Depois de Janete Clair, Silvio de Abreu e Cassiano Gabus Mendes, é a vez de Ivani Ribeiro, outra maga dos sonhos ganhar uma biografia. Escrita pela jornalista Caroline Ras Rodrigues, a obra chegará às livrarias em 2016, e contará a vida e obra de Ivani, responsável por sucessos como “Mulheres de Areia”, “A Viagem”, “A Gata Comeu”, só para citar alguns.
Ao Sintonizando, Carol contou com exclusividade que não conheceu Ivani pessoalmente e que atualmente está na fase final de pesquisa. “Nossas vidas se cruzaram de forma inusitada. Ela tinha poucas paixões. Seus livros eram uma delas. E justamente por meio deles comecei a reconstruir a sua história. A chegada de cerca de 400 livros pertencentes a Ivani às minhas mãos deram origem ao seu ‘renascimento’”, conta Carol.
Ruth e Raquel, de “Mulheres de Areia”, voltam ao Canal Viva em 2016
Para Elmo Francfort, coordenador do Centro de Memória Pró-TV / Museu da Televisão e autor da biografia de Cassiano Gabus Mendes, é um competente trabalho, que ele está curioso para ver o resultado final. E os dois têm se falado muito durante o processo. “Até brinco com ela que Cassiano e Ivani tinham bom relacionamento, que agora os biógrafos também! Estou ajudando no que posso, porque acredito no trabalho da autora. Ivani, por exemplo, foi muito importante no início de carreira de Cassiano, grande parceira, sendo que foi antes mesmo, uma das grandes pupilas de seu pai, Octávio Gabus Mendes, também biografado por mim em “Gabus Mendes: Grandes Mestres do Rádio e Televisão”, explica Francfort.
No início, a jornalista pretendia escrever uma reportagem sobre a autora, mas em uma rápida pesquisa notou uma lacuna nas biografias de autores de novelas: Ivani, apesar dos enormes sucessos populares, ainda não ganhou nenhuma obra dedicada a sua trajetória. Após definir o trabalho, ela se encontrou com Solange Castro Neves, que colaborou com Ivani em obras como “Mulheres de Areia” e “A Viagem” e desenvolveu a última novela criada por Ivani, “Quem é Você”.
Discreta, Ivani sempre foi avessa às aparições públicas. Na Globo, chegou a ser barrada na portaria, porque nunca aparecia por lá e achavam que Ivani era nome de homem. Sapeca, ela atendia o telefone e dizia que “Dona Ivani não estava”, para não responder aos jornalistas e curiosos que ligavam atrás dela. Por conta disso, recebeu o alcunha, injusta, segundo Carol, de ser esquiva à imprensa. “Mas, na verdade, ela era tímida mesmo, além de viver com uma rotina totalmente organizada para o trabalho”, justifica.
Dificuldades
Carol conta que as informações são escassas sobre as novelas, principalmente as mais antigas, e menos ainda sobre a personalidade de Ivani. “A amiga e companheira de trabalho, Solange, foi quem me auxiliou com alguns conteúdos mais profundos sobre a autora. Os colegas de trabalho auxiliaram por meio de depoimentos na construção de uma parte de Ivani, enquanto os amigos e alguns manuscritos da autora descrevem-na no lado pessoal. Concluí que o livro vem em boa hora. Se agora está difícil conseguir informações sobre Ivani, imagine daqui a cinco, dez, vinte anos?”, questiona Carol.
A família de Ivani segue a característica da matriarca: a discrição e, embora alguns familiares não tenham participado da feitura do livro, Carol seguiu adiante. “O mais importante é posicionar Ivani Ribeiro onde lhe é merecido. A autora faleceu há 20 anos e não são encontrados trabalhos que lhes façam a devida menção. Ela foi uma personagem muito importante para a história e desenvolvimento da criação de histórias no rádio, seja em radionovela, radioteatro ou ainda nos programas infantis, e em telenovela. Os trabalhos dela vão muito além dos mais lembrados “A Viagem” e “Mulheres de Areia”. E é isso que almejo mostrar no livro”, explica.
A obra de Carol pretende mostrar além da autora que estamos acostumados com o nome e falar também da mulher: Cleide Freitas Alves Ferreira, que foi uma desbravadora de seu tempo. Em 1936, Ivani já atuava em várias frentes. Para isso, ela conta com a ajuda de atores como Mauro Mendonça e Rosamaria Murtinho e Gessy Fonseca (foto acima), estrela de radionovelas “Isso não pode ficar perdido no passado ou ainda em uma memória superficial”, afirma. “É encantador conhecer a história de alguém que passava o dia em estágios de criação, à procura de ideias e mensagens construtivas para o público. Ivani dedicava-se de corpo e alma ao trabalho. Essa era a vida dela. Considero injusto uma mulher ter vivido desta forma e não ter o devido registro histórico”, complementa.
Expectativa
Carol garante que o público noveleiro irá conhecer um “ser humano incrível”. “Ivani possuía fortes valores, posteriormente transmitidos às suas obras. O amor para ela estava sempre em primeiro lugar. Este sentimento justifica a sua dedicação integral à criação de histórias”, afirma. “O livro transportará o leitor para uma outra época, na qual poderá conhecer a infância da autora, a família, as poesias (inclusive, os primeiros textos publicados), o canto, os amores e desamores, a fase que transmutou a sua vida e a trouxe a São Paulo para iniciar a carreira no rádio, o processo de criação das histórias, a preocupação com a mensagem transmitida ao público, o ingresso e a carreira na televisão, o carinho e respeito no relacionamento com os atores, entre outros. Fica o meu pré-convite a uma “viagem” à história de Ivani Ribeiro”, conclui.
E depois de Ivani, quem merece uma biografia? Para Elmo Francfort, “Pode parecer uma resposta genérica e aberta, mas eu diria que todos que ainda não foram, principalmente os das primeiras três décadas da televisão, sendo que alguns ainda estão em atividade. Algumas biografias de autores já publicadas deveriam ser revisitadas também, dando maior intensidade aos personagens descritos e as suas criações”, sugere.
Não precisamos dizer que já estamos morrendo de ansiedade ler essa obra, não é? Para quem quer acompanhar o desenvolvimento do livro, pode curtir a página “Ivani Ribeiro Autora”, criada por Carol no Facebook.
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