O colaborador Carlão Oliveira generosamente nos escreve contando o que achou do show do Jethro Tull no Guairão. Se você viu, mande também a sua opinião.

CARREGANDO :)

Pontualidade quase britânica. Passavam alguns poucos minutos das 21h, quando no palco do Guairão aparecem: Ian Anderson, 59 anos, uma bandana e uma harmônica; Martin Barre, 60 anos, cãs e uma guitarra. E atacam de “Someday the Sun Won’t Shine for You”, um blues que está lá no primeiro disco do Jethro Tull, ‘This Was’, de 1968.

Na platéia, uma molecada de cabelos compridos e camisetas do Jethro, muita gente na faixa dos trinta anos e alguns poucos coroas. Guairão lotado. No palco a velha alquimia: blues, música clássica, folk, rock e algum jazz. Na batera, o Doane Perry, que já está na banda há muito tempo. Mais baixo e teclados/acordeão. E uma violinista convidada, Ann Marie Calhoun, excelente.

Publicidade

O velho sátiro fez tudo aquilo que dele se espera: tocou flauta e violão, ficou numa perna só, andou como se fauno fosse, fez gestos obscenos com sua flauta, dançou lubricamente em torno da jovem violinista. E contou histórias, fez piadas, falou mal do Bush enquanto elogiava as pessoas e a música americanas…

Deja vu? De jeito nenhum. Músicas novas, novos arranjos para velhos sucessos, a banda pra lá de entrosada, solos fantásticos. “Budapest”, “Aqualung” (apresentada como “Smoke on the Waters), “America” (aquela do Bernstein e que está na trilha de West Side Story) ganharam improvisações, viraram longas suítes. E um bis com uma pesadíssima “Locomotive Breath”, pra ninguém esquecer que o Jethro já ganhou um Grammy na categoria ‘Best Hard Rock/Metal Performance’, em 1989.

Belíssimo espetáculo. A piazada queria pular, bater palmas, cantar junto, chacoalhar a cabeleira. Mas a música da banda não permite este comportamento. As variações de andamento, os longos solos, tem que ser degustados confortavelmente, em todas as suas nuanças. Pra isso muito ajudou o conforto e a acústica do Guairão. Um PA pequeno tornou o som plenamente audível sem ser excessivamente alto. Perfeito.