Aqui, ó, Curitiba

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Da coluna Acordes Locais, que sai às quartas no Caderno G da Gazeta do Povo:

Aqui, ó Curitiba

Se você chegar a Curitiba
Em uma noite de maio
Esqueça a compaixão
Vou te avisar
Aqui não tem mar
E é tudo solitário

Se você chegar a Curitiba
Em uma tarde de abril
Tente manter a calma e os óculos escuros
Aqui na montanha esquecida
Inunda um tamanho azul
Que parece foi o céu que caiu

Não tente sair de Curitiba
Aqui
O que você realiza
Fica aqui

Aqui
Da noite para o dia
Uma amizade esfria

Aqui
Do dia para a noite
O vento e a indiferença
São teu açoite

Aqui
No inverno, em Curitiba
Não há tempo para lamentações

Aqui
A cidade que te ama
Também te esconde
No anonimato das
não-ações
negações
danações

Aqui
É Curitiba
Esta montanha fria
Que burocratas infernizam

Aqui
A neblina é tua guia
Sucesso e aviões não aterrissam
e canções não decolam

Aqui
Em Curitiba
Não adianta pedir socorro
O casaco é feito com o teu próprio couro

Aqui
Em Curitiba
Também
Há veranico
Há casas de madeira
Há pinhão na fogueira
Há versos sendo feitos no estalar da lareira

Sim, nesta cidade inv(f)ernal
Há mimosas no quintal

Sim, nesta montanha fria
Há um céu que acaricia

E há a maldita poesia

Ou havia

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@@Tangerines and Elephants

Quando li o nome Tangerines and Elephants ele imediatamente me fez pensar em arte surrealista ou dadaísta, sempre aberta a livres associações sem a necessidade de que façam sentido. Este é o nome de uma nova banda que nasce em Curitiba e acaba de lançar seu primeiro single, Bunch of Grapes (e agora reúne-se o cacho de uvas às tangerinas e aos elefantes) e que vem acompanhado de uma faixa bônus de nome “10”.

O surreal não apareceu e se dissolveu em acordes de uma bossa nova pop, com pequenas pitadas de psicodelia e rock. Canções redondas.

Nada de novo, volta e meia a tendência de renovar a bossa nova reaparece. No entanto, tudo muito bem produzido por Matheus Duarte, que dá ao som uma pureza, uma limpeza de alto padrão.

@@Janaína Fellini

Desde esta terça-feira (21/08/2012), pelo site Musicoteca, a cantora Janaína Fellini está lançando uma música por semana do seu primeiro álbum (sim, incrível, eu sei, ainda é o primeiro álbum e eu já sou fã há anos). O show de lançamento oficial será em outubro, no Teatro do Paiol. Enquanto isso, vamos nos deliciando aos poucos e a primeira faixa disponibilizada foi Deserto de Algodão, de Dú Gomide. Pela amostra, aí vem um dos discos do ano. E eu vou falar mais sobre isso por aqui.