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Tenho uma teoria que denominei de “Discurso Falido”. São aqueles argumentos que, se não são mal intencionados, são evidentemente hipócritas. As evidências do dia a dia me levam cada dia mais a perceber que sou um cara “abençoado” pelo dom de discordar. Esse, pelo que pude observar em meus curtos 30 anos, é o meu único talento. Por isso, insisto em desconstruir certos dogmas que se chocam na minha pacata vidinha. Por mais que não interesse a ninguém.

No começo da semana escrevi um breve texto sobre uma dos melhores videoclipes já feitos em toda a história da humanidade. Uma ficção que conta uma história de opressão em que jovens ruivos são dizimados. Não é difícil de entender parte do discurso do diretor Romain Gavras, ainda mais levando-se em conta o nome da música que serviu de trilha, Born Free. Uma sociedade hermeticamente conservadora que elimina jovens. Os jovens, obviamente, são os únicos capazes de derrubar o sistema. Elimine-os então, o mais rapidamente.

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Depois de ver o clipe temos duas opções claras: 1) se trata de uma crítica contra opressão de novas ideias ou; 2) o diretor está incentivando que todos matem jovens ruivos.

Por mais imbecil que possa parecer, a direção do Youtube achou que se trata da segunda opção e retirou do ar o videoclipe. O site, lembre-se, concentra quase todos os vídeos da internet. A justificativa, segundo nota do Yahoo: “No YouTube, as regras proíbem conteúdos como pornografia ou violência gratuita. Se o conteúdo viola nossos termos, nos o removemos“.

Muito bonito se não fosse um clássico exemplo de “Discurso Falido”. Como não há pornografia, supõe-se que o Youtube classificou Born Free como “violência gratuita”. Não consigo definir o que é violência gratuita. Mas o próprio site censor me permite definir o que não é. Vejam o caso deste vídeo que traz uma cena clara de um jogador de videogame que mata uma porção de inocentes durante um ATAQUE TERRORISTA em um aeroporto russo. O nome da fase é lindo, “no russian”. Isso não é violência gratuita, pois tem milhares de vídeo com o mesmo teor. Temos um outro vídeo muito popular que mostra soldados americanos exterminando civis iraquianos em uma missão. São cenas REAIS. Não é um videoclipe ou um jogo. Mas isso também não é violência gratuita para o Youtube.

Vamos abrir mais a interpretação do termo para tentar uma resposta. Talvez o que os críticos pregam seja que o videoclipe é uma mensagem contrária aos valores morais. Pois desvalorizaria a vida humana. Mesmo assim encontraríamos milhares de vídeos com conteúdo que despreza qualquer conceito de dignidade. Uns que incentivam o linchamento ou que denigrem a imagem das pessoas. Os casos são infinitos. O que nos faz imaginar quantos livros cânones seriam vetados numa possível biblioteca do Google.

A política do Youtube talvez seja exatamente essa. Deixar nossos jovens eternamente presos a videoclipes da Lady Gaga. Evitando assim que os ruivos se rebelem. Atitude que poderíamos chamar de uma verdadeira violência gratuita.

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