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Os bigodes da política
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Eles nunca saem!

Um homem de bigode, meio careca, com seu terno de mau gosto impecável, sobe à tribuna do Senado. Fala da ética, da família, da política. Se diz ora envergonhado, ora injustiçado. Confessa que errou, mas sempre à procura do bem comum. Que pensou em sair, em deixar seu posto, tamanhas as injustiças que lhe foram despejadas sobre as largas costas. Culpa sempre dos inimigos políticos.

O homem de bigode faz do discurso um redemoinho, uma espiral, a qual não conseguimos desenrolar e traçar uma reta entre o início e o fim. Cita muitos culpados, entre os quais quase sempre está a imprensa. Fala do passado tentando nos convencer de que não temos memória. No fio do bigode, garante que foi diferente, que a vida é injusta para os justos e tampouco justa para os injustos.

O homem de bigode cita deuses poderosos e inclementes, capazes de vinganças poderosas para os que cruzam a linha da oposição, tudo, é claro, pelo bem do povo, o povo que elege.

O homem de bigode diz ao povo que fica. Que não sai de onde está. Que até pensou nisso, que a família sofre, mas ele se sacrifica e se martiriza, para ficar onde está.

Não importa o que pensemos, o homem de bigode continuará se sacrificando por nós.

Eles nunca saem!

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