O governo federal brasileiro acena com uma reforma trabalhista para breve. Há, com certeza, diversas questões que precisam ser reavaliadas e atualizadas. Uma delas é a computação de horas extras. Como fazer isso quando o celular permite uma conexão permanente entre empresa e funcionário? Checar e-mails comerciais e respondê-los fora do horário, por exemplo. Como computar esse tempo? Atualmente, o mais comum é que a empresa exija e o colaborador permaneça conectado mesmo nas horas de folga, sem que isso implique em pagamentos extras. Porém, muitas vezes, esses e-mails são usados como comprovantes em ações trabalhistas.
Meu questionamento aqui é: a conexão permanente com o trabalho é positiva para o funcionário? Conheço o diretor de uma grande rede de supermercados. O dia dele começa às 6h, quando recebe no celular o relatório de vendas no dia anterior. No caminho do escritório, às 7h, conversa com outros diretores e faz uma reunião. Às 8h, já tem decisões tomadas. Continua nesse ritmo até as 22 horas, com inúmeros finais de semanas totalmente absorvido pelo trabalho. Isso não é saudável, pois não há equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal.
A maioria das empresas espera essa dedicação. Por isso, estar disponível é fundamental para a carreira. Ninguém chega longe se não se dedicar. Quem se sobressai sempre faz algo a mais, que é notado e valorizado pelo empregador. Claro que há empresas que focam em resultados e não no tempo que o colaborador dedica ao emprego. Porém, são minoria.
Por outro lado, trabalhar muito compromete a saúde física e mental. A disposição do indivíduo sobrecarregado diminui até para atividades de lazer. Não é saudável e nem produtivo trabalhar mais de 10 horas por dia e abrir mão do repouso semanal. Quem trabalha em excesso produz menos e com menor qualidade, na maioria das vezes.
É preciso preservar a qualidade de vida do profissional, bem como seu direito ao descanso. A privacidade também é muito importante, então é válido que as empresas estabeleçam limites de horários e dias para que sejam efetuadas ligações ou solicitações via e-mail para os funcionários.
Então, o que recomendo é encontrar o equilíbrio em comum acordo, entre empresa e colaborador, de forma que o profissional possa dedicar-se ao trabalho sem que isso comprometa sua vida familiar e social. E mais: saber entender que há emergências em que é necessária a atuação fora do horário de expediente e, da mesma forma, há situações que podem esperar para serem resolvidas durante o horário de trabalho, O equilíbrio é a chave para uma vida mais saudável e feliz.
Por Bernt Entschev