Boni é considerados por muitos o papa da televisão no Brasil. Não é à toa. Ele foi um dos pioneiros em criar um padrão de qualidade para a TV. Na Globo, foi o vice-presidente de operações da emissora por 31 anos. Saiu de lá em 1997. Desde então, tem se dedicado à emissora no interior de São Paulo, a TV Vanguarda, e também aos livros. Escreveu com sucesso “O livro do Boni” (Casa da Palavra, R$ 49), uma aula de fazer TV. No ano passado lançou “Unidos do outro mundo” (Estação Brasil, R$ 30), em que encontra ex-personagens que fizeram história na Globo como Janete Clair e Dias Gomes.
Perseguidor de uma qualidade extrema nos anos em que dirigiu a Globo, Boni se mantém crítico à qualidade apresentada nos dias de hoje. Recentemente ele declarou que as mudanças no “Jornal Nacional” não são benéficas. “Levantar, botar apelido, chamar de Maju, não tem sentido”.
Em uma entrevista na quinta-feira (4) à Rádio FM O Dia, o ex-todo poderoso não poupou críticas nem aos programas dirigidos pelo filho Boninho. Classificou o “É de Casa” como “muito ruim” e disse ainda que o “Big Brother Brasil” sofre de “editite” (edição demasiadamente rápida).
Novelas violentas
Com relação às novelas exibidas pela Globo, Boni já tinha declarado – e comentando no livro “Unidos do outro mundo” – que há um excesso de violência no ar, além da repetição de cenário. Na entrevista de ontem reafirmou o tom crítico: “Ninguém suporta mais violência, mesmo. A televisão faz mal feito, mostra uma violência irreal – com facções, coisa do tipo. Não é que não possa ter violência, mas tem que ser dosado. É necessário? Ok. Mas não pode fazer uma novela sobre violência, fica insuportável. Ainda mais duas novelas seguidas”, criticou.
“Os Dez Mandamentos”
Por outro lado, Boni, que passou por uma crise parecida em 1990 quando a Manchete exibiu “Pantanal”, elogiou “Os Dez Mandamentos”, exibida pela Record. “Era uma história fantástica, com uma produção muito boa. A emissora reuniu qualidades que torna a audiência segura e conseguiram números incríveis. O produto era bom, embora eu achasse ridículo o cara de sainha falando carioquês”.
Xuxa na Record
Para o ex-todo poderoso, que levou Xuxa para a Globo em 1986, ela não deveria ter deixado a emissora e se transferido para a Record. “A Globo deveria ter ficado com a Xuxa, mas por conta do que ela representou na história da TV Globo. Ela podia ter sido colocada em outros programas, pra fazer especiais. Era muito ruim pra Xuxa ir pra Record. Ela não tem a estrutura que a Globo tem, o que a gente chama de lastro”. Ele ainda disse que um programa, na pior das hipóteses, dá 7 pontos de audiência na Globo, enquanto na Record pode chegar a 0. O Sintonizando mostrou que Xuxa vai mal no ibope, tanto em Curitiba, quanto em São Paulo.
Politicamente correto
Outro ponto tocado com lucidez e experiência por Boni foi o reinado do politicamente correto na TV. “O politicamente correto é o substituto da censura. Tem que ter responsabilidade, mas não ficar escravo do politicamente correto. Ele atrapalha a TV sim, e atrapalha a criatividade. É pior do que autocensura porque é subjetivo”, disse. Ele ainda acredita que o folhetim não irá se esgotar.
Tudo igual
Boni ainda declarou que todos os programas da casa são iguais. “Não tenho nada contra o Luciano Huck, que é meu amigo, aFátima Bernardes, Faustão, o Jô, o Vídeo Show… o que me incomoda é que os programas são iguais. É o formato rádio, com plateia, um apresentador e uma câmera na frente, só”, criticou.
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