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Afinada de nascença, Juliana Cortes faz exercícios para sujar a voz límpida que aprimorou em anos de estudo e práticas tradicionais de um início de carreira erudito. Os exercícios incluem até tentativas de cantar de forma desafinada, coisa mais do que comum, mesmo que indesejada, para nós mortais, mas difícil para ela. A cantora busca uma voz menos “certinha” e mais ligada ao emocional.

No fim de semana, poderemos ver e ouvir se os métodos não ortodoxos estão dando certo. Ela se apresenta no Teatro Paiol, em Curitiba, no espetáculo (In)Vento, em que recebe o cantor e compositor gaúcho Vitor Ramil, autor da maioria das músicas do espetáculo. O encontro foi feito para, com músicas, trazer a Curitiba a discussão sobre a estética do frio.

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Estética do frio é um termo cunhado por Ramil ao refletir por que se sentia distante da canção tropical. Pensou tanto sobre isso que acabou escrevendo um livro com essas reflexões. Como o mundo é cheio de curvas e esquinas, o encontro entre Juliana e Vitor se deu a partir de um show do trio curitibano Mano a Mano que ela produziu no Peru. Lá, acabou por se interessar em conhecer mais sobre a música latina. Com este interesse, quando voltou a Curitiba, chegou às milongas compostas pelo gaúcho e sua aproximação com os músicos do Uruguai e da Argentina.

Ela já interpretou canções de Ramil no show anterior, “Um mundo para Dulce”, feito no ano passado, mas a ideia da estética do frio permaneceu. Decidiu fazer um projeto com o tema que pesquisava havia dois anos. Foi então que chegou às 13 canções deste (In)Vento.

Na abertura do espetáculo será exibido em “avant première” o documentário “A linha fria do horizonte”, que também discute a estética do frio, dirigido pelo cineasta curitibano Luciano Coelho.

Segundo Juliana, o show está dividido em dois universos musicais. Um mais intimista e instrumental, quase minimalista, que representa a reclusão causada pelo frio. Outro mais explosivo, mais roqueiro e contemporâneo (e aí o motivo para a cantora querer “sujar” mais a voz). “Um espetáculo intimista, mas com energia”, explica a cantora.

A direção musical é de Luis Otávio Almeida e, além dele no violão e guitarra, participam os músicos Vina Lacerda (percussão), Romildo Weingarter (violoncelo) e Ronaldo Saggiorato (contrabaixo). Os arranjos são de Dante Ozzetti, Gilson Fukushima, Ronaldo Saggiorato e Luis Otávio Almeida.

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Entre as músicas, há uma parceria de Ramil com Paulo Leminski, “O Velho León e Natália em Coyoacán”, uma referência à passagem trágica de Trostski pelo México. E entre as canções que não são do convidado especial, está “Achado”, uma parceria de Carlos Careqa e Chico Mello.

Juliana Cortes também também é produtora requisitada e usa este trabalho para ter contato com outros músicos e conhecer outras formas de ver a música. Para o ano que vem, por exemplo, deve trazer o contrabaixista Ron Carter para apresentações em Curitiba (está quase tudo certo), abrindo um projeto que deverá propiciar aos curitibanos um grande espetáculo em cada uma das quatro estações.

Após a estreia em Curitiba de (In)Vento, a intenção da cantora é usar a experiência como produtora para fazer o espetáculo viajar, além de pensar no registro em disco e vídeo.

Serviço
Show (In)Vento, com Juliana Cortes e Vitor Ramil
Dias 17 e 18 de agosto, no Teatro do Paiol, às 21 horas
Informações: www.facebook.com/invento.julianacortes
Ingressos a R$ 20 e R$ 10 (meia)

Ouça a parceria de Vitor Ramil com Paulo Leminski:

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Ouça “Deixando o Pago”, música de Vitor Ramil, na voz de Juliana Cortes: