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Dando continuidade à memória da televisão brasileira, hoje conto para vocês como fiquei feliz ao ler o livro “A Memória Televisiva como produto cultural – Um estudo de caso das telenovelas no Canal Viva”, do jornalista Julio Cesar Fernandes. A pesquisa traz uma retrospectiva histórica da TV e a da telenovela brasileira, assim como uma análise da trajetória do Canal Viva. Com prefácio do mestre Boni, a leitura é indispensável a todos que se dizem apaixonados e estudiosos da televisão brasileira. Este blogueiro mesmo já devorou o livro e ficou muito feliz ao ver um estudo da academia sem os “preconceitos” existentes sobre a televisão e também por já estudar o Canal Viva.

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A obra “A memória televisiva como produto cultural: um estudo de caso das telenovelas no Canal Viva” é adaptação para livro de dissertação homônima, aprovada com nota máxima (dez), em dezembro de 2013, no curso de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo, na cidade de São Bernardo do Campo (SP). O conteúdo da dissertação agora é publicado em formato de livro pela Coleção Pró-TV (Editora In House), inaugurando sua série “Acadêmica”.

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O trabalho se propôs a estudar a memória televisiva como parte da memória social e coletiva. O objetivo geral da pesquisa foi analisar a memória televisiva recuperada e construída pelo Canal Viva (canal por assinatura pertencente ao grupo Globosat), por meio das telenovelas da Rede Globo antigas nele exibidas, verificando, assim, suas características como produto cultural. Além de entender o lugar dessa memória televisiva na trama das mediações culturais e das interações sociais.

A pesquisa foi dividida em duas etapas. A primeira consistiu em uma pesquisa bibliográfica, em que são articulados conceitos de cultura, memória, identidade e imaginário. Já a segunda etapa foi o estudo de caso propriamente dito dividido em três etapas: primeiramente uma pesquisa documental; depois entrevistas guiadas, realizadas com profissionais da equipe do Canal Viva na cidade do Rio de Janeiro; e, por fim, um grupo focal, com telespectadores do Canal Viva, que relataram suas experiências a respeito de hábitos de televisão, telenovelas e o Canal Viva.

Julio conversou com o Sintonizando e contou um pouco sobre o livro:

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Sintonizando: Como foi a pesquisa para “A Memória Televisiva como Produto Cultural”?

Julio Cesar Fernandes: A pesquisa para o livro foi científica, ou seja, com uma metodologia composta de duas fases: a primeira, um levantamento bibliográfico e a segunda, um estudo de caso com as telenovelas da TV Globo exibidas no Canal Viva.
Fui ao escritório do canal na sede da Globosat, na cidade do Rio de Janeiro e fiz uma reunião, chamada de grupo focal, com telespectadores do Canal Viva. Para mim, a pesquisa foi muito prazerosa, já que sempre gostei de estudar a história da TV no Brasil e também de telenovelas em geral. Conseguir aliar essas minhas paixões em um objeto de estudo e de pesquisa foi gratificante.

Sintonizando: Como você encara o grande sucesso das novelas do Viva nas redes sociais?
Julio Cesar Fernandes: Acredito que o tempo é outro, e as pessoas se apropriam do conteúdo também de uma forma diferente. Quando exibidas originalmente, essas novelas tiveram o seu público, que se apropriou da trama de uma maneira. A partir do momento em que essa novela é reexibida em uma outra plataforma, mais que vinte anos depois, o telespectador é outro, assim como tudo que o rodeia.Mesmo aquela pessoa que assistiu à novela na versão original, hoje ao revê-la, há a internet e, dessa forma, ela utiliza das redes sociais, por exemplo, para se comunicar e analisar a trama e seus personagens.

Sintonizando: Na sua opinião,  a academia ainda encara com preconceito a televisão/telenovela? Como você sentiu isso com o seu trabalho?

Julio Cesar Fernandes: É fato que a TV, por poder ser acessada pela massa, tem um tratamento diferenciado do cinema e teatro, por exemplo, a nível acadêmico. Entretanto, creio que a academia está encarando a televisão e seus produtos, como a telenovela, cada vez mais como um elemento ativo na cultura e sem tanto preconceito. Com o livro pretendo reafirmar que a televisão tem, sim, um papel fundamental na construção do imaginário e identidade nacional, independente de classe social ou qualquer outro fator.

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O Sintonizando agradece ao Julio pelo carinho e disponibilidade e pela sua contribuição à memória da televisão brasileira.