “Quero beleza pra o mundo, quero amor pra o mundo. Nada menos que isso”, diz o cantor e bacharel em Artes Cênicas brasiliense radicado em São Paulo desde 1992.

Tem 46 anos. Nome de batismo inconfessável. Mistério de quem ruma ao caminho das lendas. Chama-se Rubi apenas. “Ganhei esse nome de um poeta de Brasília que eu admiro muitíssimo, chamado Zé Mario, que eu adoro. Foi com ele que despertei essa coisa pra música. Foi uma brincadeira, um arroubo de poeta… Falei que queria um nome artístico e ele sugeriu Rubi”, conta. “Ficou tão forte para mim que já nem penso tanto na história, penso mais no que isso se tornou em minha vida”, complementa.

Tornou-se um artista de gema rara, que agradece todos os dias por poder viver de arte. Um fazedor de platéias fidelíssimas, que acorrem para onde ele for – sem contar a força cibernética, uma forte comunidade no Orkut difusora de suas andanças e feitos. É incrível o magnetismo desse homem no campo sensorial alheio. Incrível!

“Paisagem humana”, os quatro espetáculos em Curitiba, calca-se no álbum homônimo, mas poderá abrir-se a repertório de sua – ainda – breve discografia onde compositores de geração do agora cruzam-se com Adelino Moreira e Nelson Gonçalves (“Fica comigo essa noite”) e Milton Nascimento e Fernando Brant (Pra eu parar de me doer), para citar alguns prováveis. Gero Camilo, Tata Fernandes, Kleber Albuquerque, Ceumar e outros dão o alicerce às intenções de Rubi. Haverá textos por ele declamados. Show de teatro dirigido por Marcelo Romagnoli.

A ligação com Romagnoli é muito estreita. Por obra do autor e diretor, Rubi está concorrendo como Melhor Ator no 16º Prêmio Femsa de Teatro Infantil e Jovem, no trabalho com o grupo Banda Mirim. O musical “Sapecado” concorre em seis categorias – incluindo a de Melhor Espetáculo Infantil – e faz um mergulho no universo caipira. É um trabalho ao bacana porque não trata a criança como infantilóide. “Tenho o maior orgulho de falar desse espetáculo”, diz Rubi.

Enquanto aguarda o resultado, o intérprete vai levando sua “Paisagem humana” onde é requisitado. Vai cumprindo seu “trabalho espiritual”, como classifica.”Sinto que meu cantar é um canal de comunicação mesmo”, diz.

Rubi canta para Deus.

A seguir trechos da entrevista que Rubi concedeu ao blog Sintonia Musical, que contou com a participação do jornalista Renato Forin Jr.

Não é a primeira vez que você vai a Curitiba, né? Já perdeu as contas?

Eu não perdi as contas não. Gostaria de ter perdido porque eu adoro Curitiba. Fui há uns dois anos, na Caixa (teatro) também, com o mesmo show só que não tinha lançado o CD ainda. O show passou por várias mudanças, tem uma cara mais definida, amadureceu. Sinto que o trabalho tem outra energia, outra vibração, tanto pela mudança no repertório – tem boas mudanças – como na forma de condução da música.

PEDRO GUIDA
COM FORTE PRESENÇA CÊNICA, O ARTISTA ESTABELECE VÍNCULOS FORTES COM O PÚBLICO: “ACHO QUE O MEU CANTAR, NO INSTANTE EM QUE ELE ACONTECE, É UM CANAL DE COMUNICAÇÃO MESMO”

Você foi para o palco como ator ou o ator o levou a aperfeiçoar-se como cantor, intérprete?

Olha que loucura isso! A música veio pelo teatro para mim. Meu grande interesse, meu grande fascínio na arte era o teatro. Vivia trabalhando como ator mesmo; era isso que eu desejava. No meio desse processo todo, a música foi chegando devagarzinho, foi tomando espaço e eu me vi completamente tomado e direcionado cada vez mais. Chegou um momento em que falei: “não, é a música! Eu não posso mais negar isso”.

Como o teatro contribui nos seus espetáculos? Você inclui textos? Você tem uma direção teatral? Como fica isso já que a música dominou?

Olha, eu acho que a música é mais a linguagem. Tanto que eu não me considero muito cantor, não. Eu me considero muito mais artista.

Intérprete?

Esse nome de intérprete ou de cantor me dá uma sensação… é muito grande. Eu acho que eu sou artista e o meu meio de comunicação é cantar.É óbvio que o meu trabalho está muito mais ligado à interpretação mesmo, mas ela passa mais pelo lado teatral. Por exemplo, a escolha do meu repertório, os arranjos, a forma como eu gosto de produzir meu trabalho, tudo está muito ligado ao teatro. Esse show está indo a Curitiba sem a estrutura inteira. A estrutura é um pouco menor.

Mas vem com textos? Você diz alguns textos, além das canções?

Digo. Só que no show, como ele é mesmo, quem diz é o Celso Sim e o Gero Camilo projetados. Uma projeção super bonita, a gente está tocando e eles falam o texto em cima da música. Não vai ter isso em Curitiba. Serei eu mesmo dizendo os textos.

O que é estar no palco?

Nossa… Olha, é um presente de Deus, um dom. Para mim é ser um instrumento de luz –não sei se é exatamente esse o termo. Eu me sinto um instrumento para comunicar e expandir amor – eu sinto isso. Eu acho que o meu cantar, no instante em que ele acontece, é um canal de comunicação mesmo.

No “Infinito portátil” você dedica o disco aos seus amigos compositores. Isso mostra a percepção sobre a importância de quem escreve. Você se aventura também na composição?

Eu tenho me aventurado um pouco mais porque estou em contato com um pessoal que é um poço de criatividade constante, jorra criatividade o tempo inteiro. Gero Camilo, Tata Fernandes, Ceumar e outras pessoas que estão tão próximas de mim… Tenho feito bastante música com eles.

Então a gente pode esperar, para os próximos trabalhos, composições de Rubi?

(risos) Eu acredito que sim. No show do Gero Camilo, a gente já toca música minha e dele.

Quando sai o próximo disco?

Olha, eu ainda quero trabalhar um pouco mais o “Paisagem humana”, mas já estou começando a vislumbrar a possibilidade de um trabalho novo para breve. Ainda não tenho a concepção muito clara, a estética, caminhos… Desejo logo, desejo que seja breve porque a vontade está grande.

Você rotula o que faz como pop?

Não, não rotulo. Depende da ótica que você está vendo é pop, depende da ótica é regional… A gente pode até dizer world music, que é mais absurdo ainda. Eu não tenho muito esses rótulos não. Estou sempre muito de prontidão para o que a intuição me comanda.

Você é contratenor?

Eu não sou, você acredita? Sou tenor mesmo. É engraçado, porque meu registro de voz é muito delicado, acho que é quase feminino em alguns instantes e isso chama muito para essa coisa do agudo – e não é tão agudo assim. Por exemplo, eu não consigo ir aos “lugares”, regiões aonde o Edson Cordeiro ou o (cantor) Fênix vão.

Mas você mantém essa voz bonita através de técnica ou a intuição também conta?

A minha intuição conta um monte, mas eu gosto de me cuidar um bocadinho sim, sabe? Fazer sempre aquecimento, não gosto muito de falar logo que acordo, gosto de ir aquecendo devagarzinho, gosto de ficar calado logo de manhã. Eu cuido da voz de uma maneira delicada, sem exageros. Tenho cuidados.

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BACHAREL EM ARTES CÊNICAS, RUBI RECEBEU O NOME ARTÍSTICO DE UM AMIGO POETA E TRANSFORMOU-SE NUM INTÉRPRETE DE GEMA RARA A CAMINHO DAS LENDAS

Você se considera um cantor popular ou ainda é menos do que você gostaria ser?

Se pensar na palavra popular em si, eu não sou ainda um cantor popular, não sou uma pessoa conhecida de muita gente.

Mas tocar na novela ajuda, né? (Rubi está na trilha sonora da novela “Revelação”, do SBT, com “Fica comigo essa noite” e “De onde vem a calma”).

(risos) Tocar na novela ajuda, mas eu ainda não sou um cantor popular, que as pessoas saibam quem sou. Sou popular em um lugar que ainda é um nicho. São poucas pessoas que conhecem, mas as que gostam falam bastante. São pessoas fiéis ao meu trabalho e isso faz toda a diferença. Ir a Curitiba, por exemplo: eu sei que já tem uma rede agindo. Aí o amigo comunica o fulano: “o Rubi vai para Curitiba”. Eu percebo que tem uma rede, por pequena seja ainda, que pulsa e me leva a um monte de lugares.

Quem o ensinou a ouvir música?

Olha só, quem me ensinou a ouvir música foram minha mãe e meu pai. Meu pai, porque comprou um radinho. E a gente ouvia rádio sempre, desde criança, desde muito pequeno. Era rádio AM e então eu ouvia as coisas mais populares possíveis que tocavam no rádio. Minha mãe sempre cantou muito. Minha mãe tem uma voz bonita, até hoje. Ela ouvia o radio e cantarolava o dia inteiro. Tenho essas referências: minha mãe cantando, a relação minha com meu pai ouvindo rádio juntos, à noite, os programas, as músicas caipiras. A música vem muito da relação com a minha família em um primeiro instante. Depois expandiu.

Quem é forte na música popular brasileira para você?

(risos) Nossa! Maria Bethânia e Ney Matogrosso são muito importantes. Eu os admiro muito por reconhecer neles uma forma de comunicação mesmo, um jeito de expressão genuína, verdadeira, muito transparente.

Quando canta, você reza para Deus?

O show para mim é um rito. Para mim o palco é um lugar quase que da oração mesmo. É um instante únicoi, então eu quero que seja o mais verdadeiro, o mais claro, o mais límpido. Eu posso dizer com todas as letras: isso para mim é um trabalho espiritual. Show para mim é um trabalho espiritual; subir no palco é um ritual.

Mais informações sobre Rubi no endereço: www.myspace.com/paisagemhumana

SERVIÇO

Show “Paisagem humana” , com Rubi. De quinta (dia 15) a domingo (dia 18), às 21 horas e 19 horas (domingo). No Teatro da Caixa, em Curitiba. Ingressos: R$ 20,00 e R$ 10,00

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