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O Brasil é um país sem memória. É verdade. Já sabemos disso há um bom tempo. Não temos, enquanto nação, o hábito de preservar a nossa própria história. Nas emissoras de televisão, talvez pelo alto custo das fitas de videoteipe na época, ou talvez pelo improviso dos primeiros tempos, acabamos não pensando no futuro e a história dos primeiros tempos acabou se perdendo.

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Foi a Globo que mudou esse patamar e deu início à preservação dos programas exibidos. Mas, infelizmente, devido ao incêndio que atingiu a Globo em 1976, pouca coisa da fase de 1965 – 1976 está preservada por inteiro nos acervos da emissora. Quando se trata da TV Tupi, a coisa é ainda mais complicada. Pouca coisa restou do início da televisão no Brasil. Por causa disso, eu sou um apaixonado pela memória da televisão brasileira  e desde muito cedo devorei livros, vídeos, e tudo que encontrava a respeito do acervo das emissoras. Dessa forma, fiquei muito feliz ao conhecer este projeto, que utiliza a memória televisiva como objeto de estudo.

Beto Rockfeller

Este vídeo produzido pela equipe da revista Pesquisa FAPESP mostra resultados do processo de digitalização, financiado pela FAPESP, o do acervo audiovisual da extinta Rede Tupi de Televisão, que está depositado na Cinemateca Brasileira. Um produto dessa empreitada é uma pesquisa feita sobre Beto Rockfeller, novela apontada como marco na teledramaturgia brasileira.

“É a primeira novela que usa linguagem coloquial, figurinos coloquiais e se aventura na gravação externa, então aparece São Paulo. Além disso é uma novela que tem uma boa dose de irreverência”, afirma Esther Hamburger, professora da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP).

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Beto Rockfeller foi um sucesso de público e crítica e foi ao ar por 13 meses, entre 1968 e 1969, mas a coleção da Cinemateca Brasileira conta apenas com sete capítulos da produção da Rede Tupi.

No  site Banco de Conteúdos Culturais é possível ter acesso a grande parte do acervo da TV Tupi, inclusive capítulos inteiros de novelas que estão preservados. Em outra área, é possível acessar os scripts dos telejornais. 

Este vídeo mostra uma matéria do especial “40 Anos de TV”, de 1990, exibido pela TV Cultura, sobre parte do acervo da TV Tupi.

Um viva para a professora Esther Hamburger (uma mestre em se tratando de televisão brasileira) e para a FAPESP pela linda e louvável iniciativa!

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Amanhã, eu vou falar do livro “A Memória Televisiva como produto cultural – Um estudo de caso das telenovelas no Canal Viva”.