A avalanche de informações sobre corrupção em nosso país vem causando um movimento que até pouco tempo atrás não era preocupação dentro das organizações: criar dispositivos que possam barrar desvios de conduta por parte de seus colaboradores (donos, dirigentes e funcionários). Empresas comprometidas com a ética e com o desenvolvimento da sociedade já implantaram os seus sistemas de compliance.
Essa nova forma de enfrentar o problema, nada mais é que criar regras claras de como as organizações devem se portar em diferentes frentes, principalmente quando se fala na delicada relação entre Agentes Públicos e Empresa. É nesse relacionamento que acontecem muitos dos escândalos os quais estamos habituados a ouvir diariamente no noticiário.
Mas sabemos também que tanto empresas, como órgãos públicos são formados por pessoas. Então são as pessoas que precisam ser sensibilizadas, orientadas e despertadas para olhar do quão corrosiva é a corrupção. Notem que muitas das pessoas envolvidas em escândalos de corrupção acreditam que a que fizeram por ser uma prática natural, que todo mundo faz e que é comum em nosso país. Ou são ingênuos (o que duvido muito) ou realmente são provenientes de uma criação em que a falta de valores éticos de raiz, que as fazem acreditar que roubar é natural.
Até então você pode dizer: “Isso mesmo Bernt, realmente esse pessoal do alto escalão empresarial é folgado mesmo”.
Não é bem assim.
A corrupção, se pegarmos ao pé da letra, é uma maneira que o indivíduo encontra para se apropriar de algo que não dele. Ponto!
E é aí que que as empresas começaram também permear essa ideia junto a seu corpo colaborativo. Aquelas mais avançadas nesta matéria já trazem em seu próprio código de conduta essa orientação para quem deseja fazer parte da estrutura.
A corrupção está ao nosso alcance diariamente. Quem deve dizer NÃO a ela são as próprias pessoas. É ai que tudo começa, e é aqui onde tudo pode terminar.
As negociatas ganham espaço gigante na mídia diariamente, mas contratar uma pessoa somente porque ela é amiga, deixando de fora candidatos com formação mais adequada ao cargo, isso seria correto? Aceitar brindes de fornecedores, que lá na frente pedirão em troca facilitações em algum serviço é algo correto? E almoçar durante as viagens a trabalho e solicitar para que o restaurante lhe dê uma nota em valor maior do que efetivamente se utilizou? Utilizar de carro, telefone, máquina de xerox ou qualquer outro equipamento da empresa sem as finalidades corporativas, é algo que se pode também dizer: ‘todo mundo faz e isso é comum em nosso país”?
E quando se acende um cigarro em um local com uma grande placa que indica a proibição, ou se estaciona em um local inadequado, ou mesmo de maneira inadequada ‘roubando’ até dois espaços? Isso é aceitável?
Atualmente as empresas estão mais atentas as atitudes de seus colaboradores e as chamadas ‘pequenas corrupções’. A partir do momento o qual se lança um código de conduta, se vivencia as boas práticas, automaticamente seus colaboradores serão exigidos para que se faça o mesmo. As empresas começam a entender que a corrupção é prejuízo na certa. O que se faz de errado, tem consequências erradas. Não por menos que os países nórdicos têm os melhores Índices de Desenvolvimento Humano do Mundo, porque também são os países menos corruptos do mundo, fruto de uma população que não pratica nem as “grandes” e nem “as pequenas” corrupções.
Por isso, neste momento em que essa palavra está em evidência, é bom pararmos para pensar em como nossa empresa tem agido e como nós estamos agindo em nosso dia a dia nas corporações e aproveitar para dizer NÃO a tudo aquilo que nos convida nos apropriar daquilo que não é nosso. Se o dito popular afirma que a “oportunidade faz o ladrão”, é certo também que a mesma oportunidade faz o bom cidadão. Pensemos nisso!