Constatação: pode-se não ouvi-la a toda santa hora, todo o santo dia, mas a afetividade estabelecida com o público é tão extensa quanto a sua voz. Vem de longa data essa relação, que se reafirma a cada vez que se reencontram. Ao vivo e em cores.
O fato: cantora, compositora e instrumentista Tetê Espíndola já deixou mensagens no escaninho da memória de muitos e tantos. Seja lá através – é válido – e tão somente de “Escrito nas Estrelas” (vencedora do Festival dos Festivais, promovido pela Rede Globo, em 1985), que a projetou definitivamente em território nacional.
Seguinte: Tetê não “ousaria” deixar de cantar seu maior sucesso no show que fará hoje (sábado,17),em Londrina, às 21 horas, no Teatro Marista. O espetáculo faz parte de um projeto cultural da Construtora Vectra. A platéia certamente dará retorno.
Mas ó, presta a atenção:entre sucessos ela deverá infiltrar canções de seu mais recente álbum “E VA POR AR”, desde setembro nas prateleiras. Novamente o meio ambiente dá a tônica. “A natureza sempre foi minha inspiração”, frisa.
O décimo quinto título de sua discografia sai da parceria entre a LuzAzul e Tratore. “Quero fazer um pré-lançamento com algumas músicas para dar um gostinho do meu momento atual. Como faz tempo desde a minha última passagem por Londrina, acho importante incluir repertório variado dos últimos CDs e também sucessos que o público sempre pede”, diz ela.
“E VA POR AR” foi gravado em 2004, ao vivo, em Campo Grande. Finalizado somente nesse ano. Nesse intervalo, Tetê tocou outros projetos. Tais como o CD “Zencinema” (2005), com composições de Arnaldo Black e parceiros. E uma expedição denominada “Água dos Matos” (2006) em que, juntamente com uma trupe de outros artistas, desceu os rios Cuiabá e Paraguai levando shows e oficinas educativas às comunidades ribeirinhas.
O lançamento oficial do álbum aconteceu há dois meses em Campo Grande. São Paulo está agendado para o começo de 2008. No exterior, prossegue emoutros trabalhos, entre eles com o compositor francês Philippe Kadosch. “Quero primeiro dar espaço para o CD “Babeleyes” que logo, logo deve sair na Europa, informa.
A seguir, os principais trechos da entrevista que Tetê Espíndola concedeu com exclusividade.
Você some, né? Ou seria a mídia que não te alcança?
Que nada. É só entrar no meu site e ver o quanto tenho trabalhado, viajando por todo o Brasil e para a Europa também. Esta expedição que fizemos pela Bacia do Prata , de Cuiabá a Corumbá, foi muito divulgada pela mídia, porque nada parecido havia sido feito assim, não só no Brasil . É uma iniciativa inédita e de grande porte, patrocinada pela Natura e com apoio da Eletrobrás. Por isso e pelo seu valor cultural chamou muita atenção.
Com perdão do trocadilho, os pássaros ainda estão todos na sua garganta?
Os pássaros na verdade estão por toda parte. Eles , como eu digo, são as sementes do som. O homem ancestral com certeza foi tocado por esses seres maravilhosos na noite dos tempos. E a música nasceu também pela inspiração que eles nos ofertaram. Em toda minha carreira procurei explorar todas as possibilidades da minha voz. Hermeto Paschoal há muito tempo me disse, que se eu tinha a capacidade do agudo, tinha também a do grave. No CD “Zencinema”, por exemplo, por insistência do Arnaldo e pelas músicas que ele preparou para mim, utilizei bastante meu tom médio e grave, usando os agudos como pequenos diamantes solitários.
Você se importa com as caricaturas e imitações que fazem de você?
Acho uma forma diferente e carinhosa de manifestarem que gostam de mim e do meu trabalho. Nunca levo para o lado negativo.
No exterior alguma vez você sentiu que seu canto e trabalho soaram “exóticos”?
Acho que há um exotismo natural, tanto na minha amplitude vocal, como na minha temática. Fui a primeira na MPB a explorar o sopraníssimo , antes circunscrito a musica erudita. Mas minha colocação de voz sempre surpreendeu, inclusive as cantoras e cantores de ópera, porque eu canto mais aberto, sem empostação. Recentemente fiz várias apresentações com a (soprano) Adélia Issa, onde aproximamos os universos do erudito e do popular. Gosto sempre de estar experimentando coisas novas como essa. Também por isso fui a primeira a trazer a natureza e a ecologia para a música brasileira. Mas a natureza onde eu fui criada, os horizontes do Centro-Oeste, a fauna e a flora do Pantanal.
Ano passado você e uma trupe de artistas participaram de um projeto que levou música e outras manifestações artísticas às comunidades ribeirinhas entre Cuiabá e Corumbá. Qual o retorno mais positivo dessa empreitada?
Passamos por diversas comunidades. Cidades grandes como Cuiabá e Corumbá, cidades pequenas como Barão de Melgaço, Poconé e Cáceres. E por povoados de uma casa só, onde o povo vinha nos ver e chegava de canoa, no meio do Pantanal. O melhor de tudo isto foi a troca de experiências. Levar alguma coisa para eles, mas trazer na bagagem os tesouros que eles guardam pra gente. Depois dividir toda esta nossa experiência com o público brasileiro. Preparamos um documentário da expedição que está sendo distribuído nas escolas e centros culturais. Vamos exibi-lo também no Canal Brasil em breve.
“Escrito nas Estrelas” é, digamos assim,sua “Conceição”. Ainda há tesão em cantá-la?
É uma música magnífica que entrou no imaginário brasileiro, como um clássico que vai ficar para sempre. É sempre um prazer cantá-la e ver o público cantá-la comigo.
* Show com Tetê Espíndola e banda. Sábado (dia 17), às 21 horas, no Teatro Marista de Londrina. Ingressos a R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00. Quem doar um quilo de alimento não perecível na compra do bilhete pagará meia-entrada. Mais informações: (43) 3341.4000
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