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Si Mon Ami. {Sí}monami. Simonami. Sim meu amigo

Jornalista que escreve sobre música, adoro quando entram em contato e me apresentam pessoas e trabalhos novos. Principalmente quando é algo bom como o que vou falar aqui. Por vezes, no entanto, muitas coisas acontecem aomesmotempoagora e faltam ouvidos, cérebro, tempo e disposição para promover a convivência pacífica do trabalho que dá prazer com o que dá dinheiro. Adivinhe qual vence? E a gente vai deixando o estresse e a angústia tomarem conta do espaço que deveria ter música. Quando vê, deixou de ouvir.

Foi mais ou menos o que aconteceu comigo neste mês que felizmente chega ao fim. Correria e estresse. E quase acabei deixando passar sem o merecido registro uma ótima indicação para vocês que eu recupero agora, aos 45 minutos do segundo tempo, mas não sem algum prejuízo por não ter dedicado mais tempo a eles. Estou falando de Si, Mon Ami, ou Simonami, ou ainda, {Sí}monami. Entre aqui no site deles e decida você mesmo sobre o nome.


Eles fazem show nesta quinta-feira, no Teatro Paiol e eu recomendo a todos que puderem. Faz bem conhecê-los. Mas antes de falar sobre a música deles, compartilho aqui com vocês um e-mail que recebi do casal Clóvis e Simone, no dia 5 de setembro – oh, porque revelei a data, só para me maldizer ainda mais por não ter me dedicado ao assunto. Na correspondência, eles me apresentavam o grupo. Mas o casal escreve melhor do que eu esta introdução, então aí vai o e-mail recebido:

Ola Luiz, somos seus leitores e admiradores.

Ate certo tempo atras a cena cultural curitibana não conseguia passar do Rio Atuba em direçao a Sao paulo e outro centros. Hoje graças a pessoas como voce nosso caminho esta se estendendo e o que é mais legal, o curitibano está ouvindo sua própria musica. Parabéns!!!

Então, somos Clovis e Simone, dois músicos/compositores curitibanos que temos levado a musica popular brasileira para a Europa desde 2005.

Em 2010 lançamos nosso CD Caffeolê na França. Nesse trabalho, alinhavamos parcerias com poetas e músicos franceses como Jean Charles Carpentier da banda 20 centime dans leau e a compositora Annabelle Cavalin do grupo Lady Arlette.

Com Annabelle, a coisa foi de Santiago, no Chile, passou por Curitiba e terminou em Rouen, na França. Annabelle me falou de uma matéria do jornal frances Le Courrier Nationalle que ela havia lido tratando da história de uma pessoa que vive presa numa propaganda de refrigerante, onde todo dia é sabado, todo dia é alto astral, mas a pessoa nao sente nada disso, só quer fazer seu trabalho que é ser mero guardião de um outdoor de refrigerante… achei poético e que daria um bom enredo pra uma musica e me afligi a compor com ela. Só depois, quando ja estávamos compondo a musica ela me enviou o link da matéria e pasmo, descobri que se tratava de uma história real… bom a musica chama-se La Belle Affaire e estará no Show na voz de Lilian Soares, da banda Simonami, comigo ao violão e Orlando Baumel no Sax. A matéria saiu aqui.

A Simone cantará algumas cançoes que fazem sucesso nos shows na França, quando tocamos com Sanseverino, por exemplo, algumas levadas brasileiras com letra em frances. Nesse show teremos duas estreias, da Banda Simonami na cena cultural curitibana e nós como seus produtores. A banda Simonami tem uma historia bem legal, tocavam na praça Osório, ouvimos eles por meu filho, trouxemos eles pra casa, fomos gravando, a coisa foi tomando forma e esse show no Paiol é o resultado disso tudo.

Bom luiz, estou me alongando, temos um release, fotos para divulgação do show. Queria saber como fazemos para participar do seu Videocast, divulgar o show e tal…bem é isso!

Um abraço

Clovis e Simone

Bom, com isso, estamos devidamente apresentados. E agora, com vocês, a banda Si, Mon Ami (ou simplesmente Simonami, e adorei este ruído que em vez de atrapalhar ajuda com várias interpretações sobre o nome da banda). Diz a lenda que o nome foi dado em homenagem a um alemão, o Simon (Simon, ami), que os viu tocar na praça. Mas a vocalista faz letras em francês e a banda toca e canta músicas em francês.

Algumas músicas são incrivelmente simples. Ingênuas – ou naïf, para continuar no francês. Outras, um pouco mais intimistas. Canções com levada folk e letras em forma de crônica na mais pura tradição da música brasileira (ou seria da música francesa? Talvez galesa?). Enfim, no melhor estilo das canções populares. Levadas em violões folk, mas com dedilhados que por vezes os aproxima do rock, e outras da MPB (impressionante como esta sigla ficou estigmatizada, já é quase um desapreço, mas eu a uso apenas como uma referência de música brasileira mais tradicional).

A banda é formada por Lio, a vocalista que também compõe e se diz inspirada em gente tão variada quanto Priscila Ahn, Morrissey, Ella Fitzgerald e Nina Becker, entre outros. Não citou, mas poderia, a primeira dama francesa Carla Bruni.

Shan é apresentado como o músico que transforma composições de três acordes em algo mais elaborado. Ele cita influências como Heather Woods Broderick, Peter Broderick e Albertinho dos Reys, também entre outros.

Fernanda é a aspirante do grupo e pelas referências parece ser a mais roqueira, pois gosta de ouvir Paramore, Kings of Leon e, mais próximo do clima da banda, Yan Tiersen (e sempre coloque um entre outros no final das citações de influências).

Jean Costa segundo a definição do site, “é desses negros que tocam baixo acústico no ventre da mãe e nascem com black definido”. Dizem que ele chora ao ouvir Marvin Gaye e também é atingido no fígado e no coração por Muve e Originais do Samba (que junção, ein, mas o mundo hoje é assim, explico para aqueles que já passaram dos trinta e muitos, e acrescento: ainda bem, pois gosto dessas misturas).

Por último, mas não menos importante, a caçula Nane Soares, que vive na ponte térrea entre Curitiba e Londrina, caminho que ela percorre ouvindo Lenine, Yelle (ela vem aí), Te Vejo Em Breve e Justice.

No encontro que une essa mistura de personalidades e gostos, o caldo musical resultante são canções que vão desde um encontro de amor platônico entre uma funcionária de padaria e um cliente; ou alguém que descobre que lhe nasceu um pelo branco (como estes meninos podem já falar em envelhecer?); ou a constatação que falta apenas um minuto para o fim do mundo. E por aí vão.

As peripécias vocais são tão atuais, tão modernas, que remetem aos anos 50 e 60. Mas peguem quase todas as influências citadas acima e verão que elas fazem um sentido sonoro que se materializa nos arranjos e vocalização do {Sí}monami.

Dar rótulos é limitar, é diminuir um trabalho, mas numa tentativa de ajudar a quem ainda quer se situar, apesar de todas as trilhas sugeridas acima, diria que o trabalho é pop, apesar de ser um pouco lento e reflexivo para consumo imediato. Não trazem refrões grudentos (ou será que trazem?), mas são canções fáceis de cantar e assobiar. Podem ser tanto ouvidos em momentos íntimistas quanto em shows, com o inevitável balançar de luzes de celulares ao alto.

Abaixo, algumas músicas que espero sirvam de convite para vocês irem ao show e ouvirem esta nova banda paranaense.

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