Dentre os inúmeros defeitos e características que possuo, uma delas irrita muito as pessoas: adoro prestar atenção na conversa e na vida alheia. E às vezes vou além disso. Interrompo a pessoa e dou palpites, sugestões e até críticas sobre o assunto. Todo mundo fica p… da vida comigo, mas é mais forte do que eu. Babá atravessando com criança fora da faixa de pedestre, adultos levando o cachorro para sujar o jardim dos outros e carros em fila dupla são minhas especialidades.
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De uns anos para cá, por razões óbvias, tenho reparado mais nas relações entre pais e crianças e, inevitavelmente, provoco um conflito com alguém que não me conhece, não pediu a minha opinião e não gostou do que eu falei. Depois disso, recebo a bronca de quem estava ao meu lado e sigo acreditando que fiz o meu dever.
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Dia desses, na boa e velha padaria do bairro, uma criança se esgoelava e se atirava no chão porque queria um brinquedo (deveria dar prisão esse negócio de encher as prateleiras de coisas atraentes, exatamente na altura em que as crianças enxergam). O pai explicava que já havia dado a mesada dele e que ele havia gastado com figurinhas, sendo assim, só na virada do mês ele poderia comprar o tubarão que cospe balas.
Com a constrangedora cena em andamento, o pai começou a fazer contrapropostas. Começou com um empréstimo, passou por um adiantamento da mesada e nada fazia o menino levantar do chão. O drama era tão grande que por pouco alguém da fila não foi lá e comprou o tal tubarão para o menino.
Para meu azar e do pai, eu era o cara imediatamente atrás na fila, o que, de certo modo, me fazia ter uma participação mais interessada no evento do que todos nós gostaríamos. Após 3 infinitos minutos, o pai resolveu comprar o brinquedo para o filho. Claro que o garoto parou de chorar na hora, levantou-se e começou a se entupir de balas que saiam da boca de um tubarão azul, enquanto o pai pagava a conta.
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Juro que tentei me segurar. Tentei mesmo, no entanto não consegui e comecei a argumentar com o pai. A mesada é uma das coisas mais importantes da longa vida financeira de uma pessoa. É quando ela tem o primeiro contato com o dinheiro e quando aprende que é PRECISO fazer escolhas, pois, os recursos, são finitos.
Ao quebrar a regra, que ambos criaram, o pai está deixando claro para o filho a ideia de que os recursos são infinitos; que não é preciso se preocupar em escolher sobre como gastar o dinheiro porque, se algo acontecer, basta pegar mais naquela árvore infinita de verdinhas; e, por fim, que cuidar do dinheiro não é necessário, afinal o papai sempre estará por perto para comprar o próximo tubarão.
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Essa criança, lá na frente vai “chorar” para ganhar um carro, vai “chorar” para que o pai cubra o cheque especial e, se tudo caminhar como normalmente caminha, nunca aprenderá a dar valor ao dinheiro e aprender a fazer escolhas.
Se os pais não conseguem fazer uma criança entender, aprender e respeitar uma regra aos 6 ou 7 anos, me parece pouco provável que a lição será aprendida aos 26 ou 36 anos.
Portanto, quando criar uma mesada ou uma semanada para o seu filho, seja firme. Se opção não existe para você, então sequer invente uma mesada.
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