Marcelo Dourado, Fernanda ou Cadu merece levar R$ 1,5 milhão para casa na noite desta terça-feira? Apesar de enquetes pela internet apontarem o favoritismo do primeiro, o resultado definitivo será conhecido somente quando o apresentador Pedro Bial terminar o discurso derradeiro. Mas outras respostas, talvez até mais interessantes, já foram dadas. O Big Brother Brasil 10 foi uma das melhores temporadas do programa, com personagens escolhidos a dedo. Sinal de que a Globo não deve abandonar o formato por algum tempo. Como produto, é um dos mais bem sucedidos atualmente, chegando a quebrar todos os recordes de participação do público entre etapas anteriores, apenas um “paredão” teve mais de 120 milhões de votos.

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Também ficou claro que o BBB 10 levou os telespectadores e entrarem fundo no jogo, descrição comumente usada pelo diretor Boninho. Até quem não assiste ficou sabendo de uma suposta disputa entre heterossexuais e gays assumidos.

Foi o suficiente para se formar times de torcedores. Comunidades em sites de relacionamento de apoio ao lutador gaúcho, por exemplo, conquistaram mais de um milhão de seguidores. Como era de se esperar, houve excessos. Após a eliminação, Dicésar afirmou que havia recebido 11 mil mensagens ameaçadoras.

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Para os paranaenses, esta edição foi especial. Além de Dicésar, outros dois participantes ganharam destaque. A primeira foi a curitibana Tessália que, apesar de ficar pouco tempo – eliminada na quarta semana, foi a primeira a perceber a importância de dividir os grupos, estabelecer relacionamentos estáveis (namorou Michel) e traçar estratégias para evitar a eliminação.

Mesmo depois da saída da publicitária, foi personagem central em muitas discussões. Já o maringaense Eliéser ficou conhecido por uma série de trapalhadas e um romance que, aparentemente, não foi aceito pelo público. Rendeu boas edições, mas foi eliminado na oitava semana.

Críticos não se cansam de afirmar que o BBB é o que há de pior na televisão brasileira. Não é verdade. O programa é uma espécie de novela sem roteiro. O sucesso se deve em partes por oferecer personagens reais e não tão esquematizados como os comumente encontrados em outros folhetins. Sem dúvida pode-se encontrar facilmente os mais diversos estereótipos: o gay espalhafatoso, o fortão brucutu, a obesa mal-amada. A vantagem é que as personagens não ficam presas no roteiro estabelecido e podem se libertar. A boa moça mete o pé na jaca. O preconceituoso mostra tolerância.

Quando definiu o marco da literatura mundial, o crítico americano Harold Bloom disse que Shakespeare foi melhor escritor da história justamente por dar múltiplas perspectivas às personagens. “Elas se tornam instrumentos analíticos para nos julgar”, defendeu. O que nos ajuda a entender, de alguma forma, por que a disputa se centralizou somente num dentre tantos participantes: Marcelo Dourado. A pergunta que será respondida nesta noite não deve ser qual dos três merece levar o milhão, mas qual deles nos deu mais abertura para duvidarmos de nós mesmos.

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