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Dona Vilma arranca a vida com as mãos. Cotidianamente. Incansavelmente. E ainda encontra tempo para a militância de causas nobres. Ela coordena, há 15 anos, o projeto Pro-Ranti (em yorubá significa “aqueles que todos devem lembrar”) ramificado em 18 subprojetos culturais e sociais através de oficinas itinerantes: percussão, afoxé, dança afro, teatro, costura, fabricação de sabão, pães e pizza, culinária e cantos afros. “Quase nunca temos dinheiro e vamos tocando do jeito que dá”, explica resignada.

O público alvo são os afro-descendentes. As parcerias são firmadas, quando em vez, com o Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura), empresas, fundação Palmares, UEL e “do próprio bolso”. Para facilitar a captação de recursos foi fundada a Ong Associação Afro Brasileira (Abra). Ela sempre aceita convites para participar de eventos de samba de roda, cultura afro. Sem a presença de Yá Mukumby as festas não giram bem…

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Por conta do ativismo, há dois anos ela foi convidada especial da II Conferência Internacional dos Intelectuais da África e da Diáspora (CIAD), realizada em Salvador pelo Ministério da Cultura e Fundação Palmares. Ao lado do então ministro Gilberto Gil e autoridades mundiais, dona Vilma somou. Falou, sentou-se à mesa de grandes, escreveu artigo, deixou suas impressões.

Durante o evento, travou contato com o cantor, compositor e pesquisador Roberto Mendes que a convidou para cantar sambas de roda. Cantou. Em sua página no Orkut, ilustrou um pouco o que aconteceu. Assim resume-se: “Negra, pobre, macumbeira e a favor das cotas”. Brinca: “Só faltou escrever que sou de esquerda. Acho que nem precisou né, fio?”, diz entre gostosa gargalhada.

Brava senhora que não se rende curva às tentações e vaidades. Dona Vilma é de todos os santos, mas é a guardiã de Londrina. Olorum se mexe.