Que europeu é o vilão da história todo mundo já sabe. De repente, meia dúzia de brancos entram sozinhos na vastidão da África com dezenas de milhões de africanos, todos eles pacíficos, hospitaleiros, convivendo alegremente com milhares de outras tribos vizinhas, todos eles sem protagonismo nenhum de nada: todos sem vontade, interesses e aspirações. Respeitadores do que é do outro. E aí, “sozinhos” os europeus com suas superarmas que na época disparavam incríveis 1 tiro a cada 30 segundos conseguiram “sozinhos” escravizar 10 milhões de africanos, enquanto os reinos africanos valentemente se uniam e lutavam juntos para proteger seu continente do invasor opressor, resistindo e lutando contra a escravização e tirania.
É um parágrafo muito bonitinho, não acha? O único problema dele é que se trata de uma besteira total. Ainda bem que a cada dia menos pessoas caem nesse discursinho politicamente correto e percebem que a dinâmica histórica sempre foi MUITO mais complexa do que essa baboseira de opressor e oprimido. Pelo bem da narrativa, todo povo que oprimiu de repente virou oprimido: menos os europeus que são predadores-alfas, claro. E quem se beneficiou muito dessa inversão anacrônica, foi ninguém mais ninguém menos do que os árabes muçulmanos da Idade Média. De repente, do ponto de vista histórico eles foram promovidos a semideuses das ciências, artes e tolerância religiosa. Dizer isso hoje é fácil, o problema é afirmar uma coisa dessas enquanto havia gente sendo espetada no traseiro por uma estaca pontuda que atravessava a goela até sair pela boca.
E ali começaria o mais longo conflito da história humana: a Reconquista Cristã.
Peço perdão ao leitor pela descrição grosseira, e vou tentar controlar minhas palavras nos próximos parágrafos. Mas já advirto que a chance de eu falhar miseravelmente vai ser muito grande: quanto mais você descer os olhos pelas linhas abaixo, (e mais ainda na próxima coluna, acredite!) mas feia a situação vai ficar.
Pois bem! Curiosamente, o mito do bom muçulmano medieval tem raízes na terra onde a maior parte de nós encontra sua ancestralidade: Península Ibérica. Lá, acima de qualquer outro território da Europa, os muçulmanos ficaram por mais tempo: cerca de 700 anos. E isso é tempo de mais para muito coisa acontecer, principalmente uma coisa chamada treta. Quando os mouros do Império Omíada chegaram na Península por volta de 711, os vândalos, godos e visigodos - que é como chamamos as principais tribos germânicas que migraram para lá após a queda do Império Romano - já habitavam a região. E é claro que a pancadaria rolou solta, mas os europeus eram muito poucos para lidar com aquela horda avassaladora muçulmana que invadia a Península Ibérica pelo famoso estreito de Gibraltar, no Marrocos.
Portanto, cidade após cidade foi caindo diante dos muçulmanos, e os europeus foram sendo empurrados do seu território até o Norte, na Região das Astúrias. E ali começaria o mais longo conflito da história humana: a Reconquista Cristã. Chegamos num fator importante e determinante: os europeus ali já eram cristãos. Agora, esse choque entre cristãos e muçulmanos ecoaria por toda a Europa e teria consequências dolorosas e inimagináveis nos séculos seguintes. A cor dessa história seria escrita em vermelho-sangue e na história da Península Ibérica não há nenhum um bom samaritano, nem bom muçulmano.
O texto de hoje até que foi leve, mas domingo que vem, senhoras e senhores, antes de abrir a minha coluna tirem as crianças de perto porque o bicho vai pegar.
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