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Foi esse tema que fez meu canal Brasão de Armas “bombar”: um ano de publicação e já tem mais de um milhão de visualizações. Isso é incrível, levando em conta que é um assunto de um nicho muito pequeno. A propósito, recomendo muito que você assista ao vídeo depois para se aprofundar mais ainda no comparativo e se divertir um pouco.

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Já começo dizendo que, observando a construção e uso de ambas as espadas, a minha conclusão favorece a espada longa europeia. Curiosamente, descobri que esse é um tema que causou chateação em algumas pessoas. Mas nada superou a fúria dos fãs da espada japonesa ao me ouvirem pronunciando a palavra como catana e não katana, com o último "a" tônico. A justificativa é que é uma espada japonesa, portanto devemos pronunciar como os japoneses pronunciam. Ou seja, se você for falar de uma espada longa inglesa, não pode chamar de espada longa, tem que chamar de longsword porque é inglesa. Enfim, ignore-se o fato de a palavra catana já existir no nosso léxico e estar há décadas dicionarizada como catana em língua portuguesa, não sendo uma oxítona, pois toda oxítona terminada em “a” deve ser acentuada, o que não ocorre com a palavra "catana" (vide Aurélio). De todo modo, é melhor não falar catana na frente de um fanboy de espada japonesa, podendo correr risco de sofrer sua fúria léxica nipônica.

Acentuadas as devidas pronúncias (ou não), vamos para as características técnicas: como se poderá ver no vídeo, existem cerca de onze variações na espada longa e a metade delas em relação a catana: os japoneses padronizavam muito mais sua catana, que também era uma espada longa, enquanto os europeus precisavam reinventar a sua vez após vez. E o motivo era muito simples: enquanto no século XIV os japoneses lidavam com armaduras leves, com poucas áreas protegidas com metal, os cavaleiros europeus já estavam usando as imponentes armaduras de placa. Com elas, as espadas que eram otimizadas para cortar, passaram a ser otimizadas para perfurar. Além disso, elas passaram a receber a morfologia em “diamante” que se estendia até a ponta, tornando-a extremamente resistente a impactos. Em alguns casos, podia até mesmo perfurar regiões mais finas das armaduras, além de ter dois gumes que garantiam uma perfuração ainda mais otimizada.

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Enquanto no século XIV os japoneses lidavam com armaduras leves, com poucas áreas protegidas com metal, os cavaleiros europeus já estavam usando as imponentes armaduras de placa

Algumas pessoas argumentam que a melhor espada é que está na mão do melhor guerreiro. Em parte, isso é verdade. É claro que um guerreiro mais habilidoso se sairá melhor em um duelo, ambos usando a mesma espada. Mas uma arma mais versátil, como a espada longa europeia, poderia ajudar a contrabalançar alguma falta de habilidade do guerreiro. Por outro lado, como medir quem é o melhor guerreiro: cavaleiros ou samurais? Como é possível saber quem era o mais habilidoso na Idade Média? Não dá para colocar habilidade como um fator em qualquer comparativo. Por isso que comparar equipamentos e armamentos é algo muito mais objetivo e factual.

Agora, é claro que estou apenas teorizando aqui: cavaleiros e samurais não se encontraram na Idade Média; ou seja, no seu auge militar. Apenas na metade do século XVI é que os portugueses apareceram para os japoneses: foi a primeira vez em que japoneses viram ocidentais. Mas fazer essas comparações nos ajuda a entender aspectos interessantes sobre como as necessidades do campo de batalha, contexto e cultura afetavam o desenvolvimento das tecnologias bélicas; e, no caso da espada longa, como tais variáveis acarretaram tantas mudanças. As mais sutis delas eram cuidadosamente pensadas para o campo de batalha. Portanto, sempre que você for a um museu e ver uma linda espada de séculos atrás, lembre-se que cada milímetro dela era cuidadosamente construído com apenas um objetivo: matar.