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Dois poemas sobre a chuva

Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Ninguém aguenta mais tanta chuva, tanto tempo fechado. Mas mesmo o mau tempo pode ser inspirador. Reproduzo aqui dois poemas sobre a chuva publicados no meu blog Punkpoemas:

Curitiba enchuvada

Gota a gota As balas de chuva Caem e penetram Sofrimento liquido Feridas e sequelas Invisíveis pero profundas

Sítio de nuvens Paliçadas de água

O sangue lavado Escorre pelas vielas Inunda a cidade Que derrete

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Um homem chove

Vento

Chuva sobre o arame

Raios

Clarões

Instantes de visão

Um homem na chuva

Atrás do arame

Imóvel

Capacete

Capa enorme

Botas

Fuzil nas mãos

Um homem sem rosto

Imóvel

Constante como a chuva

Atrás do arame

O vento sopra a capa

Um raio ilumina um olho

Ele tem rosto

Barba de alguns dias

Os dias que chove

E que ele está ali

Imóvel

Constante

Fuzil nas mãos

Olhos fixos

No sangue

Que cai

E escorre com a chuva

Um rosto duro

Violento

Impassível

Espera

Seu sangue escorrer

Não pode segurá-lo

Com o fuzil

nas mãos

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