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Uma Estrela sonora para Leminski
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Da coluna Acordes Locais, que sai toda quarta-feira no jornal Gazeta do Povo:

Arquivo/Gazeta do Povo
Leminski estabeleceu parcerias com intérpretes do rock ao chorinho

Salve amigos. Estrela Leminski, escritora e compositora, fez um projeto para preservar parte da obra do pai, Paulo Leminski. O trabalho foi inicialmente recusado pela subcomissão de música da Lei de Incentivo à Cultura de Curitiba. Estrela entrou com recurso e, na segunda avaliação, ele foi aprovado. Pedi que contasse tudo sobre o projeto e ela me enviou o e-mail abaixo:

“Oi Luiz, você pediu pra contar tudo e me senti no divã do analista: por onde começo? Então segue o mesmo molde, pela infância. Eu cresci ouvindo as músicas do meu pai. Aliás, minha mãe teve as primeiras contrações ao chegar lá em casa o disco Outras Palavras de Caetano com sua gravação de ‘Verdura’, que, saibam de uma vez por todas, não é parceria com Caetano, é letra e música do Paulo Leminski.

Depois disso foi uma sequência de parcerias do rock ao chorinho: Blindagem, Moraes Moreira, Lucinha Turnbull, Marinho Gallera, Paulo Vítola. E muitos outros que em sua maioria foram parar nas gravações de seus discos pessoais.

Meu pai era escritor, que é um fazer solitário. Está claro pra mim que essas parcerias serviam também como oportunidade de criar junto, trocar ideias. Acontece que as músicas que meu pai fez iam ficando pra outra vez, outra gravação, outra voz. Meu pai mesmo era desafinado, e não ligava pra isso, mas também não se colocou como intérprete de suas composições. Um show no Paiol se muito. Mas eu, e muitos outros que conviveram na época, conhecemos decor alguma dessas composições. A grande maioria presentes em fitas cassete, algumas com bolor, registram uma de suas primeiras músicas ‘Luzes’. Na fita chiada ele diz ‘hoje é dia 6 de março de 1971, são duas horas da madrugada e está fazendo sol…’ dias depois de a minha irmã Áurea nascer.

Há dois anos, por conta dos 20 anos sem Leminski, São Paulo (ao contrário de Curitiba) fez grandes homenagens para ele, principalmente através do Itaú Cultural e do Sesc. Fui chamada então para montar um show com suas composições. Tinha um material imenso nas mãos, agravado pelo fato de que nesses 20 anos pessoas incríveis fizeram parcerias com suas poesias: Zeca Baleiro, Arnaldo Antunes, Zé Miguel Wisnik, Itamar Assumpção, Vítor Ramil, Natalia Mallo. Então tive que decidir como escolher só 13 músicas. Decidi ter um pouco de cada, das consagradas gravadas (‘Dor Elegante’, ‘Verdura’, ‘Reza e Luzes’) a inéditas, algumas letra e música dele.

Além disso, precisei deixar o ego de lado e pensar ‘o que ele escolheria para fazer um show desses?’ Não foi melhor ou pior do que o recorte de ninguém, mas foi tendo em vista materiais que ninguém conhece, e tendo em vista seu gosto pessoal, do que ele mesmo gostava de ouvir. O show foi lindo. Quem foi em um dos dias (ambos cheios) quando me encontra não deixa de perguntar: Quando terá outro? E o disco quando sai? Agora, dois anos depois eu posso dizer que vai sair. Um não, dois. Um com esse repertório mix (que apresento agora dias 18 e 19 de novembro no Paiol, ao lado Zé Miguel Wisnik) e outro só de inéditas, todas letra e música do Paulo. E ainda será pouco, mas vai ser demais.”

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