Rafaela Cardoso, leitora e colaboradora deste blog, para a alegria dos cada vez mais numerosos admiradores, manda mais um texto para compartilhar conosco. Aí vai:
A SUBVERSÃO DA MÚSICA
A atração literária foram os malucos geniais Rettamozzo, Solda e Ivan Justen Santana. Já a atração musical ficou por conta do nosso galã Alexandre Nero.
Não foi a primeira vez em que vi Alexandre cantar ao vivo. Lembro que foi em meados de 2012, durante o projeto SESI Zoom Cultural. Ambas às vezes foram divertidas e importantes.
Nero, nascido como eu (e talvez você) na capital das balas Zequinha, além de ator é um ótimo musicista. Tudo começou com “Vendo Amor: Em Suas Mais Variadas Formas, Tamanhos e Posições”. Só, que não quis “pegar” pra mim as opiniões de blogs e revistas quanto à sua competência musical. Fui atrás das pesquisas, queria descobrir sozinha, queria fazer o meu próprio juízo de valor. Foi quando fui apresentada aos queridos do Grupo Fato, ao Maquinaima e aos pirados da Denorex80. O Fato é maravilhoso, o Maquinaíma ainda não ouvi muita coisa e a Denorex é divertida e doida, muito doida!
Dentre os nove discos lançados que ouvi, já obtive bons resultados pra pesquisa toda. Ela ainda continua em aberto considerando o que vem por aí.
Embora os outros projetos tenham sido sensacionais, “Vendo Amor” me pegou de jeito, acabou com meu status quo. A ideia de mostrar todas as formas de se amar foi, e é sensacional. Dá pra perceber um apanhado bacana das infinitas formas do Amor, do romântico ao da gentileza. Quanto à parte melódica, pra gente sem muita referência como eu, é como Beirut, embora eu tenha ficado contente de saber que Yann Tiersen (compositor Francês) que já ouvira anteriormente, foi objeto de pesquisa para o disco. Bandas de coreto, fanfarra e realejo francês são as referências inseridas. Leveza, calmaria e sangue no olho são as minhas definições para esta obra de Nero.
Quanto às composições, são letras instigantes, cada uma delas com citações e detalhes únicos e muito bem posicionados. Cada composição é um sentimento diferente. Vai dizer, só eu já fiquei excitada ouvindo “Saia”? A declaração de amor contemporânea e saudável – é ótimo pra relação, não é?! Você querer fuder o dia inteiro com seu parceiro(a) é um bom sinal, pra todo mundo. – de “Domingos” (apesar de não entender o porquê das pessoas rirem no refrão) , a sensibilidade e o desejo por manhãs de frio em“Boa Pessoa” (minha versão preferida para a composição de Thiago Chaves e Luiz Felipe Leprevost) e a determinação mesclada com euforia e renovação em “Cadê Meu Jardim?”. As regravações não ficam pra trás, “Não Aprendi Dizer Adeus”, “Carinhoso” e “Acho” ganharam um fôlego tão bonito quanto ao das originais. Já “Chorando em 2001” ganhou vitalidade em máxima potência, é a exortação à vida mais bonita que já ouvi, dá até vontade de sair cantando alto na rua. (Obrigado Carlos Careqa e Chico Mello!)
Nero, tem voz que sorri, é isso mesmo! Tenho a impressão de que ele cantou com um sorriso largo no rosto durante toda a gravação do disco. Ouça a colorida e fofa “Vendo a Vista” e me entenderá. Canção essa, que tem participação do não menos sensacional André Abujamra.
O engraçado de tudo isso, é as pessoas ficando surpresas com a maneira que a sexualidade é tratada no disco. Qual é, o sexo está em nós desde gênesis e a gente com esses tabus da década passada. Atrevo-me a dizer que Michel Foucault (filósofo francês) acharia o “Vendo Amor” no mínimo interessante. – com base em a “Microfisica do Poder” –
Vendo Amor, é um dos melhores discos que ouvi nos últimos dois anos, e é o com que melhor me relacionei e tenho me relacionado. É intrigante, inovador, didático, filosófico – alguma relação com “Filosofando” é mera conhecidência -, sociológico, é um disco pensante, e acima de tudo, subversivo à própria música.
E a subversão não para! Em breve chega “Revendo Amor: Com Pouco Uso, Quase Na Caixa” DVD, documentário, musical e as mais variadas formas de definição originado do “Vendo Amor”.
Pra concluir, Alexandre Nero sabe, ou pelo menos está no caminho, de como otimizar as questões culturais curitibanas, paranaenses e brasileiras de forma original e agridoce. É uma pessoa gentil com quem eu ficaria horas num café colonial batendo papo, rs. É também o curitibano do chope quente na Toca do Tatu.
A meu pedido, ele completou Leminski – “Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é, ainda vai dar uma merda gigantesca!”
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