Londrina não foi feita para o petit pavet. É a alegação de estudos feitos pela Prefeitura que mostram que o calçamento não se adapta bem à terra vermelha. Resultado: trocar-se-á a cara do calçadão, uma de nossas poucas referências urbanísticas. Daqui para frente, defendem os técnicos, menos pessoas derraparão na corrida diária. Se os estudos estiverem certos, a administração reduzirá o alto custo de manutenção da pedra banida. A salvação são blocos de concreto. Funcionalmente uma solução. Paisagisticamente um atentado ao bom gosto.
Uma cidade não é feita apenas com estudos técnicos de funcionalidade. Eles são essenciais, desde que não destruam referências. Aos poucos, as ações do homem se tornam marcos onde a natureza não foi tão bondosa, como a Rua XV de Novembro em Curitiba. Ou podem realçar ainda mais uma referência natural. No caso, a orla carioca.
Instalou-se, então, a polêmica: você é a favor ou contra as reformas do calçadão? O prefeito diz que a população decidirá o futuro dos metros restantes.
Independentemente do resultado, pode-se afirmar que pergunta e resposta estão erradas. Será que todos sabem o significado de patrimônio cultural? Em uma cidade nova, a arquitetura se torna um fragmento de identidade. Brasília é um exemplo. Os desenhos em petit pavet, criados há 30 anos, são mais que um problema de acessibilidade. São um retrato da história. Um retrato em Polaroid que pode ser apagado em pouco tempo.
– Acompanhe o blog pelo Twitter
Publicado na edição deste domingo do Jornal de Londrina