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Uma voz que se insere na rica tradição musical brasileira

Da coluna Acordes Locais, publicada às quartas no Caderno G da Gazeta do Povo:

Leonardo Franco / Divulgação
Iria Braga: voz que se insere na rica tradição musical brasileira

A cantora e compositora Iria Braga lança hoje à noite o seu aguardado disco solo. O lançamento do álbum homônimo será no Wonka Bar (R. Trajano Reis, 326, São Francisco), (41) 3026-6272, a partir das 22 horas.

A bela voz é emoldurada por um time fera de instrumentistas que fará o disco ser apreciado tanto por quem gosta de cantoras, ou de canções em voz feminina, quanto por quem gosta de música instrumental (principalmente os ligados em música brasileira com influências do jazz).

A concepção artística, produção e escolha de repertório são da própria Iria, que fez uma bela parceria sonora com o produtor e arranjador Oliver Pellet. Ele reuniu um time fera de músicos em torno de suas propostas.

Como os músicos são os mesmos na maior parte das faixas, o som ficou parecido com o de uma banda – pelo estilo de MPB, talvez seja melhor chamar de conjunto musical, em vez de banda, que daria uma ideia mais pop e não expressa bem o que é esse trabalho. Além de Braga e Pellet, completam o time Davi Sartori (piano e Rhodes), Denis Mariano (bateria), Sandro Guaraná (baixo fretless), Alexandro Ribeiro (clarinete) e Alonso Figueroa (efeitos e samples).

É mais uma criação “fora da lei”, ou seja, um dos poucos lançamentos musicais de Curitiba que não têm apoio na Lei de Incentivo à Cultura do município e é feito às próprias custas. Por isso demorou tanto para ser concluído. Foi gravado no estúdio Gramofone + Musical entre janeiro e março do ano passado.

Ressalte-se aqui o trabalho do estúdio Gramofone, que ao ter recusado vários projetos pela comissão de aprovação da Lei de Incentivo à Cultura de Curitiba, decidiu abrir as portas para os músicos por conta própria. Assim, permite que, além de Iria, outros discos estejam surgindo num futuro próximo (espero). São os casos de Juliana Cortes, Luiza Wuaden, João Pedro, Glauco Sölter, Daniel Migliavacca, Ana Larousse, Leo Fressato, Lydio Roberto e Marcelo Cigano. Além dos já lançados de Janaina Fellini, Baque Solto e Encanto de Brincar (Hospital Pequeno Príncipe).

O disco

Na estreia é compreensível e comum que o artista seja um tanto eclético, escolhendo vários estilos de música. Na linguagem popular, dizemos que ele atira para todos os lados para ver onde acerta. É quase o caso de Iria que, apesar de já ter discos com o Molungo, agora assume a carreira solo.

Ela escolheu músicas tão díspares quanto “Peito Vazio” (Cartola e Elton Medeiros), “Crotalus Terrificus” (Arrigo Barnabé e Paulinho da Viola) e “Habanera” (Georges Bizet, na versão em francês). E ainda “Baião do Mato”, composição prória dela em parceria com Elizabeth Fadel; “Mana” (domínio público, que abre os trabalhos), “Estrela de Sal” (Wagner Barbosa), “Chapéu de Sobra (Dú Gomide e Estrela Leminski) e “Tempo Água” (Indioney Rodrigues, que também faz o texto de apresentação do disco).

Mas há uma unidade na voz límpida de olho d’água de Iria Braga se espalhando pelas músicas languidamente, com seu tom agudo redondo, um timbre suave, nada anguloso, sem pontas de flecha. Somado aos arranjos de Oliver Pellet, já referido, que lembram grupos musicais instrumentais.

É um disco não pop. Sem grandes inovações, está mais para o tradicional, no sentido que avança e atualiza uma das mais lindas tradições musicais brasileiras. Algo assim como se o Zimbo Trio de repente contratasse uma cantora (ou se uma cantora contratasse o Zimbo Trio e permitisse que o grupo continuasse com a liberdade musical). Reforçando essa impressão, há no disco um tema instrumental na faixa 8, “Ginga do Mameluco”, composição do próprio Oliver Pellet.

Nesse sentido, a estreia solo é completamente diferente de suas performances energéticas e dançantes do passado com o Grupo Molungo. Agora, ela está um tanto mais intimista, sem tantos elementos percussivos e vibrantes. A bela voz de Iria está mais no aconchego, mais na harmonia do que no ritmo. É mais um instrumento que, com ou sem palavras, fala música.

Uma voz que se insere na rica tradição musical brasileira.

Acompanhe o vídeo de “Baião do Mato”, canção que está no disco em arranjo semelhante, mas com outros músicos:

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