Gil surpreende toda vez que recorre ao violão. Lado A ou B, o compositor e intérprete mantém-se indissipável. Mestre plural, Gilberto Gil vasculhou novamente o próprio relicário para a produção do sétimo DVD, a ser lançado oficialmente no dia 23 de novembro no Brasil e exterior. Deu-lhe o nome de “BandaDois” e sai pela Gegê Produções com distribuição da Warner Music.
O título é uma espécie de trocadilho com “Um banda um” (1982) e “Banda larga cordel” (2008), em que Gil entregou-se, respectivamente, ao pop e ao eletrônico. No entanto, o novo registro audiovisual, formatado para voz e violão, encontra ressonância em “Gil luminoso” (2006) e “Gilberto Gil em concerto” (1987).
Tem tudo para agradar gregos e baianos já que a Warner Internacional, como consta no material de divulgação, realizou uma pesquisa em suas filiais e constatou a necessidade de suprir a demanda por um projeto em que Gil se bastasse com a voz – onomatopaica muitas vezes – e o instrumento que domina como poucos.
“BandaDois” foi registrado nos dias 28 e 29 de setembro no Teatro do Bradesco, em São Paulo. A direção é de Andrucha Waddington, através da Conspiração Filmes. Plateia animada diante da presença do ex-ministro da Cultura, agora novamente expresso na figura de cantor e compositor –não se deve fugir à vocação natural, certo?
No centro do palco, Gil e o filho Bem no segundo violão com breves recorrências à guitarra. Outro filho do autor, José Gil, empunha o baixo aqui e ali. O deleite do espetáculo fica por conta da participação de Maria Rita, que não se fez de rogada- enfim! – e aceitou interpretar um clássico eternizado na voz da mãe: “Até o fim”, composta em 1966. Havia de ser Gil a convencê-la. Quem mais?
O repertório de “BandaDois” contempla três músicas inéditas: “Das duas, uma” (feita para o casamento de sua filha, Maria), “Quatro coisas” e “Pronto pra preto” (apresentada no Back2Black Festival). No mais, Gil refez arranjos e deu outra emissão a clássicos próprios como “Flora”, “A linha e o linho”, “Metáfora”, “Refavela” e “Refazenda”.
Passeia no próprio no tempo e relê “Babá Alapalá” e “O rouxinol” (parceria com Jorge Mautner, de 1974, com citação da versão em inglês). Para animar a festa, joga pra torcida “Expresso 2222”, “Super-Homem – a canção” e “Andar com fé”. Caymmi, o Buda nagô, é evocado em “Saudade da Bahia” enquanto Jackson do Pandeiro é reverenciado em “Chiclete com banana”, composição de Almira Castilho e Gordurinha popularizada pelo alagoano considerado “rei do ritmo”.
Quais canções irão entrar na edição final do DVD? Então, né? Seja como for, “BandaDois” vem com eficiência de um certo Gilberto construtor de “Máquina de Ritmo”. Não só nome da canção a ser incluída no DVD. A constatação!
Em tempo: no dia 14 de novembro, a MTV irá exibir um compacto do show. Veremos.
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Algo a dizer sobre Gil? Espaço aberto
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