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Ectoplasma, o bom primeiro disco solo autoral de Fabiano Silveira, o “Ti­­ziu”, traz uma citação de Henry David Thoreau (1817-1862), que eu reproduzo aqui para começar a falar do trabalho:

“Se um homem não acerta o passo com seus companheiros, é porque talvez ouça uma batida de tambor diferente. Deixai-o ma rchar conforme a música que escuta, ainda que lenta e distante.”

A citação é da obra Walden, Ou a Vida nos Bosques, um livro de reflexões do poeta, pensador e ativista político americano – talvez mais conhecido pelo ensaio A Desobediência Civil. Nele, o autor relata a experiência de ter vivido dois anos isolados em um bosque no Lago Walden. Traz reflexões de um homem em uma viagem interior, de autoconhecimento. Dizem que inspirou primeiro os beatniks e depois os hippies, mas aí já é outra conversa.

O fato é que Tiziu buscou ouvir uma batida de tambor diferente, literalmente, e fez desta busca sua viagem interior, de autoconhecimento. Ele é um músico que surgiu tocando guitarra na adolescência, em um grupo de rock. Depois, quando já estudava Agronomia, começou também a praticar violão, frequentou o Conservatório de Música Popular Brasileira de Curitiba. Apaixonou-se pelo violão brasileiro, o qual adotou como estilo musical e depois ainda viria a se especializar no instrumento de sete cordas, talvez o mais nacional dos violões.

É um chorão da escola de Pixinguinha e atuou na Orquestra À Base de Cordas, pela qual lançou o disco Antiquera. Com o grupo Trio Quintina, já tem cinco CDs e dois DVDs.

Mas um dia Tiziu sentiu necessidade de explorar um lado autoral mais profundo. Talvez inspirado em Baden Powell, buscou batidas de tambor mais perto do afro-samba. Nesta procura, aproximou-se dos tambores da capoeira e da umbanda. Desta viagem interior, brotaram todas as composições do disco Ectoplasma e, a partir da música, ele viria a adotar a religião da umbanda. Hoje é filho de Oxóssi, entidade que comanda a floresta e os animais que nela vivem (novamente a aproximação com o Thoreau de Walden).

O disco traz muito da umbanda, mas não é só para iniciados. Assim com os Afro-sambas de Baden e Vinícus de Moraes, é pa­­ra todos os que não têm preconceitos. As músicas não soam estranhas ou exóticas. Há o choro, o samba e estudo clássico, como o “Estudo Para os Orixás”, para violão e flauta – no disco, acompanhado por bateria. No vídeo que pode ser visto no Blog Sobretudo, aparece a dupla Fabiano Tiziu e Gabriel Schwartz. Os dois são parceiros de longo tempo no Trio Quintina e fizeram um belíssimo trabalho no espetáculo Cyrk, que acaba de virar um DVD imperdível (mas falarei sobre isso em outra oportunidade).

O disco Ectoplasma terá um pré-lançamento no dia 25, na Sala de Atos do Paço Municipal, às 11hs. Para o show, ele preparou um regional, mas com um pouco mais de percussão, como o projeto pede. Eis quem toca: violão de 7 cordas – Fabiano Silveira, “O Tiziu”; bandolim – Rodrigo Simões; clarinete – Gabriel Castro; percussão – Cristina Castro Loureiro, Lê do Pandeiro Gui Miudo.

Confira os vídeos com entrevista de Tiziu e apresentações de duas músicas, a segunda é um clip cedido com exclusividade para este blog e que ainda não foi oficialmente lançado. E do YouTube, teasers chamando para o show:

ENTREVISTA

Mùsica Estudo para os Orixás, com participação de Gabriel Schwartz

Clipe gravado em apresentação no Sesc Paço da Liberdade

Teasers

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