Recentemente recebi em meu escritório um executivo de alto escalão que atua em uma empresa do ramo moveleiro. Este profissional trouxe a mim a seguinte situação:
“A empresa a qual faço parte fez uma reestruturação na alta cúpula. Das cinco gerências que atuavam, três foram mantidas. As funções das outras extintas foram distribuídas para os três executivos que permaneceram nos cargos. Houve um aumento significativo de atividades, porém sem aumento salarial e do quadro colaborativo. O que faço? Sou um dos gestores que tiveram suas áreas mantidas.”
Segundo o executivo, ainda um novo planejamento estratégico trianual já foi discutido e aprovado. As atividades, com metas e objetivos já estão todas projetadas e os desafios lançados para cada uma das áreas sobreviventes.
Minha orientação: na verdade essa prática não é tão incomum no mundo corporativo. Ultimamente, inclusive, ela vem crescendo, não se restringindo a períodos de ajustes que praticamente todas as empresas estão suscetíveis a passar.
Porém é preciso analisar o cenário com calma. Não é uma boa alternativa logo de cara, dizer que não irá aceitar a nova configuração. É preciso tempo para analisar o cenário com menos emoção, procurando ser mais assertivo.
Por um lado, é de se pensar sim que a empresa está cortando da própria carne para enxugar a estrutura, visando uma recuperação lá no futuro. Tendo êxito, sim, todos serão recompensados. Se esse for mesmo o discurso, é preciso levar em consideração que a própria empresa elegeu você para continuar no barco e que acredita na capacidade neste momento tão delicado.
Mas também já presenciei companhias que fizeram esse tipo de reestruturação, mas que ao invés de buscar outros profissionais no mercado, optaram em dar mais atividades para os atuais gestores, pensando em uma forma de testar esse profissional com relação a uma futura promoção que exigiria uma maior dedicação. Isso pode sim acontecer, com um bom desempenho, elas acabam por fazer a promoção em poucos meses.
Então, se você passa por esse dilema, sugiro dar um tempo antes de tomar uma atitude. Ao menos dois meses para você poder tirar as conclusões sobre o novo cenário. Se no andar da carruagem verificar que sim, a empresa precisou reestruturar e que no futuro vai lhe compensar por isso, busque deixar isso as claras com seu superior, tentando colocar prazos para que a situação possa voltar a ser conversada, sem que haja margem para cair no esquecimento.
Se por outro lado você perceber que as coisas não ficaram claras, não deixe de sondar o mercado e buscar novas oportunidades. Porém, volto a frisar: você só terá esse discernimento depois que o tempo passar, e a promoção fantasma efetivamente permita uma análise mais precisa da empresa e do contexto que se apresenta.
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS