A infância de Zico, zagueiro do Trieste, de 39 anos, foi marcada por muita pobreza e sofrimento quando ele morava na cidade de São João do Triunfo no Norte do Paraná. Ele foi obrigado a trabalhar de bóia-fria com um irmão mais velho para ter o que comer e ajudar pai, mãe e mais quatro irmãos.
As mãos calejadas são as marcas de um passado sofrido e vivido por um garoto humilde que já passou fome e virou trabalhador rural desde cedo tendo que aprender a se virar fazendo a colheita de milho, feijão além de pegar firme na enxada para carpir a roça diariamente.
Zico enfrentou estes obstáculos dos 14 aos 17 anos até se alistar e entrar para o exército em Palmeira. Ficou por dois anos no quartel e depois veio se aventurar em Campo Largo.
“Uma cena que ficou gravada na memória e marcou a minha infância foi quando houve um incêndio num matagal que ficava no mesmo terreno da nossa casa de madeira. Com ajuda de um irmão e minha mãe, conseguimos apagar o fogo com baldes de água antes que as chamas queimasse toda a nossa casa, foi muito triste neste dia,“ contou o zagueiro em tom emocionado.
O jogador carrega no rosto outra marca do passado. Uma cicatriz. Resultado de um acidente que aconteceu durante a disputa de uma partida do amador. Foi num choque de cabeça com um atleta da equipe do Santa Quitéria. Zico levou a pior na pancada e foi hospitalizado tendo que fazer cirurgia e colocar seis pinos na face próximos ao olho esquerdo. Trauma que nunca o fez desistir de continuar praticando aquilo que mais gosta de fazer. Jogar futebol. Foi tricampeão da Taça Paraná com o Internacional de Campo Largo em (1996, 2011 e 2012) sob o comando do treinador Ivo Petry. Depois teve passagens por outras equipes da várzea.
Zico está há dois anos no Trieste a convite de Petry e do treinador Rossano sendo capitão e uma referência em campo. Com sua experiência é um dos responsáveis por liderar a defesa do time que disputa a Suburbana na capital. O vovô triestino conta o segredo do sucesso para manter a boa forma aos 39 anos. “Procuro me preservar para ter uma vida de atleta. Não fico em noitadas, além de não beber e fumar”.
O zagueiro mora com a família em Campo Largo. Desde o nascimento da filha Irys, há 11 anos, trabalha de segunda a sábado numa loja instalando escapamentos. Detalhe. Ele é o único funcionário e proprietário do local. A esposa ajuda na administração e ele mete a mão na massa na instalação. Durante os últimos cinco anos a rotina dele aos sábados passou a ser bem corrida em dia de jogos. Ele fecha a loja ao meio-dia, pega dois ônibus e se desloca até Santa Felicidade para pegar carona com o elenco do Trieste.
Neste último sábado (20) na partida contra o Bairro Alto, fora de casa, o capitão e vovô do Trieste nem teve tempo de almoçar. A refeição dele foi uma banana minutos antes do jogo.
A experiência de vida de Zico demonstra que ao se fazer aquilo que se gosta, pode-se superar momentos difíceis da vida.
Neste sábado (27) a Gazeta do Povo fará a cobertura da partida entre Santa Quitéria x Urano no Estádio Maurício Fruet. A partida começa às 15h30.
Confira os jogos da rodada
Sábado (27)
SÉRIE A
SANTA QUITÉRIA X URANO
IGUAÇU X BAIRRO ALTO
TRIESTE X NOVO MUNDO
COMBATE BARREIRINHA X NOVA ORLEANS
Rodada da Série B é transferida
A rodada da Série B da Suburbana que seria disputada neste sábado foi transferida pela Federação Paranaense de Futebol para os dias 3 e 4 de novembro. Devido a processos que ainda serão julgados pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR) e que poderão alterar a classificação final da primeira fase.