Ouça este conteúdo
Essa é a primeira coluna de uma série fundamental a respeito de um dos temais mais importantes do século XX: o Holodomor, ou a “morte por fome” na Ucrânia sob o governo comunista de Stalin. Eu me senti com o dever moral, cívico e humano de falar sobre esse assunto em meu canal Brasão de Armas no YouTube, com um documentário dividido em 3 partes somando 3 horas de duração, com uma revisão da literatura mais relevante e especializada no assunto dos últimos 30 anos. Esse senso de dever veio depois de reparar que uma espécie de onda de autodenominados “comunistas” (sim, vergonha alheia) está assolando a internet brasileira. E como era de se esperar a internet agora está pipocando de vídeos desses comunistas negando e/ou minimizando a participação da política comunista e consequentemente de seu “deus”, Stalin, nessa fome criminosa que matou de 6 a 10 milhões de pessoas.
Então, primeiro vamos entender o “argumento” usado pelos comunistas negacionistas. O primeiro ponto é que eles tentam passar uma imagem de validação histórica e acadêmica com essa negação, mostrando livros, jornais e fotos da época para embasar sua narrativa; e aqui mora o perigo! Pessoas desavisadas podem facilmente ser enganadas por essas mentiras flagrantes que não passam de propaganda comunista descarada.
Tudo começa com este livreto que é usado como uma das provas principais de que a fome não foi intencional: Fraude, fome e fascismo: O mito do genocídio ucraniano, de Hitler a Harvard, escrito por um fotógrafo militante comunista chamado Douglas Tottle. Quando um militante comunista fala sobre o comunismo, o que poderia dar errado? Tem gente dentro e fora do Youtube usando esse livro como o principal argumento de que o Holodomor, ou a "morte por fome", em ucraniano, foi um mito criado por nazistas ucranianos emigrados para os Estados Unidos e Canadá para fazerem propaganda anti-comunista. E o que atrapalha ainda mais o entendimento desse assunto tão sério é que sites e canais no Youtube continuam divulgando essas informações atualizadas pela última vez em 1987.
É a mais completa bizarrice hoje ainda usarem Douglas Tottle para mostrar que nos anos 30, supostos nazistas ucranianos estavam divulgando fake news no Ocidente sobre a fome na Ucrânia, se toda uma historiografia dos últimos 30 anos prova justamente com documentos oficiais.
E aí você imagina o desserviço miserável que sai desses vídeos que só querem fazer propaganda comunista flagrante. Mas antes de mostrar porque esse livro do Tottle é totalmente irrelevante hoje, vamos fazer um resumo rápido do que ele diz aqui: ele expõe nesse livro que quem estava por trás dessa fake news da fome genocida na Ucrânia era Randolf Hearst, um empresário influente na mídia americana que tinha contato com nazistas, e seu amigo, o jornalista Robert Green, conhecido como "Thomas Walker", que publicava com frequência matérias sobre a fome na ucrânia. Inclusive Tottle cita outro jornalista americano chamado Louis Fischer, que mostrou que as fotos usadas nesses jornais do Hearst eram da fome da década de 20 e não de 30. E com isso a “mentira” do Holodomor se espalhou como gangrena.
Vejam bem, essas informações podem até ter sido interessantes em 1987, mas a gente está em 2023, e sabe para que serve esse livreco dele hoje, e para você que está lendo essa coluna no futuro? Para porcaria nenhuma! A gente não vive mais na década de 80, nem na Guerra Fria, quando os arquivos secretos soviéticos ainda estavam fechados, e os comunistas podiam negar tudo como mera “propaganda nazista anti-comunista”. Mas é justamente por isso que já faz décadas que nenhum estudioso sério liga para esse Douglas Tottle!
Eu vou mostrar para vocês em detalhes aqui que desde o início dos anos 90 os arquivos comunistas já provaram que o governo soviético foi, sim, criminoso com os ucranianos, e que o principal fator que levou àquela tragédia na Ucrânia foi o governo comunista. E esses estudos levam muitos pesquisadores sérios a concluírem que houve uma fome manipulada e intencional, e até genocídio ali. Então é a mais completa bizarrice hoje ainda usarem Douglas Tottle para mostrar que nos anos 30, supostos nazistas ucranianos estavam divulgando fake news no Ocidente sobre a fome na Ucrânia, se toda uma historiografia dos últimos 30 anos prova justamente com documentos oficiais, fotos e testemunhos que o crime comunista realmente aconteceu. É dessa maneira porca que comunistas têm tentado negar esse crime, e, como vocês vão ver, estão falhando miseravelmente.