As manifestações pelo Brasil, que de alguma forma copiaram outras pelo mundo, rendem discussões infindáveis a respeito de suas motivações e consequências. Uma das vertentes que mais confundem a todos é a que promove balbúrdia e violência sem reinvindicação alguma. Os auto-intitulados “Black Blocs” ou chamados simplesmente de “mascarados” são dessa facção e tem agido especialmente no Rio de Janeiro, mas logo terão seguidores pelo resto do país.

CARREGANDO :)

O que eles querem? Protestar. Mas será só isso? Sem dúvida eles agem com motivação social pois combinam ações pelas redes sociais e divulgam essas ações pelas mesmas redes, como conquistas. Parecem pichadores que gostam de mostrar seu trabalho como troféus.

Eles são um mix de manifestantes e bandidos. Marginais, no sentido dos que vivem à margem da sociedade. A única maneira que encontram para subverter essa sociedade da qual não gostam é com confrontação e violência.

Publicidade

São uma mistura de niilistas com os personagens do livro “Laranja Mecânica”, do inglês Anthony Burgess, brilhantemente filmado pelo diretor Stanley Kubrick. Assim como “Alex” muitos desses manifestantes querem apenas a violência pela violência. Buscam a adrenalina do confronto sem precisar ter nenhuma ideologia ou reivindicação que os mova. Eles não reivindicam nada, querem o caos e o poder. Sim, a violência lhes dá poder, da mesma forma que o jovem empregado do tráfico sente poder ao empunhar uma arma.

Mas nada é simples nessas manifestações. Junto da destruição niilista, há também o fascismo com ataques a partidos políticos, homossexuais e negros (aconteceu em São Paulo em algumas manifestações violentas, não sei se aconteceu também no Rio). Há ainda os ladrões, que aproveitam para fazer arrastões e assaltar pessoas e estabelecimentos. E há os ingênuos comunistas que acreditam estar derrubando o capitalismo.

Há também um quê de balada estranha cuja dança e canto se dão no meio do quebra-quebra. Para os participantes, tanto faz depredar um banco transnacional ou uma banquinha de revistas, uma rede de fast-food (onde muitos já se alimentaram) ou um pequeno restaurante. O importante é estar no meio da galera, na confusão.

A polícia está mais perdidos do que os intelectuais que tentam refletir e entender o que está acontecendo.

No início, as forças policiais abusaram da violência, com balas de borracha, bombas, gás lacrimogêneo, spray de pimenta e cacetadas a torto e a direito contra manifestantes pacíficos a ponto de só provocar um aumento nas manifestações em todo o país.

Publicidade

Depois, bombardeada pelas críticas e pelos seus superiores, a polícia foi até negligente e permitiu certo quebra-quebra, que poderia ter sido evitado com uma ação mais efetiva e inteligente.

Agora, os secretários de segurança e os policiais mostram não ter aprendido nada com os dois erros e não sabem o que fazer para bloquear os “black blocs”. Os serviços de inteligência são inoperantes e a PM não tem outra estratégia de ação que não seja a de dispersar os manifestantes a base de bombas e balas, que também atingem quem está fora da confusão.

A imprensa, principalmente na televisão, não consegue fugir do chavão: “as manifestações começaram de forma pacífica, mas no final, um pequeno grupo de baderneiros …”.

Enquanto essas manifestações estão derivando para a violência e perdendo o foco político, os nossos congressistas e políticos em geral aproveitam a distração para, entre outras coisas, derrubar ou modificar as leis que lhes impunham maior fiscalização. Enquanto a atenção da opinião pública se volta para a violência dos protestos, nossos governantes nomeiam cupinchas e parceiros de crime para cargos em comissão e alguns são eleitos para altos postos.

E no meio de toda a confusão, a eterna pergunta: quem representa quem?

Publicidade