No meio do calorão que nos derrete neste 2014, a querida Rafaela Cardoso sopra uma brisa refrescante com mais um texto para enriquecer este blog. Lá vai:
A SUBVERSÃO DO DVD
Quando escrevi sobre o CD “Vendo Amor: Em suas mais variadas formas, tamanhos e posições” de Alexandre Nero ,texto que pode ser lido neste post mais antigo, o identifiquei como subversivo. Mesmo assim tinha algumas dúvidas do quão subversivo era o disco e também o tema, o Amor. Aliás, é muito justo esse beneficio da dúvida, não é só porque é o Nero que está fazendo que é fantástico.
Alguns meses depois, essas dúvidas foram se cristalizando e dando lugar a novas dúvidas e percepções. O motivo? a chegada do DVD derivado do CD. “Revendo Amor: Com Pouco Uso, Quase na Caixa” jogou a subversão na minha cara. Um tapa seco, sem dó. Aliás, DVD não. É DVD, musical, filme, documentário, longa metragem, etc.
As vinte canções que compõem o Musical, se misturam entre inéditas como as divertidíssimas “Paixonite”, “Eu Amo as Putas” e a que pode facilmente virar hit “Naquela Noite, Naquele Sol”. Velhas conhecidas que estão no CD como “Boa Pessoa” e “Domingos” e grandes sucessos nacionais como “O Amor É Filme” e “O Mundo” – que interpretação foda! – e claro, a canção que costura todo o DVD, “A Banda” de Chico Buarque, que aliás, fez com que eu adorasse todo o Longa, já que tenho memória afetiva com esta canção. A versão ficou muito bonita. A conexão de “A Banda” com o contexto do DVD é óbvia, mas ao mesmo tempo é genial e estampa o cuidado e a pouca pressa (no melhor sentido) com que o projeto foi pensado. Mas tem que se registrar que não é só musica que o “Revendo Amor” comporta. Tem textos como belíssimo “Amor” de Erich Fromm, poesia como “Minta Pra Mim” do próprio Alexandre Nero (é um poema ruim, mas eu adoro! rs) e cenas divertidas dos bastidores, tudo numa mistura só.
Gravado aqui na Terra dos Pinheirais, no casarão da Familia Brandão, o Documentário Musical quebrou paradigmas quanto ao formato de gravação. Normalmente, são realizados grandes shows com grande público e muitos takes de uma mesma canção. Aqui, devido à pouca verba, a ideia foi a de mostrar os erros e desconstruir aquela concepção “quadradinha” de gravação de DVD. Sem público, apenas a equipe técnica e artística, apenas os amigos.
A equipe de “Revendo Amor”, os amigos de longa data, descompromissadamente (pelo menos pra mim), ajudaram a tornar o DVD ainda mais bonito e criticado, para que venha ao público no seu melhor formato. Coisa que me cativou foi o belo sorriso de Val O. Filho após os mais de DEZ takes de gravação da canção “Filosofando”, um dos melhores momentos do filme. A simplicidade é um marco nesse projeto tão bacana, como também o esmero e atenção com cada detalhe, como por exemplo, os figurinos assinados por Karen Brustolin e a cenografia. Fica claro o tesão que todas essas pessoas tem em fazer esse projeto.
A banda que passa cantando coisas de amor, é composta por: Alexandre Nero, Hélio Brandão, Fabio Cardoso, Ary Giordani, Vina Lacerda, Val Ofílio, Rodrigo Brazão, Douglas Chiullo, Sebastião Interlandi Jr. Todos admiráveis e divertidos. A Produção Musical fica por conta do Maestro Gilson Fukushima e a Mixagem de Vitor França.
O Amor, aqui cantado, interpretado e lido é vendido até a preço de banana mercado a fora. Amor também no sentido poético, mas principalmente no bruto, o amor materializado. E claro, não só o amor romântico, que, aliás, é bem novinho. Começa pelo amor fraternal, passa pelo amor à natureza e vai indo, e talvez nem tenha fim o leque do amor. Mas vale a ressalva amigo leitor: se você caiu de paraquedas nesse texto ou em algum vídeo do DVD, vá atrás primeiro do “Vendo Amor”, depois conheça o DVD, caso contrário você não entenderá nada. Poupe seu cascalho, por enquanto.
O acontecimento desse DVD é a subversão em sua melhor forma. É um “refresh” artístico. A mescla de maneiras de comunicação e exibição é um novo jeito de concretizar ideias bem fundamentadas. Com simplicidade, beleza e amor, muito amor.