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O melhor jogo de história da história
| Foto: divulgação

É claro que essa é só a minha opinião. E se vocês foram criados à base de Age of Empires II, como eu, parecerá difícil ceder o posto para outro jogo. Mas deixem-me apresentar-lhes um jogo chamado Kingdom Come Deliverance, e explicar por que (de novo, na minha opinião) ele é o melhor jogo de história já feito. Quem sabe não deixo um gostinho para vocês quererem ter essa experiência? Além disso, esse jogo é uma refutação para aqueles que dizem que jogos ou filmes realistas são chatos – como se tivéssemos tantos filmes ou jogos historicamente corretos por aí para ter essa certeza.

Já na introdução do jogo somos apresentados a uma narração maravilhosa, com pinturas recriando aquelas lindas artes medievais com as quais nós, amantes da história, já nos deparamos várias vezes. São artes expressivas e significativas, que, apesar de algumas vezes serem cômicas aos nossos olhos, são o que eles tinham mais próximo do que nós temos com a fotografia. Por isso, sempre digo nos meus vídeos no Brasão de Armas que precisamos valorizar essas artes que nos mostram um mundo que, de outra forma, nunca seríamos capazes de ver. Aliás, há pouco fiz um vídeo bem completo no meu canal mostrando o jogo e esses detalhes maravilhosos: é só clicar aqui e assistir depois, que eu tenho certeza de que vocês vão gostar muito.

No jogo, não temos o direito de ficar andando sujos, ou com as roupas e armaduras sujas impunemente: as pessoas não vão nos tratar bem e não vamos conseguir avançar. Isto é outra aula de história, porque limpeza e higiene eram comuns na Idade Média, e não essa nojeira que vemos em filmes e séries por aí.

Com essas artes lindas, vemos um enredo histórico centrado no início do século XV, em uma “guerra de tronos” ocorrida após a morte do imperador do Sacro Império Romano Germânico, Carlos IV. Nela, seus filhos Venceslau e Sigismundo disputavam o reino. Em meio a esse clima de tensão e batalhas épicas, nós somos o Henrique (Henry, no jogo em inglês), que precisa sobreviver a esse cenário hostil e perigoso.

Se apenas a introdução já brilha e deixa qualquer entusiasta da história de boca aberta, saiba que esse é, literalmente, só o começo. Não vamos avaliar a jogabilidade e gráficos do jogo aqui, que apesar de serem excelentes, não fazem parte da minha expertise. Mas temos vários duelos e batalhas épicas ao longo do jogo de tirar o fôlego. E aqui já temos outro ponto para jogo: os combates não são aquela loucura que vemos em outros jogos onde você fica apertando os botões e girando uma espada descontroladamente enquanto mata dez, vinte ou trinta pessoas ao mesmo tempo. O jogo é realista e inteligente demais para isso: como na vida real, e por mais habilidoso que fôssemos, se tentássemos lutar com mais de duas pessoas, a chance de morrermos será muito grande. Então o melhor a fazer no jogo, que era o melhor a você fazer se vivêssemos na Idade Média era... Correr!

Mesmo no “um contra um”, é preciso ter inteligência e técnica de combate; é preciso estudar os movimentos do inimigo, bem como atacar e defender no momento certo. E aqui o jogo brilha: todos os movimentos, defesa ou ataque, são inspirados em manuais de esgrima medieval de verdade, como como os manuais de Fiori dei Liberi e Hans Talhofer, dotados de ilustrações e instruções. Embora hoje seja impossível entender aqueles movimentos corretamente, pois as descrições foram feitas para aquele contexto, a mera tentativa de emular esses movimentos já merece elogio por parte dos desenvolvedores; afinal de contas, estamos num mundo medieval e isso mostra um grande respeito pela história.

Além disso, temos armas e armaduras que representam fielmente o período em que o jogo se passa: nada de armaduras fantasiosas e espadas mágicas de 10 metros de comprimento. Com esse jogo, temos uma experiência imersiva sem paralelos: aonde quer que o jogador vá, o que quer que ele use ou vista, será algo historicamente correto e muito bem pesquisado. As batalhas épicas são centradas em estratégias reais e plausíveis com as descrições de cronistas medievais como Jean Froissart. Não temos sequer o direito de ficar andando sujos, ou com as roupas e armaduras sujas impunemente: as pessoas não vão nos tratar bem e não vamos conseguir avançar. Isto é outra aula de história, porque limpeza e higiene eram comuns na Idade Média, e não essa nojeira que vemos em filmes e séries por aí, com as pessoas andando com lama na cara e dentes podres pra cima e pra baixo.

E saiba que aqui eu só arranhei a superfície do que é Kingdom Come Deliverance: um jogo que definitivamente qualquer pessoa que ame história precisa se dar a oportunidade de conhecer. Esse jogo merece elogios e reconhecimento por nos fazer aprender, amar e “viver” a história cada vez mais.

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