Respondo de antemão ao leitor mais antenado: também acho que o Oscar não é parâmetro para nada. Mesmo assim, o prêmio que reúne o que supostamente foi produzido de melhor no cinemão americano nos ajuda a entender o baixo nível cultural brasileiro. Afirmação essa baseada num metódico trabalho científico realizado em mesa de bares com alguns amigos.

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Brasileiro é ignorante e acha bonito. Impossível pensar de outra forma após o resultado do Oscar deste ano. Avatar, por exemplo, foi aclamado pela maioria da crítica como a obra fundamental dos últimos anos. Leitores em hordas despejaram elogios em milhares de comentários por esta internet. Até um constrangido José Wilker tentava achar um eufemismo para não desmerecer o filme de James Cameron que fez fiasco na última madrugada. Talvez para não irritar os espectadores da Globo? Provavelmente.

Quando fiz uma lista com os piores filmes do ano, meu troféu Framboesa particular, fui vítima de um séquito de seguidores (com redundância) dos bonecos azuis gigantes. Comentários que tentavam provar para mim e outros poucos leitores deste blog que não caem na mesma pegadinha todo dia que havia milhares de motivos que justificavam a obra fantástica que Avatar era. Ou os cinemas usaram algum tipo de produto com efeitos narcóticos para limpar os óculos 3D ou o mundo realmente está perto de acabar, pensei na época. Bom, da minha lista dos piores ninguém levou nada de relevante no Oscar. Nem a besteira em forma de filme Bastardos Inglórios.

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Por outro lado, Guerra ao Terror levou seis prêmios e fechou a noite como o mais premiado. Não que o filme seja bom. E não é. Mas é o menos pior, o que torna este Oscar uma exceção em relação aos anos anteriores. O longa de Kathryn Bigelow é mais uma daqueles histórias tolas com atos heroicos de guerra. Daquelas que te deixa com uma enorme vontade de se alistar no exército americano para matar qualquer inimigo que os EUA venham a ter.

Estamos afundados na mediocridade, repito. E o Oscar desse ano nos diz muito. Nos comovemos como poucas vezes para tentar justificar o equívoco de Avatar. Lotamos cinemas por meses (continua em cartaz, acredite). Enquanto isso Guerra ao Terror saía direto nas prateleiras das locadoras. Sinal que o público daria a mínima se pintasse nos cinemas. E realmente daria, pois está acostumado com mensagens simples e enredos cafonas. A nossa plateia é formada majoritariamente por gente querendo algo já mastigado entregue com um belo cuspe na cara. Coisa simples, diretas e cafonas. Acontece nos outros países? Pode ser, mas isso é um problema deles.

Se minha teoria estivesse errada, o que é muito pouco provável, a programação nos cinemas seria muito mais plural. Daria espaço para filmes como A Fita Branca (o melhor do ano) ou O Segredo dos Seus Olhos. Aliás, a lista dos estrangeiros é a única que pode ser levada a sério no Oscar. Principalmente quando Almodóvar não participa. Minha conclusão é bem óbvia: brasileiro não gosta de cinema, gosta de pipoca.

Ps. Os posts deste blog continuarão esparsos enquanto durar o BBB 10, o melhor programa da TV brasileira

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