• Carregando...
Curitiba exporta rock e forró para a Europa
| Foto:

A música e os músicos de Curitiba estão mesmo em todos os cantos e, por vezes, de maneira surpreendente. Na semana passada, escrevi aqui neste espaço sobre a banda de metal Choke, que faz sucesso na América Latina. Hoje, vou falar de rockabilly curitibano na Europa e também de forró em Paris, e vocês perguntarão: “Forró, mas o que Curitiba tem a ver com isso?” Bem, eu explico ainda neste texto.

Hillbilly Rawhide

Divulgação
Hillbilly Rawhide: 22 shows em 5 países europeus com a formação reduzida para a turnê

A boa banda de rockabilly e country rock alternativo Hillbilly Rawhide está em plena turnê europeia neste mês de março. Serão 22 shows passando por cinco países. Entre as apresentações, estão dois grandes festivais de psychobilly: no dia 10 de março, eles tocam no Bedlam Breakout Festival, em Northampton, na Inglaterra; e, no dia 23, será a vez do Psycho Out Circus, em Arnhem, Holanda.

reprodução
Capa do novo disco da Hillbilly Rawhide: Ten Years on the Road

Em terras europeias a banda vai lançar seu quinto disco, Ten Years on the Road, em comemoração aos 10 anos de existência. O trabalho foi produzido no estúdio Audio Stamp, em Curitiba, por Virgilio Milleo, William Fernandez e Hillbilly Rawhide e tem 13 faixas.

O disco foi lançado na Europa por um selo da Bélgica, o Drunkabilly Records, em uma versão especial em vinil. O lançamento no Brasil será na volta, em abril, no Jokers Pub. Para comemorar o aniversário, a banda lançará também o chope Bull Beer, criado especialmente para eles e que ganhou uma música tema, também registrada no disco.

Veja alguns vídeos da Hillbilly Rawhide:

Forró em Paris

Metal e rockabilly são mais comuns, mas o que Curitiba tem a ver com forró em Paris? Há alguns dias recebi o seguinte e-mail:

“Olá Luiz Claudio. Sou de Curitiba e há oito anos moro em Paris. Sou produtor de eventos aqui em Paris e produzo há 3 anos o Ai Que Bom – Festival Forró de Paris. É um evento muito importante para o ritmo, reúne durante quatro dias de festividades mais de 50 artistas, entre professores de dança e músicos do circuito forró pé de serra/universitário. Teria espaço na sua coluna para uma matéria sobre o festival? Tem bastante informação no site do festival: www.aiquebom.com.”

É claro que fiquei curioso. Afinal, forró em Curitiba já não é tão comum assim. Agora, um curitibano fazendo um festival de forró em Paris? Como assim?

A pessoa em questão é Thiago Lima, curitibano que tem a música como hobby. Antes de desembarcar na França para estudar francês, foi técnico de informática, dono de empresa de informática e funcionário do Banco do Brasil. Em Paris, também estudou Direito.

Mas e o forró? Bom, o primeiro contato foi por meio do irmão músico, Israel Álvares Lima, que tocou acordeão em um grupo de forró. “Aquele ambiente descontraído acho que me conquistou já naquele instante. Mas como a vida é cheia de surpresas, me distanciei disso tudo, e vim morar em Paris”, recorda o curitibano.

Na Cidade Luz, para sobreviver enquanto estudava, trabalhou como barman e depois como chefe de bar. A saudade fez com que ele procurasse sempre as conexões com o Brasil. Em encontros na comunidade brasileira por lá, o forró estava sempre presente.

Ele começou a fazer algumas festas em Paris embaladas pelo ritmo nordestino. A brincadeira foi crescendo até que se profissionalizou. Hoje, ele comanda uma equipe técnica de dez pessoas, aluga 2 mil metros quadrados de salas de dança, promove festas em quatro lugares diferentes da capital francesa e programa até um cruzeiro embalado a forró pelo Rio Sena. O Ai Que Bom – Festival de Forró de Paris acontecerá entre os dias 29 de março e 1 º de abril. O evento tem um orçamento mínimo de R$ 90 mil e é autofinanciado.

Thiago Lima também ataca de DJ e está estendendo a produção para outros ritmos. Acaba de capitanear a turnê europeia de uma banda de “brazilian jazz”, a Entrevero Instrumental. Mas quer saber do que este curitibano gosta mesmo? “O forró é de longe a produção a que eu mais me dedico, é uma verdadeira paixão. Minha esposa, encontrei no forró. Trabalho com forró. Viajo com o forró. Tiro férias no forró.” É Curitiba em todos os ritmos e lugares, até nos mais inusitados.

Leia entrevista completa com Thiago Lima, feita em troca de e-mails:

Agora quero saber como um cara de Curitiba cria um festival de forró em Paris. Dá para explicar?

Minha história com o forró começou de forma bastante superficial. Quem se interessou primeiro foi meu irmão, Israel Alvares Lima, músico formado na FAP, multi-instrumentisque que é, aprendeu a tocar acordeon e logo começou a tocar em um grupo de forró. Me lembro da primeira apresentação dele com um grupo do cantor Ariel Mujica. Aquele ambiente descontraído acho que me conquistou já naquele instante. Mas como a vida é cheia de surpresas, me distanciei disso tudo, e vim morar em Paris.

Passaram-se alguns anos, até que a necessidade de ter um “Brasil” mais perto, mais acessível surgiu, de tanta saudade de “casa”.

Eu vou todo ano pro Brasil, mas 1 vez ao ano é pouco, então comecei a procurar a comunidade brasileira em Paris. Logo fiz vários amigos, e começamos a fazer algumas festas. E uma coisa puxa a outra, de amador me tornei profissional do ramo de eventos.

Você já trabalhava com forró antes ou começou a se interessar na Europa?

Então, essa ficou fácil. De uma maneira geral nunca trabalhei com música no Brasil. Sempre estive por perto, trabalhava na rádio do Colégio Estadual do Paraná; minha família toda são músicos; mas pessoalmente sempre foi um hobbie distante.

Além do forró, você trabalha com outras produções?

O forró é de longe a produção que eu mais me dedico, é uma verdadeira paixão, minha esposa encontrei no forró. Trabalho com forró. Viajo com o forró. Tiro férias no forró.

Mas este ano a ideia é expandir para outros ritmos, aproveitar o know-how na produção de grupos brasileiros, para acolher músicos de outras vertentes. O primeiro grupo dessa “expansão” a ser recebido é o grupo Entrevero Instrumental. Um grupo de “Brazilian Jazz”, música instrumental regional, que ganhou varios prêmios, e onde aquele irmão sanfoneiro, tocou durante um tempo. Recentemente me encontrei com o baterista em Roma, e decidi apoiá-los nessa turnê pela Europa.

Agora o “Ai Que Bom” é um projeto gigantesco, que envolve mais de 50 artistas, uma equipe técnica de 10 pessoas, 2000 m2 de salas de dança, festas em 4 lugares diferentes, sendo o sábado um cruzeiro pelo Rio Sena.

Grupos e professores de dança do Brasil e da Europa, e um orçamento direto superior a 90 mil reais. 100% auto-financiado.
Mas confesso que falar do Ai Que Bom ainda é uma tarefa complicada pra gente. Falar do Ai Que Bom é também falar de si. É realmente u m projeto que carrega uma carga muito grande de paixão.

Se não for muita indiscrição, por que você foi para a França? Foi a trabalho, foi por ir e foi ficando? Você trabalhava aqui antes? Qual a tua formação (além do forró, é claro) ou emprego anterior aqui em Curitiba e na França? Teu irmão continua tocando? Também continua no forró?

Então, sempre fui uma pessoa que gosta de viajar e fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Minha formação inicial foi na informática, tive uma pequena empresa, trabalhei algum tempo com isso. Mas quando morei em Brasília organizei um concerto piano e acordeon no teatro da Anatel, onde trabalhei, ou seja, sempre gostei do ramo do espetáculo, mesmo trabalhando com informática.

Minha vinda pra Paris está ligada com a vontade de mudar de vida, à época estava trabalhando no Banco do Brasil, passei no concurso e larguei a empresa de informática. Mas no BB as coisas são muito lineares demais. Como em toda insitituição bancária. E não consegui me adaptar a rigidez necessária/intrínseca a uma empresa gigantesca. Prefiro a personalização/personalidade das pequenas empresas.

Chegando na França adorei, não tinha pretensão de ficar muito tempo, mas acabei ficando 4 meses. Adorei. Voltei ao Brasil e dei entrada nos documentos pra vir estudar por aqui. E assim foi meu começo aqui, estudando francês, depois faculdade de direito.

Na frança enquanto estudava trabalhei muito tempo como barman, depois chefe de bar.
Atualmente meu trabalho é 100% produção e discotecagem.

Sobre meu irmão ele ainda toca, mas não é mais a atividade principal dele, atualmente ele trabalha com import/export., mas ainda toca em alguma gig em curitiba.

Aqui nesse links tem algumas fotos maneiras do forró na torre eiffel. Fizemos um flashmob forró em frente a torre.

https://www.facebook.com/media/set/?set=a.418848678159383.96992.277679005609685&type=1&l=72cbb06d85

https://www.facebook.com/media/set/?set=a.1156189141683.24640.1136353271&type=1&l=01781bbd92

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]