E aí, todo mundo acompanhou os últimos lançamentos da CES? Muita televisão gigante com 2 milímetros de espessura? Eu, infelizmente, não pude vislumbrar aquelas tecnologias sensacionais que nunca chegarão ao mercado, pois tive uma semana árdua. Tudo por causa de uma pilhéria pregada pela memória. O começo da história: com um período fraco em lançamentos no mundo dos videogames, resolvi dar uma chance para Choplifter HD, uma versão em alta resolução, como o próprio nome deixa claro, de um jogo de helicóptero que fez muito sucesso em décadas passadas. Comprado, baixado e jogado. Por poucos minutos, afinal se tratava de um golpe. Este jogo não tinha quase nada do original.
Resolvi chamar a responsabilidade e denunciar ao mundo esta fraude.
Queria reunir argumentos suficientes para ter meus US$ 12 de volta. O posicionamento da câmera estava errado (muito próximo). Cadê aquele lindo deserto de outrora? Personagens? Só lembro de pequenos pontos no cenário lançando pixeis mortais. Como bom colecionador de games velhos que sou, coloquei a mão na massa (nas caixas) e comecei a desenterrar um Super Nes que recuperei há pouco tempo daquele local onde jazem coisas realmente importantes de qualquer homem de respeito: o depósito da casa da mãe. Um museu que conta a única história que interessa, a sua.
E lá estava o aparelho. Faltavam algumas peças. Nada que muitas horas olhando para fios idênticos, emaranhados e sem nenhuma identificação (devo ter mais de 10 consoles antigos) não resolvessem. Precisei olhar também em outras caixas onde repousavam centenas de jogos. Lá estava a fitinha (nós chamávamos assim, beleza?) cujo rótulo revelava Choplifter III – Rescue Survive.
Tudo pronto para tirar o manto sobre um dos maiores golpes que a indústria dos videogames já tomou se não fosse a incompatibilidade entre estes fósseis tecnológicos e minhas televisões, que têm muito mais de 2 milímetros de espessura e mesmo assim se negam a aceitar conectores antigos. Foi quando veio a ideia genial que qualquer ser pensante teria tido desde o começo: emuladores. Tudo legal, afinal tenho o cartucho original, certo? Pouco importa quando a verdade está em jogo, literalmente.
Instalo o programa, escolho a rom e mando rodar. Amigos leitores, o chão se desfez sob meus pés. O que as imagens mostravam não condizia com a realidade criada por anos em meu cérebro. O jogo antigo era muito parecido com a versão em HD. Malditos helicópteros sobrevoavam campos de guerra para resgatar prisioneiros em meio a uma chuva de balas na terra, no céu e na minha alma magoada. Todos os elementos dos quais não reconhecia no novo jogo já estavam lá e, como um São Paulo tendo a revelação, caí do cavalo. O que sempre chamei Choplifter era na verdade o concorrente direto Desert Strike (e Jungle Strike e Urban Strike). O que fazer? Juntar os cacos, jogar o antigo e o moderno Choplifter e escrever esta coluna. Mas não sem um tom de lamúria.
O lado bom é que acabei jogando os dois títulos pela primeira vez. O original é sensacional, como uma espécie de Metal Slug aéreo. Visualmente e sonoramente muito superiores, aliás, que Desert Strike.
A-do-rei, como diriam os rapazes alegres. E a nova versão? Um pouco sem personalidade. Traz gráficos atualizados, dá para escolher um monte de modelos de helicópteros e tem mais de 30 missões de resgate.
E, agora aprendi, o único fator relevante para estas versões em HD existirem: são compatíveis com qualquer televisor que tenha aparecido na CES deste ano.
* Texto publicado no caderno de tecnologia da Gazeta do Povo
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