Os crimes de corrupção não impactam apenas na seara jurídica, mas constituem uma variável determinante na situação econômica e social de um país. Diversos estudos constatam que quanto maior os níveis de corrupção em uma nação, mais fragilizada será a sua economia e, consequentemente, o desenvolvimento social de seus cidadãos estará diretamente comprometido.
O Brasil é considerado um país de terceiro mundo economicamente falando. Entretanto, isso não significa que sejamos um país pobre, no sentido literal da palavra, vez que temos riquezas e recursos naturais, como solo fértil; minérios (ouro, pedras preciosas e outros); petróleo; pré-sal; e um excelente clima para agricultura. Além de um território extremamente extenso que propicia muita diversidade na produção de inúmeras commodities.
Por outro lado, estamos diante de um lamentável quadro de pobreza; analfabetismo; falta de saneamento básico; e péssimas condições na educação e na saúde e segurança pública. Esse cenário deriva, basicamente, de duas variáveis: a corrupção e a má gestão da coisa pública.
A ONG Transparência Internacional, sediada em Berlim, anualmente divulga um ranking sobre a percepção da corrupção, que engloba aproximadamente 180 países, onde os primeiros lugares são ocupados pelas nações mais honestas, e menos corruptas, como Dinamarca, Nova Zelândia, Finlândia, Suécia, Suíça, Noruega, Holanda, Alemanha, Islândia, Japão, Irlanda, Emirados Árabes, Uruguai, França, Estados Unidos e Chile.
Os países mais corruptos ocupam as últimas posições, e podemos citar Honduras, Zimbábue, Nicarágua, Iraque, Burundi, Congo, Afeganistão, Haiti, Coreia do Norte, Guiné-equatorial, Sudão e Venezuela. De forma não coincidente, os países mais corruptos são os que apresentam os menores índices de liberdade econômica, são ditatoriais e antidemocráticos. Nesse cenário, o Brasil ocupa a posição de número 94, sendo considerado, assim, "muito corrupto".
Os primeiros colocados são países mais ricos e desenvolvidos, e, em contraposição, os que apresentam as piores posições são os mais miseráveis e atrasados. A instituição norte americana Heritage Foundation, sediada em Washington (EUA), apresenta como função promover políticas públicas de livre mercado, através da defesa de um Estado menor e com amplitude da liberdade individual.
A entidade elabora um ranking indicativo do grau de liberdade econômica de um país, através da observação de diversos dados, como a existência, no país, de um 1) efetivo Estado de Direito; 2) o peso do governo, ou seja, o volume da carga tributária; 3) o grau de intervencionismo estatal; e 4) o grau de abertura comercial. E de forma nada coincidente, os países que apresentam maior liberdade econômica e um Estado mais reduzido e menos intervencionista são os países mais ricos e com baixos índices de corrupção.
Um outro marcador relevante é o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Os líderes do IDH no mundo são basicamente os países que ocupam as melhores posições no ranking da Transparência Internacional e da Heritage Foundation. Em contrapartida, os países que têm os piores índices de desenvolvimento humano são os últimos colocados nos rankings da TI e da HF. Desses 189 países, o Brasil ocupa a nada confortável posição de número 84.
Assim, constata-se que os países com governos ditatoriais, pouquíssima ou nenhuma liberdade econômica e com baixos índices de IDH são considerados mais desonestos, menos limpos e mais corruptos. Desta forma, combater a corrupção no Brasil é uma batalha que, caso ganha, trará grandes impactos positivos na nossa economia, na geração de riqueza e, consequentemente, no aumento do bem estar social do brasileiro.
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