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Top 10 cenas musicais em filmes: Glória Feita de Sangue (8º)

Não queria, mas fui obrigado. A repetição de diretores na lista das cenas musicais mais bacanas feitas em filmes estava vetada no começo. Daí foram surgindo os comentários. Fui repensando. Tem coisa que caiu e outras que entraram. E uma quase ia passando por falha da memória. Voltei ao Word, reelenquei e não deu outra: Kubrick voltou.

Agora aparece num de seus maiores trabalhos, talvez o mais político deles. “Glória Feita de Sangue”, de 1957, um estudo sobre o regime da guerra. A história se passa na Primeira Guerra Mundial no front francês. Um general ávido por uma promoção ordena um ataque suicida contra os inimigos. Um massacre. Alguns voltam e vão parar na corte marcial por covardia. Diz que é baseado em fatos reais. Não duvido.

Nosso coronel-herói, Kirk Douglas, resolve fazer a defesa. O filme que era para ser mais um sobre guerra rompe as fronteiras e vira uma narrativa de tribunal. A história toda se passa entre os conchavos para livrar o pescoço dos supostos covardes. Mas a máquina é grande e inevitável.

No meio disso tudo há todas aquelas velhas histórias de aquartalamento. Como os homens conseguem suprimir a realidade quando a própria realidade se torna irreal. É uma espécie de euforia pré-apocalíptica. Se o destino é trágico e imediato, busca-se conforto em coisas menores e toca-se o dia-a-dia normalmente. Só até a cena final.

Se o leitor quer manter a surpresa não veja a cena abaixo e não leia as próximas orações. Com notícia da execução dos covardes, os soldados se encontram em um bar. A apresentação da noite é uma cantora alemã intimidada pela plateia formada por homens barbudos que há muito tempo não têm contato com o sexo oposto. Os ânimos estão exaltados quando a tremida voz começa a se destacar entre os gracejos. Expressões faciais mudam rapidamente numa triste revelação que lhes parece cair na frente: todos que estão ali não possuem identidade. São parafusos de um motor desajeitado. Mas a música, com interpretação de Susanne Christian (que se tornou a senhora Kubrick pelo resto da vida), de alguma forma lembra que eles também são humanos.

Agora uma pequena explicação para os amigos comentaristas que deixaram suas sugestões no post passado. A lista do blog para cenas musicas resume-se a músicas que estão inseridas na história do personagem. Quando a música é apenas trilha sonora e não atinge o mundo ficcional (diegese) não entrará na relação. Por exemplo, “Perfect Day”, em “Trainspotting”, não há contato nenhum entre o protagonista e a música, que está ali só para agradar o espectador. Já “This boots are made for walking…” (indicado pelo Maurício), de “Assassinos por Natureza”, tem tudo a ver com a proposta.

Já apareceram na lista:

Laranja Mecânica (9º): Singin’ in the Rain

O Demônio das Onze Horas (10º): “Jamais je ne t’ai dit que je t’aimerai toujour”

E para você, quais são as cenas mais legais?

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