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A cultura woke está sendo derrotada! Nunca na história as indústrias têm sofrido tantos revezes quanto nos últimos anos. Você se lembra do comercial da Gillete, sugerindo que os homens eram em sua essência predadores sexuais? Mais recentemente, tivemos uma mulher trans fazendo propaganda para a cerveja Budweiser.
Tivemos também o jogo Assassin’s Creed Shadows que causou grande polêmica por quebrar o padrão do jogo em acrescentar um personagem de outra etnia em um contexto cultural dominante: um “samurai” africano foi escolhido para ser um dos protagonistas. E por fim, tivemos o filme a Branca de Neve, que será lançado no ano que vem... Retiraram até os anões.
Esses são só alguns bons exemplos dessa cultura elitista: o leitor lembra de mais algum? Mas não é só o apelo woke que existe em comum nessas marcas: o prejuízo também. No caso da Gillete as ações despencaram com o boicote e crítica a marca. No caso da Bud Light, a internet encheu de vídeos criticando a decisão da empresa. Um dos mais notórios foi o músico Kid Rock que fez um vídeo literalmente metralhando vários engradados da cerveja. O resultado foi um prejuízo de 1.4 bi de dólares para a empresa.
Sabemos que esse tipo de manifestação faz parte da cultura americana que valoriza e protege muito mais o “free speech” do que a nossa: eles são muito vocálicos e ativos nessas manifestações, concordemos ou não com elas. Contudo, quando avaliamos a resposta do público geral em relação a essas inserções woke, percebemos que é ele o grande ator contra essas narrativas. É ele que pode destruir (como já está fazendo) a indústria.
Ora, indústrias não surgem do nada: muitas marcas têm um público específico em mente e são pensadas desde o início para atingir esse público. Nem todas as marcas são pensadas para todos.
Toda empresa quer alcançar as massas, mas em alguns casos, a pretensão de ser “progressistas” faz com que muitas empresas sinalizem virtude a custo de grandes prejuízos
Quando a Gillete “morde a mão que a alimenta”, ou seja, o público masculino, ela está mordendo a própria mão. Quando a Budweiser lança uma cerveja colocando uma transexual em sua propaganda, sabendo que seu maior público é masculino, ela contraria o público majoritariamente masculino que não se identifica com o anúncio e não se sente representado por ele. A Budweiser tentou reverter a situação pouco tempo depois, lançando a ‘cerveja patriota’ o que deu certo alívio nas vendas.
A análise é muito mais complexa do que simplesmente preconceito ou homofobia: existe um padrão pragmático e semiótico socialmente verificado que o público espera que se siga, porque foi dentro dessa perspectiva que ele comprou a marca. Quando as empresas ou mesmo a grande mídia ataca o público dessa maneira, só tende a afastá-lo cada vez mais de problemas reais: o racismo, a violência verbal e física contra os homosexuais, etc.
Isso acontece no mundo dos games também: muitas empresas deixaram de exibir mulheres com belos corpos e decotes, para apresentar personagens onde em muitos casos é difícil distinguir entre homens e mulheres. Tudo isso com o propósito de não “sexualizar” as mulheres, uma narrativa não comprada e criticada pelos gamers. O argumento que os defensores dessa política é: “não gostou, não jogue”. Mas é exatamente isso que vem acontecendo. A empresa tem o direito de fazer o que quiser com seus produtos, e os compradores que as sustentam também.
No caso da Branca de Neve a expectativa é que o filme “quebre” a Disney pela péssima repercussão e o alto orçamento gasto nele. A escolha dos personagens e a maneira como a história é desenrolada expõe explicitamente essa narrativa que mais do que nunca vem se mostrando fracassada perante as grandes massas. Ao invés de dialogar com o público e tratar a inclusão de maneira mais natural, algumas marcas enfiaram goela abaixo do público suas agendas, e quando fracassam, a culpa é do público por ser homofóbico, racista, machista e todos os “-istas” possíveis. Alterar fórmulas tradicionais de sucesso com o público é a receita para o desastre dessas indústrias. Elas perceberam isso, mas agora pode ser tarde demais.
Conteúdo editado por: Aline Menezes