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Há certo tipo de música que nos remete à infância, mesmo para os que foram criados ao som de taquara rachada de Xuxa.

Há um som que, mais do que nos acompanhar, nos antecede. É o som dos nossos antepassados. É o som dos nossos sonhos. Está dentro da gente e o conhecemos mesmo sem saber como.

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Hoje em dia, falar em sertanejo ou música caipira é um perigo, por causa do sempre repetente e repetitivo rótulo de universitário. Para evitar essa confusão, para tratar deste som descrito aí acima, agora se fala em música de raiz. E para quem a aprecia ou quer conhecer a nossa essência, hoje é um dia especial. Viola Quebrada canta Cascatinha e Inhana no Guairão, em Curitiba para marcar o lançamento de um DVD.

Veja vídeo de ensaio da Viola Quebrada, na casa do violeiro Rogério Gulin.

Viola Quebrada

O grupo paranaense Viola Quebrada é um dos principais representantes deste tipo de música brasileira de raiz. Aprofunda-se neste som e resgata preciosidades, que interpreta não de uma maneira saudosista, mas, respeitando a tradição, com arranjos mais modernos, embora não menos singelos.

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Vem fazendo isso há 12 anos. Tem quatro discos lançados. Tocou em projetos e em discos junto com a dupla Pena Branca & Xavantinho, o violeiro e pesquisador Roberto Corrêa, a cantora Alaíde Costa e o compositor e cantor Zeca Baleiro. Correu Brasil com o Projeto Pixinguinha.

Sempre com a proposta de se aprofundar na música de raiz – mas não só, pois tem gravações de Paulo Leminski, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Zeca Baleiro e Edu lobo -, fez centenas de shows pelo país. No ano passado, num encontro muito feliz que vinha amadurecendo há seis anos, eles mergulharam no repertório de Ana e Francisco, que vieram a ser conhecidos como a dupla caipira Cascatinha e Inhana. E bota conhecidos nisto.

Em 1951, a dupla lançou um disco (na ápoca ainda de acetado e de 78 rotações por minuto) que tinha de um lado a composição “Índia” e de outro “Meu Primeiro Amor”. O resultado foi dois milhões e meio de discos vendidos, além de telefones e auditórios de rádios congestionados pedindo pelos dois – naquela época ainda não havia televisão.

Cascatinha & Inhana em cena de um especial na TV Cultura, nos anos 70, cantando seu grande sucesso “Meu Primeiro Amor” de Jimenez, Fortuna e Pinheirinho.

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Mário de Aratanha

A concretização do encontro da Viola Quebrada com Cascatinha e Inhana (ou com o repertório deles) resultou em um show, que por sua vez resultou em um DVD, que será lançado nesta sexta-feira (30) em outro show, no Guairão, em Curitiba. O espetáculo teve roteiro da poeta e letrista Ethel Frota, com direção de Mário de Aratanha, sobre quem vale um parênteses.

Mário de Aratanha é jornalista e produtor musical, fundador da gravadora Kuarup Discos, que teve entre seus contratados nomes como Arthur Moreira Lima, Turíbio Santos, Raphael Rabello, Pena Branca e Xavantinho, Elomar, Geraldo Azevedo, Renato Teixeira e muitos outros, que lhe renderam uma coleção de prêmios e o eterno reconhecimento dos admiradores da música brasileira.

Em 1992, produziu o show e o disco “Ao Vivo em Tatuí”, que reuniu o compositor e cantor Renato Teixeira com a dupla Pena Branca e Xavantinho e se tornou um marco, uma referência de música de raiz, cultuado no Brasil e no mundo. Com toda esta bagagem, quando trabalhava na edição do DVD do Viola Quebrada, que agora é lançado oficialmente, Aratanha declarou que este trabalho está no mesmo nivel do “Ao Vivo em Tatuí”. Vindo de quem veio, não é um pequeno elogio.

Fim do parênteses, voltemos ao Viola Quebrada e Cascatinha e Inhana.

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Veja vídeo em que o Viola Quebrada fala um pouco do trabalho e do DVD

O repertório foi escolhido para se enquadrar na formação do grupo e também para contar uma história de amor, como sabiamente previa o roteiro proposto por Ethel Frota.

“É um repertório que fala de amor sem apelações, que deve ser descoberto por uma geração que pode se voltar para uma música autêntica e ao mesmo tempo moderna. Isso é, com uma sonoridade atual, pois nós buscamos imprimir nossa personalidade sem, contudo, descaracterizar as composições originais”, afirma Oswaldo Rios no material de divulgação do espetáculo.

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O Viola Quebrada é formado por Oswaldo Rios (voz e violão), Margareth Makiolke (voz e violão), Rogério Gulin (viola de 10 cordas) e Rubens Pires (sanfona e rabeca). O show terá ainda os músicos convidados Marcão Saldanha (percussão) e Wanderlei Lima (baixo).

Discografia do Viola Quebrada

Viola Quebrada – 2000 (último registro em disco de Xavantinho)

Fandangueira – 2002 (Só de fandango paranaense)

Sertaneja -2003

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Noites do Sertão – 2006

Caipiríssimo – Coletânea

Serviço:

Viola Quebrada interpreta Cascatinha e Inhana. Show de lançamento do DVD com o grupo paranaense.

Sexta-feira, dia 30, às 21 horas no Guairão (Praça Santos Andrade, s/nº).

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Ingressos R$ 30 e R$ 15 (meia entrada).

Classificação: Livre.

Programa do show do Viola Quebrada

1 – La Paloma (Sebastian Yradier – versão: Pedro de Almeida)

2 – Fronteiriça (José Fortuna)

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3 – Índia (Manuel Ortiz Guerreiro/J. Asunción Flores – versão: José Fortuna)

4 – Anahy (Leyenda de la flor Del ceibo) (J. Osvaldo Sosa Cordero – versão: José Fortuna)

5 – Serra da Boa Esperança (Lamartine Babo)

6 – Fazendinha do Indaiá (Nono Basílio)

7 – Meu pedaço de sertão (João Pacífico)

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8 – Sertaneja (René Bittencourt)

9 – Maringá (Joubert de Carvalho)

10 – Eu vendo dois olhos (arranjo musical e letra em português de Milton Christofani)

11 – A Lua é testemunha (S. Lozano – versão: Inhana e Goiá)

12 – Colcha de retalhos (Raul Torres)

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13 – Mensagem de artista (Bruno Neher/leonir)

14 – Tema Novo (João Pacífico)

15 – Meu primeiro amor (H. Gimenez – vs: José Fortuna/Pinheirinho Jr.)

15 – Casinha Pequenina (domínio público)

16 – Casinha de Carandá (Nhô Pai/Bolinha)

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17 – Chuá Chuá (Pedro de Sá Pereira/Marques Porto/Ary Pavão)

18 – Só nos dois (Dora Moreno/Didi)

19 – Flor do Cafezal (Luiz Carlos Paraná)