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A coisa está ruça na Rússia

Publicado hoje no jornal Gazeta do Povo e sem qualquer relação com acontecimentos reais.

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Divulgação
Cena de Metro 2033: os subterrâneos de Moscou transformaram-se no último abrigo da humanidade

Última parada: Metro 2033

Poucas coisas no mundo são tão grandiosas e deslumbrantes como o sistema de metrô de Moscou, capital da Rússia. Inaugurado em 1935, foi construído com o objetivo de causar inveja em ou­­tras metrópoles, como Paris e Lon­­dres. São dezenas de estações desenhadas para se parecerem com salões de palácios, com lustres magníficos, mármore em cada centímetro e murais que con­­tam a história da nação. Um pro­­jeto megalomaníaco do go­­verno comunista que deveria ser­­vir não somente como transporte público e propaganda política. Foi pensado para ser uma espécie de abrigo caso a humanidade entrasse num conflito nu­­clear. Este é o cenário de Metro 2033, lançamento exclusivo pa­­ra Xbox 360.

Baseado no romance homônimo do russo Dmitry Glukhovs­ky, o jogo de tiro em primeira pes­­soa leva o jogador ao ano de 2033, vinte anos após uma hecatombe nuclear dizimar a vida ter­­rena. Não completamente, pois, além das clássicas baratas (dizem que seriam as únicas so­­breviventes num conflito nuclear), uma parcela do povo russo se abrigou nos metrôs da capital e conseguiu evitar a morte. As terras nas superfícies se tornaram um ambiente hostil, como o re­­tratado no filme Os 12 Macacos, de Terry Gillihan. Nem o ar pode ser aspirado sem uma máscara especial.

Com o tempo, o sistema do me­­trô acabou se tornando um novo tipo de civilização. Alguns habitantes, nascidos após a aniquilação, só conhecem a superfície por meio de histórias. Apesar da proteção inicial, os túneis também se tornaram perigosos, com a presença de humanos que sofreram mutações genéticas. Devido às péssimas condições de vida, os sobreviventes acabam se dividindo em grupos rivais, tornado cada estação numa espécie de cidade. A moeda de troca é mu­­­­nição, sempre escassa. O jogador encarna na pele de Ar­­tyom, nascido dias antes do evento apocalíptico e que deve manter a salvo seu grupo. Para isso, terá que invadir metrôs inimigos e até fazer algumas missões na superfície.

Graficamente, Metro 2033 é um dos mais belos jogos desta geração, com efeitos de iluminação inovadores, produzidos por um motor especialmente desenvolvido pela produtora THQ , chamado de 4A Engine. Os cenários são clastrofóbicos. A maior parte da ação se passa em túneis pequenos e cheios de obstáculos. A jogabilidade, bem variada, se divide entre tiroteio frenético e momentos furtivos. Como há uma certa dificuldade em conseguir munição, é preciso saber do­­sar bem os modos de jogo. Em cer­­tos mo­­mentos, inclusive, é melhor usar as mãos para derrubar um oponente, com isso economiza-se alguns tiros que po­­dem ser necessários mais para frente. Outro detalhe importante, é que a produtora aplicou muito bem alguns recursos de sobrevivência, é preciso gerenciar medicamentos e o tempo de uso da máscara quando o jogador estiver em lugares contaminados. “Criamos uma história profunda, envolvente e com reviravoltas”, descreveu Richard Williams, vice-presidente da THQ.

Com ação comedida, Metro 2033 lembra muito a ambientação melancólica da série Bioshock com traços do fantástico RPG Fallout 3. Uma mistura que teria tudo para ter um excelente resultado. O jogo, entretanto, não consegue chegar lá por alguns problemas sérios principalmente na inteligência artificial. Os inimigos agem mecanicamente e podem ser surpreendidos da mesma forma várias vezes. Por outro lado, há alguns desafios que poderíamos chamar de “apelação”, já que os adversários adivinham o local onde o jogador está, tornando maior o desafio. Por ser um jogo considerado independente, quase não teve divulgação e chegou ao mercado no mesmo mês do blockbuster God of War III (PS3), Metro 2033 é uma boa promessa para futuras continuações. É só uma questão de resolver pequenos problemas.

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