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As notícias de que as vacinas começaram a ser aplicadas em brasileiros de Norte a Sul do Brasil nesta segunda quinzena de janeiro foi recebida com alento pela grande maioria das pessoas. De fato, a imunização representa a vida, renova esperança e carrega uma perspectiva para um cenário econômico melhor, com mais oportunidades para o mercado de trabalho, que hoje têm 14 milhões de desempregados em nosso país.
Contudo, as doses nem mesmo aterrissaram e começaram pipocar notícias e imagens pelas redes sociais de pessoas sendo imunizadas, mesmo não tendo o direito neste momento, os chamados, fura-filas. Triste constatação. Vemos que além de todas as mazelas que a Covid-19 trouxe, muita gente ainda não aprendeu a reconhecer o próximo, a valorizar o trabalho do outro e a deixar de olhar no seu próprio umbigo como centro das atenções e do mundo.
Embora pontuais, é claro, dois fatos me chamaram a atenção neste contexto: primeiro foi de profissionais da área de saúde vacinados pouquíssimo tempo depois de terem assinado o contrato de trabalho e por serem de famílias abastadas de nossa sociedade. A justificativa é que iriam trabalhar também na linha de frente. A outra foi também de um representante de uma prefeitura do interior do Brasil o qual, ao longo do processo de concepção da vacina fez de um tudo para tirar o crédito dos estudos que os cientistas estavam realizando, ao que tudo indica por questões políticas ou ideológicas.
Mas Bernt, o que isso tem a haver com o mercado de trabalho? Tudo! A começar pela coerência daquilo que você diz e faz, seja na rede social, seja no seu círculo de amizade, na cidade em que você reside. Não dá para ser uma pessoa com várias faces, que muda de rosto conforme o sabor dos acontecimentos. Isso se chama falsidade, é fake e demonstra o quanto a pessoa não se importa com o todo, mas somente consigo mesma. Logo, o mercado de trabalho está cada vez mais atento a esse perfil de profissionais em suas equipes.
As redes sociais têm ajudado muito as empresas a deletar e a peneirar pessoas que se comportam desta forma. Outro perfil que tem tido repudio no mercado é o cara sem respeito. Você não pode, por exemplo, querer entrar em uma empresa, organização, ou em uma instituição de saúde, e furar a fila seja lá para o que for. Por mais que alguém lhe ofereça algo que eventualmente possa ser de seu direito, primeiro analise, pergunte a si mesmo se alguém que já está há mais tempo naquela empresa, que já caminhou o bastante e que merece aquilo já foi contemplado, como é o caso explícito da vacina. Tem gente trabalhando a fio há 11 meses sem ver a família, com medo de levar o vírus para casa. Será que não seria essa a pessoa a ser vacinada antes?
Logo, isso vale para todos nós que estamos no mercado. Tenhamos sensibilidade ou semancol.
Minha dica: procure sempre exercitar a cidadania, a coerência e transparência. Seja a mesma pessoa no seu currículo, na sua rede social e na vida com amigos e no trabalho. O mundo precisa de todos os perfis, pois todos somos complementares, e há espaço para todos nós. Não precisamos sair mentindo ou inventando ou furando filas. Se, eventualmente, lhe for apresentado uma oportunidade de burlar esse conceito, recuse, privilegiando a autenticidade. Com certeza, pessoas que agem com essa transparência terão êxito e felicidade no mercado de trabalho.