A ideia de distorcer o som do cavaquinho e fazê-lo soar como um instrumento de rock já vem sendo experimentada pelo músico Otávio Madureira, o Madu, há mais de uma década. Ele passou a se interessar por música brasileira só depois de ouvir Sepultura e seus discos “Chaos AD” e “Roots”, e os pernambucanos do mangue beat. O Próprio Madu explica o processo:
“Eu falava tanto em Mundo Livre que uma namorada me deu um cavaquinho (algo que eu não teria comprado de jeito nenhum). Quando peguei o cavaco, a primeira coisa que eu vi foi que eu não iria aprender a tocar aquilo direito… daí lembrei do Tom Morello, do Rage Against The Machine (outra banda que me influenciou a vida inteira). Já que eu jamais iria conseguir aprender a tocar cavaquinho como os paulistas, ou os cariocas, que vivem o samba no seu dia a dia, decidi transformar o cavaco em outro instrumento e tocar como um bom curitibano metaleiro… como o Morello fez da guitarra dele uma pickup de DJ, imitando os elementos do rap. E assim, no fim de 2001, com minha banda, inseri o cavaquinho no meu amplificador de guitarra, usando uns pedais de efeito.”
Com essa proposta, a banda Zacempre fez alguns shows com o rapper Black Alien (ex-Planet Hemp) e com a Mundo Livre S/A, com quem tem uma história interessante:
“Depois do show deles, eles ficaram pra ver o nosso e quando a gente começou a tocar, caiu o queixo dos caras! Até que a gente falou “pô, a gente nunca toca cover… o unico cover q a gente toca na vida é do Mundo Livre e a gente queria pedir licença pra tocar uma deles…” Os caras piraram, subiram no palco junto, cantaram junto, virou uma jam gigante … O Fred 04, vocalista e cavaquinista da banda, definiu ‘vocês são o samba do sul! É o contrário do que é o manguebeat! A gente é da terra do maracatu, só que queríamos tocar guitarra… pegamos as guitarras pra tocar maracatu e samba… e vocês são do rock, e pegaram os instrumentos de samba pra tocar rock! É o samba do sul!’.”
Cada vez que a MLSA vinha a Curitiba, eles eram convidados para dividir o palco. Porém, quando começava a se destacar, a Zacempre se desintegrou. Madu se decepcionou, mas não esqueceu da proposta e da experiência. Enquanto montava estúdio próprio (o Rec’n Roll) e tocava com outros artistas, manteve a ideia do cavaco metaleiro. Em 2009, decidiu gravar. Mas os músicos da banda já estavam em outra e o resultado é que Madu tocou e gravou quase tudo sozinho e assim surgiu o primeiro EP, “O Samba do Sul”, em 2011, ou seja, dez anos depois do projeto inicial.
O resultado animou Madu a tentar reativar uma banda para um novo disco. “Agora sim, finalizando esse EP novo, vou lançar a banda que inventei há 12 anos”, afirma. A Machete Bomb está composta por ele e mais Rafa, Thiagão, André Nisgoski, Rodriguinho e Menor.
O som do cavaco ficou ainda mais radical. Madu inventou uma simulação de “scratches” no instrumento, talvez influenciado pelo trabalho que faz com a rapper Karol Conká. Recentemente lançou vídeos no YouTube com as gravações do disco e as participações de Big Papo Reto e DJ Ploc na música “Sai da Frente”, e de Alexandre Duayer Chavez, o “Duay”, que já trabalhou com O Rappa, Lulu Santos e Real Coletivo Dub. Petardos que, apesar de já terem quase 15 anos de idade, sopram ar fresco e inovador na música e no rock brasileiro. O novo EP, com a participação de toda a banda deve ser lançado ainda este ano.
Confira o som da Machete Bomb:
Veja os vídeos com a nova formação da banda:
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