Desde dezembro sem escrever nada por aqui…foi tanto tempo que precisei inventar desculpas para ter saído.
Mais algum tempo e precisei de desculpas para não ter voltado.
Um período histórico inteiro depois e eram necessárias desculpas para voltar.
Só volto, então, porque confio no trabalho do olhar sobre o teatro – formal ou informal, objetivo ou não, sensível, artístico ou analítico – é esse olhar que formaliza a própria existência dele todo tão pleonasmo.
Algo mais atual que a academia. Algo para além do número de espectadores, essa massa amorfa que por vezes não é nem amorfa nem massa. Essa gente que a gente não conhece, enfim, amém.
Com a chegada do Papa, nada mudou para mim e para o teatro, nada imediato. Mas ela tem de ser referida; já que o jornal nacional dedicou 71% de seu tempo a isso, só pode ser assunto importante.
Adoro trabalhar numa afiliada da Rede Globo…teu nome, que já não vale nada, passa a ser associado só aos melhores acontecimentos do mundo, pequeno mundo do nosso Paraná.
Minha desculpa poderia ser o Papa, mas não é. Ele não é 71% das informações que recebo.
Posso falar, entretanto, de 100% de minhas razões: não recebo um tostão (simbólico ou real) pelo meu trabalho no blog e passei a me sentir desestimulada.
Fora isso, ainda tem o tempo histórico e a impossibilidade de sair um texto BOM por semana. Insuportável. Escrever num blog acelera a produção até dos desacelerados.
O aceleramento implica necessário abandono, antecipação do final, mal acabamento da obra artística, do texto, enfim, do sonho.
Um texto morno por semana e perco os meses necessários de revisão constante, enfim.
Não recebo nada para escrever aqui e tampouco receberia se quisesse cobrir (como dizem os jornalistas), através do Teatrofagia, o Festival de Teatro de Curitiba 2013. É maravilhoso trabalhar na afiliada da Rede Globo.
Se não recebo com o trabalho ordinário; se não recebo com o trabalho extraordinário; se não recebo sob circunstância alguma; se não consigo sequer resposta à minha oferta de trabalho em troca de remuneração; se não me satisfaço com a qualidade de texto possível de ser atingida em uma semana, estimulada é que não estava, mesmo trabalhando na afiliada da Rede Globo. Tão bom.
Mas ninguém quer saber de meu estímulo. Vamos voltar ao que interessa.
Independentemente da grana ou do tempo histórico, vamos prosseguir nossos trabalhos por aqui. Só não poderei cobrir o Festival porque aí já é sacanagem. Então recomeçamos logo amanhã com texto meu sobre “Tempestade Inabitada” com direção e texto de Nina Rosa Sá. Em seguida, texto sobre “As Três Irmãs” um melodrama rocambolesco baseado em Tchekov, escrito por Leonarda Glück e dirigido por Gabriel Machado. Em seguida, texto sobre a performance xamânica Trauma Cha Cha Cha com direção de Limerson
Morales.
Dia 27 chegamos já no tempo e espaço do festival, talvez eu fale do Hamlet (Ego) Trash do Cesar Almeida, talvez fale do meu café da manhã, talvez fale sobre o papa.
Vejamos sobre o que escrevo no Festival.
Prossigamos, minha gente: mesmo sem dinheiro, arte tem potência de vida – meu pão é minha arte e o Papa não tem nada a ver com isso. Literalmente, já que ninguém – nem o vaticano, vejam só – me paga. Buemba, buemba a todos.
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