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Será mesmo que a flexibilidade no trabalho veio para ficar?

Volta e meia tenho me deparado com recentes pesquisas que apontam que os profissionais contemporâneos, leia-se a geração que nasceu até meados da década de 1990, tem uma forte queda em dar preferência a atividades que permitam a flexibilidade de horário no trabalho. Algumas apontam índices que superam mais de 60% nas respostas dos entrevistados.

Outras apontam ainda que isso é uma consequência de uma geração mais conectada, antenada e que para ‘segurar’ os melhores talentos, as empresas precisam começar a repensar essa exigência e buscar a rápida adaptação.

Precisamos ter muita calma e maturidade no momento de analisar essa tal tendência. É verdade que a flexibilidade está em alta, mas é preciso correr para se adaptar?  Não! Efeito manada é algo não muito inteligente.

O primeiro ponto a se questionar é: realmente isso é uma novidade da atual geração ‘super, hiper, ultra conectada’? Me conte alguém de outras gerações que nunca almejou ter um trabalho com horário flexível? Hora, isso sempre foi um sonho de consumo.

O que a geração de hoje tem em mãos é a facilidade da tecnologia aos seus pés – que aliás – foi criada em grande parte pela geração ‘antiga’ os quais palestrantes e consultores acabam dizendo que não são antenados.

Então, na verdade, a garotada está sendo inteligente em usar esse recurso a seu favor. Perfeito!  Mas isso não quer dizer que eles são ‘zilhões’ de vezes mais inteligentes. São melhores instruídos e não poderíamos esperar algo diferente de quem tem acesso a informação.

Outro ponto, se sabemos que existe uma tendência e que a tecnologia está propiciando isso, então vamos pensar como empresa, quais funções podem se adaptar a essa realidade. Empresa que faz isso é inteligente e terá maior produtividade, não joga tempo e dinheiro fora. Então é hora de arregaçar as mangas, fazer estudos e apontar o que pode ser executado de forma remota e ou de maneira flexível. Realizado isso, oferte ao mercado essas novas possibilidades de contratações para captar os melhores talentos com esse perfil.

Erram as empresas que acreditam que essa é a tendência e que em pouco tempo ninguém mais vai ter horário de trabalho. Isso soa como ingenuidade. Há funções que sempre irão necessitar de pessoas em horários fixos. E aliás, sempre haverá pessoas que também desejarão trabalhar em horário fixo. Dentro da medicina, no transporte, na zeladoria de prédios, nas repartições públicas. Não só as pessoas precisam estar lá, como são de extrema importância estarem lá.

Então, toda a tendência deve ser analisada com cuidado, para se extrair o melhor do que se está falando e tocar para escanteio aquilo que demonstra não ser aplicável. Fique atento.  Antes de flexibilizar, seja flexível nas suas convicções!

 

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