O ano começava bem promissor na Globo. Era a volta de Gilberto Braga ao horário nobre e “Babilônia” comemoraria os 50 anos da emissora. Comemoraria. Porque a história protagonizada por Adriana Esteves e Gloria Pires virou um verdadeiro desastre. Orientado pela Globo, Gilberto modificou a história original – o que acabou por descaracterizá-la – e perdeu telespectadores. Sem história consistente, Adriana Esteves, Gloria Pires e Camila Pitanga tiveram os piores papéis de 2015 na TV.
O excesso das favelas na ficção também foi um fator que serviu para afugentar o telespectador. Saiu “Babilônia” e entrou “A Regra do Jogo” também mostrando o cotidiano de um morro do Rio de Janeiro. Sem paciência para ver mais do mesmo e o excesso de realismo das tramas globais, o público migrou para o SBT e a Record.
Acertos
A emissora de Silvio Santos acertou ao focar no público infantil e estreou “Cúmplices de um Resgate” com a paranaense Larissa Manoela como protagonista. O enredo reúne toda a família em frente à TV, encanta os pequenos e é um sucesso também na web.
Na Record, o maior acerto foi fixar “Os Dez Mandamentos” às 20h30 para enfrentar o SBT, que é vice-líder. Não faz muito tempo a emissora era conhecida por começar exibido uma novela em determinada faixa e ir alternando, conforme o gosto da audiência. Embora tenha tido alguns problemas de produção, a obra conquistou os telespectadores e já está disponível na Netflix.
Apesar dos erros da Globo no horário nobre, vale destacar “Sete Vidas”, de Lícia Manzo, exibida às 18h. Com menos de 150 capítulos, a trama era rica em diálogos bem escritos, personagens bem delineados e história com boa sustentação. A emissora deveria disponibilizá-la em DVD ou em um serviço de vídeo on-demand.
Às 23h, Walcyr Carrasco fez uma ótima dupla com Mauro Mendonça Filho e apresentou “Verdades Secretas”, que conquistou a audiência pela trama adulta e as cenas mais ousadas permitidas pelo horário.
Reação?
Com a reprise de “O Rei do Gado” à tarde e a repercussão de “Os Dez Mandamentos”, o telespectador mandou um recado às emissoras: está faltando sonho, melodrama, e o puro folhetim. Janete Clair dizia que não é preciso ser realista, mas sim verossímil. A Globo parece ter entendido isso ao escalar “Velho Chico”, de Benedito Ruy Barbosa para a faixa nobre no ano que vem. Será uma “volta às origens”, com personagens bem conhecidos do público e uma saga familiar que conquistou os brasileiros em “Pantanal” (1990), “Renascer” (1993) e “O Rei do Gado” (1996).
Concordo com Boni, o ex-todo poderoso da Globo, quando ele diz que o gênero da novela não deve morrer nos próximos anos, mas precisa, sim, reinventar-se. Produzimos com qualidade, mas histórias com boas doses de fantasias andam em falta. A realidade do telejornal, exibida pouco antes, já é demais para o cotidiano. Como disse Gloria Perez: é preciso sonhar.
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