Nesta época do ano dominada pelo bom velhinho, trago mais um presente desta ótima mocinha. Com vocês, Rafaela Cardoso:
OS MELHORES EM CORRENTE PARA UM ANO DE COLABORAÇÕES
Rafaela Cardoso
MELHORES DO ANO: MUSICA CURITIBANA
Assim como fiz no meu primeiro artigo aqui pro Sobretudo, faço mais uma vez minha lista das cinco melhores canções de álbuns lançados este ano em Curitiba. Neste 2013, tivemos bons discos gerados pela chamada “nova geração” da nossa musica, que a cada ano, vem mostrando mais criatividade e maturidade. Foi tanta coisa que alguns álbuns nem ouvi ainda. E como de costume, não usei numeração, então, caso queria você pode enumerar amigo leitor. Vamos à lista:
• Juliana Cortes – “INDO AO PAMPA”: Canção que faz parte do ótimo disco “Invento”, que tem como material de pesquisa o livro “A Estética do Frio” do gaúcho Vitor Ramil, mas principalmente o repertório sulista brasileiro, e ainda as fronteiras com Argentina, Paraguai e Uruguai.
Esse elemento latino americano é bem perceptível nesta canção, que tem arranjo do Maestro Gilson Fukushima. A melodia é bem desenhada, como está na canção é um tanto novo em e inovador. A intensa interpretação de Juliana também foi um elemento crucial na hora da minha escolha. O resgate das características do Sul, principalmente do povo gaúcho é muito bem costurado na canção. Vale muito a “ouvida”. (Composição: Vitor Ramil)
• A Banda Mais Bonita da Cidade – “POTINHOS”: Presente no mais recente disco d’A Banda, “O Mais Feliz Da Vida”, que vem com mais maturidade e ótimas apostas, essa linda canção me arrebatou logo na primeira audição. Cheia de tristeza declarada (mas a tristeza nem sempre é ruim), a canção nos surpreende com frescor, beleza e até alegria ao entoar “Ponham um daqueles portinhos, com água e açúcar em que o Beija-Flor vem beber”. As batidas ao fim da canção se assemelham muito a um coração, quem sabe, é aquele coração piegas. A Musica é levada com interpretação delicada de Uyara Torrente combinada de um arranjo de “pop leve”, “Potinhos” é de encher o coração de sorrisos e afagar a alma com tanto lirismo. (Composição: L.F. Leprevost e Thayana Barbosa)
• François Veenstra – “NEGATIVE SPACE”: Está no álbum “Six Months Of Death”, que pertence à trilogia musical criada pelo estudante curitibano Lorenzo Molossi. François Veenstra é seu pseudônimo. Descobri o François através de uma matéria publicada pelo Cristiano Castilho, que pode e deve ser lida aqui (https://www.gazetadopovo.com.br/blogs/pista-1/como-lorenzo-molossi-se-transforma-em-francois-veenstra-a-aposta-do-ano?ref=link-interno-materia-amp/). A musicalidade do disco, que a principio parece um tanto bagunçada, se cristaliza perfeitamente ao decorrer das audições. É como um quebra cabeça. “Negative Space” me cativou pela tamanha calmaria, mas também pela proporção intimista e reflexiva com que a musica vai tomando. É extremamente capaz de nos conduzir a tranquilidade e à melancolia, como também a expressividade esmagadora d’alma. Não tenho ideia se o filme “Na Natureza Selvagem” serve de inspiração ao François, mas ouvindo “Six Month..” e principalmente “Negative..” após um tempo, percebi que o disco me remete ao filme, e à história de Christopher McCandless. Quem sabe, nos conecta com a nossa própria natureza selvagem. (Composição: François Veenstra)
• Bernardo Bravo – “CARNAVAL EM CURITIBA”: Embora ainda não tenha uma explicação bem delineada do por que gosto tanto desta musica, acredito que aos pouquinhos dá pra construir porquês..rs. “Carnaval..” nos apresenta uma visão da outra Curitiba “não aquela pra inglês ver”, como disse Dalton Trevisan. Mas aquela cidade harmoniosa e ensolarada, que vemos poucas vezes no ano. É também o retrato da Curitiba sem vergonha. (no sentido de não ter vergonha). A Curitiba que fica despercebida na correria da vida passa a ser percebida aqui. Tudo isso, nos é dado, através da perspectiva do musico maranhense Phil Veras, que compôs a canção em visita à Curitiba. Levada através do piano de Bruno Piazza e da maravilhosa interpretação do Bernardo, essa canção não poderia, e não pode ficar de fora das listas de melhores do ano.
• Ana Larousse – “VAI, MENINA”: Sobre esta canção tudo começa com o disco todo. “Tudo Começou Aqui”, álbum de estreia de Ana Larousse, a principio não me trouxe muitas expectativas, apesar da minha contribuição para que saísse do forno, via Catarse. Achava bacana ela concretizar o projeto, mas não estava com aquele tesão todo pra ouvir. Pra quê minha gente, pra quê? rs. É óbvio que me surpreendi radicalmente. Acho que aquele desinteresse todo era pra que esse disco tão primoroso ficasse mais delicioso com tamanha surpresa.
Sobre a canção destaque, “Vai Menina” conta a história de uma moça em processo de crescimento, podemos assim dizer. Remete a libertação e o quão doloroso é o crescer. Com melancolia espontânea e interpretações calorosas de Ana juntamente com Leo Fressato, a canção é linda, apesar de tamanha tristeza. Aliás, como escrevi lá em “Potinhos”, ficar triste não é de todo ruim. Por esta e outras várias razões que aqui não cabem acrescentar, recomendo emprestar os ouvidos para a moça dos cachinhos ruivos.
CORRENTE CULTURAL 2013
Com inicio no dia 3 de Novembro (Domingo) e fim no dia 10 de Novembro, também Domingo, a quinta edição da Corrente Cultural (não se usa mais Virada, já que não vira) para esta humilde colaboradora que vos escreve foi um sucesso. Do jeito que anda a perspectiva para a edição do próximo ano é das melhores!
Sobre os shows, meus parabéns à Fundação Cultural de Curitiba, Prefeitura, Governo do Estado e demais organizadores, pela programação e organização do evento. Meu destaque e principal motivo de ter curtido tanto esse ano, é a preocupação e importância para com os artistas daqui. Coisas que já deveriam ser dadas faz muito tempo, mas é importante resaltar essa “abertura de olhos”, para o que é feito aqui, tem preciosidade igual e até superior ao restante do país.
Como a programação estava repleta de gente bacana, ficou bem difícil montar um roteiro de quais shows assistir. Teve uns shows que fiquei com dor no coração de não ter visto. No sábado vi apenas a apresentação da Esperanza (Ex-Sabonetes) no Palco Conexões montado na Boca Maldita. Um show muito bom inclusive, apesar de conhecer pouco o som da Esperanza (conheço mais o som que Wonder Bettin e Arthur Roman fazem juntamente com Rodrigo Lemos como Naked Girls & Aeroplanes), fator que faz o senso crítico aparecer mais. Qualidade técnica sensacional, canções de boas letras e interação com o público bastante divertida. Publico este, que cantava em alto e bom som os hits da banda curitibana.
Já no domingo, comecei com a apresentação de Alexandre Nero + Orquestra a Base de Sopro no palco montado na Praça Carlos Gomes. Show que abriu com composições do principal homenageado da Corrente, o Maestro Waltel Branco, foram interpretadas canções como “Paranaguá” e “Estrela”. (Vale acrescentar que tivemos bonitas apresentações em homenagem ao incrível legado do mestre em toda cidade e durante toda a Corrente.) Mas o principal intuito desse show era homenagear o centenário de nascimento de Vinicius de Moraes. O repertório estava bem variado, com ótimas interpretações de “Água de Beber”, “Paiol de Pólvora” e de outras belas canções do Poetinha. Foi talvez o show mais elegante da Corrente, com interprete convidado vestido formalmente para fazer jus ao acompanhamento de uma Orquestra. Foi bonito de ver.
Após a apresentação na Carlos Gomes, corri para o Auditório Poty Lazzarotto no Museu Oscar Niemeyer para assistir ao show “Cine Luz” de Troy Rossilho. Show este, que queria ver fazia muito tempo. O tempo foi generoso comigo. Que show maravilhoso. Troy acompanhado de Sandro Nascimento – contrabaixo/flugel horn e Odacir Mazzarolo – violão de aço/english horn interpretou canções presentes no disco que dá nome ao show e alguns sucessos. Como “Mercadoramama”, “Solitária”, “Inimaginável”, dentre outras. Foi uma apresentação simples, mas de encher o coração com atmosfera leve e relaxante. Um show que recomendo muito. Pra minha Corrente, a melhor apresentação.
E pra fechar minha Corrente Cultural, fui ao Palco Ruínas acompanhar, ou pelo menos tentar, o show do amado das meninas, Tiago Iorc. O espaço nas Ruínas ficou extremamente pequeno para tanta gente. Tinha um pessoal acompanhando pelo telão e outro nas pontas dos pés para enxergar o palco. O que achei da apresentação: chata. Acho que faltou algo na interação do artista com o público que parecia disperso.
Saldo total da Corrente Cultural 2013: Positivo e Sensacional!! A cada ano as ruas estão mais cheias, o público exigente e a programação e organização sem deixar a desejar. E como disse no ano passado, volto a afirmar que Curitiba tem gente e estrutura para fazer mais de uma Corrente por ano. Com sorrisos e grandes expectativas, que venha a Corrente 2014!
UM ANO DE COLABORAÇÕES
Nesse mês de Dezembro, comemoro e permito que vocês comemorem também um ano das minhas colaborações aqui para o Sobretudo. Passou bem rápido é eu também acho, uma simples publicação tomou uma proporção que eu jamais esperaria. São como aquelas coisas que a gente acha que a vida não faz com a gente. Pois ela vai lá e faz!
Neste um ano, aprendi muita coisa a respeito de arte como um todo. Conheci trabalhos de artistas incríveis, me aprofundei em trabalhos que já conhecia, tomei gosto pelo texto jornalístico, aprendi como fazê-lo e claro, pude desenvolver ideias ótimas.
Só tenho a agradecer de peito e coração abertos ao querido e parceiro Luiz Claúdio pela confiança e por tamanha disposição de espaço e de aceitação às minhas loucuras. rs. E aos demais leitores deste blog, como eu, por terem recebido meus textos tão bem. O sorriso só cresce com a quantidade de “curtir” em cada artigo. E claro obrigado pelos comentários sempre calorosos.
Mas estão achando que a festa acabou?! … Acabou não minha gente!! Se depender de mim, ano que vem tem muito mais artigos aqui no Sobretudo. Tem sido um prazer e uma honra escrever aqui. E, aliás, em time que está vencendo não se mexe né não?! ehehehe.
Um fim de ano cheio de surpresas e alegria pra todo mundo. Nos lemos em 2014!