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O vídeo mostra as cores da formosura: dourado, vermelho e verde. A elegância, a quentura, a temperança. Misturam-se, prosperam-se, dá gosto ver e ouvir quem se reveste em cantos, atos, gestos, timbres e tessituras.

Falo de três moças feitas na vida artística, meninas ainda no querer bem. Eu a comê-las com os olhos e na extensão dos sentidos através do DVD. Um a uma. Duas. As três juntas também em CD.

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“Três meninas do Brasil”: a baiana Jussara Silveira, a maranhense Rita Ribeiro e a carioca Teresa Cristina. Projeto marcado pela mestiçagem musical recolhida nos quatro cantos e na memória afetiva das intérpretes.

Contaram com o “auxílio luxuoso” de Jean Wyllys, professor de literatura e moço bem informado musicalmente – deu para perceber durante a participação do baiano no Big Brother Brasil. A ele coube a direção artística e toques no cenário.

A direção musical e arranjos são de Jaime Alem. “Ele foi uma unanimidade pois deu a tônica, as nuances das canções. Jaime foi peça fundamental nessa história”, diz Rita Ribeiro.

Alem, só para frisar, é maestro de Maria Bethânia. Que abriu as portas da Quitanda, seu selo, para o registro do projeto em CD e DVD, com distribuição da Biscoito Fino. “Bethânia adorou e resolveu encampar nosso projeto. Ficamos agradecidas pela sensibilidade dela, que também é uma menina do Brasil”, avisa a cantora maranhense.

Pois muito bem, as meninas fazem maravilhas. Juntas, percebe-se a interação graciosa. Em uníssono, sintonizam-se muito bem: o grave elegante de Teresa, o timbre faiscante de Jussara (fico instigado todas as vezes que a ouço), a firmeza de Rita, inclusive nas harmonizações vocais.

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Nos solos, o estilo exato de cada uma: a baiana (nasceu mineira apenas) com delicados vibratos e às voltas com a MPB elegante; a maranhense com sua bagagem musical ilimitada e admirável que vai do popular ao tecno; a carioca com os “esses” sibilados e o jeito todo especial de cantar samba.

Em dupla há também a graça da mistura. De se embevecer: Rita e Teresa em “Na Cabecinha da Dora/Nega do cabelo duro”; Teresa e Jussara em “Lá vem a baiana” (com a segunda jogando seu “quebranto” deitada ao chão”); Jussara e Rita cantando e dançando a deliciosa “Maria, mariazinha”; Rita mais Teresa em “Divino”. E por aí vai. E pode ir que é bom! Se é!

Em junho, nas capitais – O encontro ganhou corpo e voz mais ou menos assim. Teresa queria compor com Rita, que achou melhor deixar para uma outra oportunidade. “Não tenho a composição como uma constante. Posso vir a ter, mas tudo na sua hora. Sou muito exigente e disse a Teresa para fazermos uma outra história”, conta maranhense.

Então, tá! Rita cantarolou à amiga “Meninas do Brasil”, uma das músicas mais bonitas do cancioneiro popular composta por Moraes Moreira e Fausto Nilo. Samba-choro com primorosa letra – está em “Bazar brasileiro”, álbum de 1980, de Moreira – e fala de três meninas com corações democratas.

Faltava uma menina para completar o trio. Teresa sugeriu Jussara. Teve aprovação imediata de Rita. Mãos à obra, cinco ensaios para os shows de estréia (apenas dois espetáculo), outros cinco para a gravação do DVD. Tudo entre novembro de 2007 e 24 de agosto, quando ocorreu o registro ao vivo no Teatro Municipal de Niterói. Quando se há afinidade…

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Em junho, as intérpretes começam a percorrer algumas capitais brasileiras; Curitiba deve constar no roteiro. A pausa tem uma explicação: Teresa está grávida de Lorena, que está vindo aí. “Seremos quatro meninas. Até junho, Teresa estará mais adaptada à situação”, brinca Rita.

Verdade e distinção – Pois bem, cada uma levou seu baú de felicitações e o repertório foi se afinando, ganhando as cores de Jaime Alem. O maestro, também aos violões, convocou instrumentistas de primeiríssima. Formação enxuta, mas eficiente: Israel Dantas (violões, guitarra, cavaquinho), Rômulo Gomes (baixo e vocal), Marcelo Costa (bateria e percussão), além de Claudinho Brito e Thiago da Serrinha (percussão).

O trio realiza uma viagem a obras conhecidas e a outras nem tanto. Clássicos e populares. Compositores renomados e outros resgatados. Lá estão, por exemplo, “Homem de saia” e “Deixa a gira a gira”, tributo enfático a, respectivamente, Trio Nordestino e Tincoãs (grupo vocal que, nos anos 70, mesclavam música brasileira e cantos afros, em especial o candomblé).

Uma a uma. A flexibilidade de Rita vai de Sérgio Sampaio (“Maiúsculo”) a Márcio Greyck (“Impossível aceditar que perdi você”, relida por ela no primeiro disco, 1997).

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Jussara Silveira firmou-se mesmo em Caetano Veloso (“Dama do Cassino”) e Chico Buarque (“Ludo real”, em parceria com Vinicius Cantuária), canções apropriadas por ela na condição de diva cool da Bahia.

Teresa arranca muitos aplausos na autoral “Cantar” e alça vôo inusitado em “Nu com a minha música” (Caetano Veloso) – a sambista oscila um pouco inicialmente, mas alça bom vôo e ganha a dimensão necessária.

“Três Meninas do Brasil” é forte. Três forças tamanhas. Nada escapa ao crivo de quem vê e/ou ouve. Há verdade e distinção. Talvez o vídeo tenha apelo maior por causa das performances e quantidade de músicas – 22, sete a mais que o CD. “Fica evidente o tesão da gente em ter feito esse trabalho”, sintetiza Rita Ribeiro.

Tesão. Taí o que melhor define a atuação das meninas. As três. Indistintamente!!

Mais informações sobre Três Meninas do Brasil podem ser acessadas no www.myspace.com/tresmeninasdobrasil

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(*) Canções que não constam no CD