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Thaïs Morell adota o trema e a Espanha em Cancioneira
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Da Coluna Acordes Locais, publicada às quartas-feiras, na Gazeta do Povo:

Reprodução
Capa do disco Cancioneira, primeiro trabalho de Thaïs Morell gravado em terras espanholas.

A curitibana Thaïs Morell (www.thaismorell.com) é uma música solta no mundo. No início dos anos 2000, participou, entre outros, do Grupo Bayaka, que tinha como lema tocar a música dos povos do mundo. Em 2007, foi para a Finlândia fazer um mestrado e de lá partiu para um intercâmbio em Gana, em 2008. Na África, conheceu uns espanhóis e trocou o frio finlandês pelo calor de Valência, onde hoje cursa o mestrado em … claro, etnomusicologia.

A cantora, compositora e violonista se transmutou pela música. As mudanças não pouparam nem seu nome. Ainda em Curitiba, resumiu o italiano Morellato para Morell e ficou surpresa quando encontrou vários Morell entre os espanhóis de Valência. Para ficar ainda mais espanhola, adotou o trema no primeiro nome. “Aqui, se não tem trema, as pessoas me chamam de Tháis, com a sílaba tônica no THA”, explica.

Pois foi com trema em Thaïs que ela assinou seu primeiro disco espanhol, Cancioneira (Sedajazz Records, 2012), lançado no dia 12 de maio no recém-inaugurado La Rambleta, um café teatro de Valência, que ficou lotado.

De lá do Mediterrâneo, quem sabe comendo uma paella valenciana, Thaïs nos enviou um depoimento sobre o novo trabalho que eu reproduzo aqui:

CANCIONEIRA, Thaïs Morell (Sedajazz Records, 2012)

O disco foi autoproduzido e publicado pelo selo Sedajazz Records, uma empresa de mais de 20 anos dedicados a promover e difundir o jazz em suas mais variadas vertentes, em diferentes campos: organizam e promovem shows, festivais, ciclos de concertos jazz, cursos de formação permanente de vários instrumentos e teoria musical, oficinas de música (jazz) em diversas cidades, tem uma big band própria, selo discográfico próprio, etc. Eu defino o disco como MPB. Quem é de fora do Brasil e não está familiarizado com esse termo não entende todo o universo de estilos que ele pode abranger; então aqui também chamam de “world-music” ou “música brasileña, jazz y folclore”.

Sobre o momento de gravar o disco:

Ao chegar em Valencia, em 2009, para estudar um mestrado em Etnomusicologia, eu já tinha o plano de gravar o disco e encontrei uma formação para a banda que vi ideal para fechar as ideias musicais que eu tinha/tenho no momento: eu na voz e violão (pandeiro e pífano em algumas músicas); um percussionista que trabalha com um grande set de percussões, com um vínculo forte com o flamenco mas muito versátil, aberto a muitos estilos de música (David Gadea); um baixo-acústico vindo da cena jazz muito preciso e criativo (Ales Cesarini); e um flautista com estudos do clássico e do jazz, que também toca piano em algumas músicas do show (Andrés Belmonte).

Com este time de músicos excelentes e de mente aberta e com relativamente pouca experiência inicial com a música brasileira, senti que finalmente era o momento de registrar as minhas canções, pois eu conseguiria dar outras visões ao meu próprio conceito de MPB.

A escolha das músicas:

Fiz uma seleção das minhas composições que eu mais gostava, e das que o arranjo “fluiu” melhor nos ensaios. Eu fiz questão de incluir no repertório temas folclóricos, porque é uma grande paixão que eu tenho, as expressões musicais tradicionais de diferentes culturas… Tentei até incluir 2 temas em espanhol, mas acabaram ficando para um próximo disco por vários motivos.

Ao total são 12 canções: 7 canções minhas, música e letra; uma composição com a Ana Larousse (Pra Viver Mais Lento), e uma parceria com o Otto Nascarella e Bruna Buschle (Pindaíba). E os três temas de folclore: um de Gana, um da Argentina, e um que mescla um tema brasileiro com um tema finlandês.

Os arranjos:

A maioria dos arranjos fiz em parceria com o David (percussionista); foi muito importante a participação dele porque ele ajudou a desconstruir os ritmos, que é uma constante muito importante na minha música: têm vários ritmos brasileiros presentes no disco mas quase sempre tocados com instrumentos que não são os tradicionais e, geralmente, não estão todos os motivos rítmicos que compõem o ritmo, etc. Também fiz questão de desenvolver e incluir alguns arranjos vocais, que é uma verdadeira paixão que tenho, que eu descobri nos meus tempos do grupo Bayaka! (FAP)

Tive a sorte de ter três arranjos feitos por verdadeiros mestres: Ximo Tebar, um ícone e veterano da guitarra jazz na Espanha, fez um arranjo para “Pindaíba” há dois anos, e entrou no disco com uma gravação maravilhosa dele com músicos de jazz de Nova York, que estavam em Valencia gravando um disco dele na mesma época. Alberto Palau, um dos pianistas mais expoentes e requisitados da cena local, arranjou maravilhosamente para o piano “Pra Viver Mais Lento”, uma pérola. E Juan de Pilar, um violonista flamenco de muita técnica e bom gosto, arranjou o tema argentino “Zamba de la Candelaria” (Eduardo Falú/Jaime Dávalos), que eu fiz letras em português, e ficou esse encontro lindo “Argentina-Espanha-Brasil”.

Outras participações no disco:

Tive também a sorte de fazer amizade aqui com outros músicos ótimos, que com prazer aceitaram compartilhar o seu talento no meu disco: Toni Belenguer (trombone em “Cancioneira” e “Frevinho da Flor do Caminho”), Matthieu Saglio (cellista francês consagrado, cello em “Caminho”), Rogerio Campas (baixista angolano, toca em 4 faixas). E diretamente de Curitiba ( =] ) o cantor e percussionista Daniel Farah em passagem pela Espanha, me visita justamente na semana que eu tinha acabado de compor um tema, que entrou no disco quase sem querer (o disco já estava quase todo gravado quando fiz esse tema), e que ficou com um colorido muito especial a duas vozes, “Passa, Repassa”.

Gravação:

A gravação foi um processo lento entre abril e setembro de 2011 pois eu me dividia com várias outras atividades (foram 25 dias de estúdio num intervalo de 6 meses!). É algo que me lembro com muita saudade, gravar e criar é uma delícia. Quando cheguei em casa do último dia de gravação, já comecei a pensar no próximo disco…! (rs) Aí veio a mixagem que também foi feita sem pressa, terminamos em janeiro, e a masterização ficou pronta em fevereiro.

Lançamento:

O lançamento foi feito em pequena escala, eu no momento não tenho agencia de marketing, manager ou produtor, então vou administrando estas tarefas dentro da minha capacidade. Fizemos uma tiragem de 1.000 cópias, e destinaremos parte para a distribuidora do selo que trabalha com a Fnac e Corte Inglés, os dois destinos básicos na Espanha de qualquer produção discográfica. Também venderemos por internet pelo site BandCamp (em breve) e pelo site do selo (www.sedajazz.es) ou diretamente comigo por facebook, email, por depósito bancário, etc. A maioria dos discos fica comigo para vender em shows.

O show de lançamento aconteceu sábado, dia 12/05, num café-teatro novo na cidade e muito bonito chamado La Rambleta, com capacidade para 150 pessoas, foi organizado por mim também, com participação especial de músicos que colaboraram no disco: Ximo Tebar, Alberto Palau e Juan de Pilar. Casa cheia, muitos elogios e muitos discos vendidos! Estamos superfelizes!

Crítica (não oficial) do show de lançamento:

“El sábado tuve la suerte de presenciar la consagración de una gran persona a quien me enorgullece llamar amiga, ser testigo de su éxito y compartirlo con gente maravillosa.

Thaïs Morell apareció radiante ante la audiencia congregada en La Rambleta. Nos regaló un espectáculo de gran calidad musical y humana, y se reveló como una artista completa, de maravillosa voz, presencia, simpatía, y una gran capacidad de transmitir todas las emociones que plasma en sus canciones. Temas para los que no se necesita traducción, pues han nacido desde el corazón.

Emocionada pero serena, grande pero humilde, brilló con luz propia en un escenario en el que se palpaban el cariño y la ilusión de un proyecto madurado, fruto del esfuerzo, trabajo y constancia de alguien para quien la música es su pasión, su forma de vida, y ha encontrado en su camino personas que comparten esa misma ilusión para poder concretarlo en un álbum. Y eso es Cancioneira.”

Críticas disco:

“Despierta Cancioneira en un juego de voces. Despierta una historia musicalmente personal acuñada en los doce temas que se conjugan en apertura y diversidad como una presentación de manos abiertas.
Thais Morell lleva la marca de su Curitiba natal, pero los quilómetros en busca de estímulos y nuevas realidades sonoras impregnan cada una de sus composiciones. Conexiones de mundos dispares por las vivencias de la caprichosa luz en Finlandia y del sabor del aire de Ghana. Por una nueva cotidianidad en España. Blanco helado, tierra rojiza y quejido de madera que se diluyen en la creación de una joven acuarela de personalidad y firme carácter musical, pero con la constante que es el faro de unos ojos verdes que apuntan, fieles, a Brasil. Los pies descalzos en el origen, esa rica tradición rítmica de su tierra. Una esencia permeable a los impulsos que toman forma en los días de jazz de esta cantante y multinstrumentista. Porque la voz de Thais Morell se entiende, también, a través del tañido de su pandeiro, en el sonido encontrado delicadamente en un pífano, en una guitarra.
Despierta Cancioneira como forma de entender unas raíces con voz propia. Despierta como evocación en un canto que va de la boca a los instrumentos de sus manos.” Marta Ramón, jornalista – Valencia, 03/2012

“Cantora, compositora, multinstrumentista e dona de um estilo próprio mesclando a tradição brasileira com os quatro cantos da world music Thais Morell é uma artista impecável e completa. Seja convidado a apreciar músicas lindas, cheias de riquezas rítmicas e harmônicas, sem contar as belas surpresas poéticas contidas em cada uma de suas canções. Um parágrafo é pouco para descrever a arte desta curitibana, cidadã do mundo, uma das novas descobertas musicais atuais.” Rubens de la Corte, guitarrista, compositor, produtor – Nova York 03/2012 – www.rubensdelacorte.com.

Para ver:

Para ouvir:

Para comprar:
http://www.sedajazz.es/sedajazz_records_produccion_discografica_item.php?id=26

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