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Os anos 80 estão com cabelos brancos, a agilidade prejudicada pelo abraço adiposo em torno da cintura, mas, sobre o palco, a técnica e a experiência pouco diminuem a fúria do rock curitibano e gaúcho. Na virada de sexta para sábado, subiram ao palco do Jokers, em Curitiba, as bandas Ferryboat, curitibana que fazia a sua estreia, e a gaúcha DeFalla, que faz uma reestreia.

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Luiz Ferreira, guitarrista, cavaquinista e compositor do Beijo AA Força, Maxixe Machine e Marlenes, estreou em projeto solo em que recrutou o baterista Rolando Castello Junior (baterista da Patrulha do Espaço e que tocou no primeiro LP do BAAF) e Alberto (Kiko) Lins, baterista, violonista, baixista e colega de Maxixe Machine (e Opinião Pública). E mais o baixo poderoso de Angelo Stroparo (ex-Macumbaria). Tocando por vezes com duas baterias ao mesmo tempo, essa foi a formação da Ferryboat para mostrar o repertório do primeiro disco da banda, o “10 dias na praia”.

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“Ferry Ferreira boat”, do alto de toda sua experiência, mal conseguia segurar o nervosismo e parecia um adolescente estreando. O espetáculo começou cuidadoso o que prejudicou as primeiras canções, mas aos poucos foi se soltando. Chegaram ao ponto alto com os punkrocks e o “Blues das sombras”, parceria de Ferreira com Alice Ruiz.

Os arranjos de um repertório só se ajeitam mesmo nos shows. Quanto mais se toca, mais “azeitada” fica a engrenagem. Então, meu caro Ferreira, como você está cansado de saber, o jeito é tocar e tocar para ir corrigindo os pequenos problemas.

O clássico DeFalla

A grande atração da noite era mesmo a volta do DeFalla em sua formação do primeiro disco, o clássico “Papaparty”. Estão novamente reunidos o frontman Edu K, a debulhadora batera Biba Meira, o senhor riffs Castor Daudt e o beatbaixo de Flu Santos.

A velha guarda em peso e alguns jovens curiosos formavam a a plateia do Jokers quando as cortinas se abriram acabando com um hiato de vinte e tantos anos que essa mesma formação não aparecia por Curitiba.

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Edu K, bem mais colorido do que o preto de outrora e com a mão agitada por dentro da calça se mostrava o provocador que aprendeu a ser em outras fases do DeFalla e da carreira solo.

A mão, que começou o show à frente, passou para a parte de trás do cantor no fim da música “Sodomia”, uma das várias recuperadas do início da carreira. O espetáculo foi mais para o lado funkeado do que o metalizado.

As performances de K junto com a coerência e a unidade sonora do trio Biba, Castor e Flu, que parecem nunca ter parado de tocar juntos, mostram que a banda não é só saudade e ainda tem lugar no cenário rock brasileiro atual, tão carente de provocações, ousadia e criatividade.