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Skyrim e o dragão que rouba seu tempo

Fotos: Divulgação
Skyrim é um jogo com alto grau de complexidade, em que quase todas as ações do jogador têm consequências

A série The Elder Scrolls conseguia se manter relevante entre os apre­­ciadores de RPG ao entregar muita liberdade e um vasto mundo virtual. Nun­­ca foi um arrasa-quarteirão nem entrava na lista dos mais esperados. Cenário que mudou completamente com a chegada da quinta versão. The Elder Scrolls V: Skyrim, lançado nos principais consoles neste mês, havia recebido, até o fechamen­­to desta coluna, mais de 50 análises com nota máxima. Foi um dos jogos mais comentados nos últimos dias em sites especializados, blogs, fóruns e caixas de comentários. Seus passos agora são milimetricamente acompanhados.

A série nasceu em 1994 nos computadores. Com pequenos desvios, avançou consistentemente em níveis gráficos (o que seria óbvio), em jogabilidade e ambientação. Os dragões foram ganhando mais definição, mais inteligência e podem alçar voos cada vez maiores pelos cenários quase infinitos. São 17 anos de cla­­ra evolução até chegar ao ápi­­ce em Skyrim. Ah, sim. O jo­­go é so­­bre dragões, bárbaros, orcs e todos aqueles clichês dos RPGs baseado em fantasia me­­dieval. Pa­­ra quem curte, é o su­­prassumo.

A história se passa em Tanriel, localidade ao norte do mundo usado nos jogos anteriores. É repleto de florestas, gelo, montanhas e desfiladeiros, no melhor estilo nórdico. Lá, vivem os Nords, espécie de vikings, elfos e outros seres mágicos. O jogador assume o papel do domador de dragões Dovahkiin que deve destruir o monstro devorador de mundos Alduim. Lembra muito a ambientação dos livros Tolkien e seu O Senhor dos Anéis.

Skyrim é um jogo para se mergulhar na história. Muito dificilmente se poderá prosseguir apenas pela ação. E tudo gira em torno deste universo, a cada esquina há um livro com detalhes da mitologia. Os personagens não jogáveis contam passagens de heróis sempre que solicitados. Os nomes de seres, lugares e objetos são só completamente entendidos ao se mergulhar na trama. Antes de colocar o disco é bom saber que muitas horas, talvez mais de cem, serão dragadas de sua vida para chegar ao final e apreciar os principais detalhes da obra. Não todos os detalhes, pois precisaria de meses.

Esse extremo detalhamento é um dos pontos altos do novo The Elder Scrolls. Enquanto a maioria dos jogos segue o caminho da facilidade e da roteirização. Sky­­rim é praticamente um gigantesco livro em branco que vai sendo escrito conforme as ações escolhidas pelo jogador. Quase tudo o que se faz lá tem consequências. O perfil do avatar é formatado no decorrer da história segundo as propensões do jogador. Roubar um fazendeiro pode ajudá-lo a se enturmar com um bando de criminosos, mas é bom ter cuidado, pois a masmorra fica cada vez mais perto.

Skyrim tem uma complexidade ímpar com uma curva de aprendizado mais longa. É o que os jodagores “hardcore” tanto pedem. Mas isso traz pro­­blemas técnicos. Cená­rios tão amplos e gráficos tão detalhados exigem um processamento muito maior dos consoles (no PC é preciso de uma configuração de respeito). No Xbox 360, por diversas vezes o jogador é “brindado” com congelamentos pa­­ra dar tempo ao processador criar os novos ambientes. Além disso, o carregamento das fases demora muito mais que os jogos atuais, lembrando os “loadings” dos primeiros Playstations.

* Texto publicado no caderno de tecnologia da Gazeta do Povo

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